Pe. Antonio Queiroz
Amou-os até o fim.
Hoje, quinta-feira santa, o Evangelho narra a cena do lava-pés, e a
segunda Leitura narra a instituição da Eucaristia. São os dois fatos principais
que celebramos hoje.
O evangelista João começa a narrar os acontecimentos do tríduo pascal
com as seguintes palavras: Jesus, “tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim”. João vê todos os acontecimentos dos últimos dias de Jesus
na terra como desdobramentos do seu amor por nós; um amor intenso,
incondicional, gratuito e sem limites.
Com o gesto de lavar os pés, Jesus quis mostrar como deve ser o nosso
amor ao próximo; deve ser prático e concretizado no serviço humilde e gratuito
aos que precisam.
“Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.” Lavar os
pés, naquele tempo, era uma necessidade constante, devido à poeira e ao fato de
as pessoas andarem descalço ou de sandálias. Ótimo exemplo escolhido por Jesus
para mostrar que amar é servir, é atender às necessidades do outro, mesmo que
sejam as mais humildes. Na família, quem costumava lavar os pés era a escrava.
Por isso que Pedro estranha a atitude de Jesus. Mais tarde realmente Pedro
entendeu e se tornou um grande servidor da Igreja.
Em outra passagem Jesus explica: “Quem quiser ser o maior entre vós seja
aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de
todos” (Mc 10,43-44)
Quando o mestre da Lei perguntou a Jesus qual é o maior mandamento da
Lei de Deus, Jesus apresenta como exemplo a parábola do bom samaritano que
cuidou do ferido encontrado na estrada (Lc 10,25-37).
No juízo final, as pessoas serão salvas ou condenadas conforme fizeram
ou não fizeram esses gestos práticos de amor: “Vinde, benditos de meu Pai!
Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!
Pois eu estava com fome...” (Mt 25,34ss)
“Religião pura e sem mancha diante do Deus e Pai é esta: assistir os
órfãos e as viúvas em suas dificuldades e guardar-se livre da corrupção do
mundo” (Tg 1,27). “Há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35).
Quem ama quer estar perto da pessoa amada. Jesus nos ama muito, por isso
quis estar pertinho de todos nós na Eucaristia. Em seu poder infinito, ele
conseguiu uma aproximação que nenhum ser humano consegue: entre dentro de cada
um de nós como alimento.
E S. Paulo nos lembra, um pouco antes do texto que está na segunda
Leitura: “O pão que partimos não é a comunhão com o corpo de Cristo? Como há um
único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo” (1Cor 10,16-17).
Assim como o pão surge da união de vários grãos de trigo, a Comunidade cristã é
formada pela união de várias pessoas que comungam.
Conta-se que na Holanda aconteceu um fato interessante: Um dia um menino
estava perto de uma represa e de repente viu que apareceu na barragem um
buraquinho, pelo qual começou a esguichar água. Mais que depressa o garoto foi
lá, enfiou o seu dedinho no buraco e o tampou.
E ele começou a gritar, pedindo socorro. Veio logo uma equipe e consertou
a barragem, salvando a represa. Mas na verdade quem a salvou foi o menino. Os
nossos gestos de amor e de serviço, por pequenos que sejam, podem às vezes
produzir grandes resultados.
Campanha da fraternidade.Uma das maiores dificuldades para a construção
da paz é a desilusão. As pessoas ficam descrentes na possibilidade de superação
dos gigantescos problemas que geram violência, e preferem continuar sofrendo,
ou partir também para a violência. Vale aqui a palavra de Jesus: “Coragem, eu
venci o mundo” (Jo 16,35). Como disse S. Paulo: “A esperança não decepciona”
(Rm 5,5).
Maria Santíssima via-se a si mesma como uma escrava: “Eis aqui a escrava
do Senhor”. Que ela nos ajude a imitar o seu Filho, ajudando com humildade os
nossos irmãos e irmãs.
Amou-os até o fim.
Padre Queiroz
Nenhum comentário:
Postar um comentário