TERÇA - 6 de Maio de 2014 - Evangelho - Jo 6,30-35
Não foi Moisés, mas meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu.
O Evangelho de hoje tem duas partes. 1ª) Referência ao maná. 2ª) Jesus
se revela como o pão do céu.
A história do maná é contada no Livro do Êxodo. O povo hebreu estava
atravessando o deserto e começou a passar fome, pois na região não havia
alimentos. Então Deus lhes mandou o maná. Veja o texto: “Pela manhã, havia uma
camada de orvalho ao redor do acampamento. Quando a camada de orvalho se
evaporou, apareceram pequenos flocos, como cristais de gelo, que eram muito
gostosos de comer. Então Moisés ordenou: ‘Cada um recolha apenas quatro litros
e meio por pessoa, que é o suficiente para um dia’. Os filhos de Israel assim
fizeram. Uns recolhiam mais, outros menos. Quando mediam as quantias, não
sobrava para quem havia recolhido mais, nem faltava para quem havia recolhido
menos. Moisés então lhes disse: ‘Ninguém guarde para o dia seguinte’. Alguns
não deram ouvidos e guardaram. Resultado: No dia seguinte o maná amanheceu com
vermes e apodreceu. Ficou com um mau cheiro tão forte, que ninguém conseguia
ficar dentro da tenda” (Ex 16,13-21).
Por isso que no Pai Nosso rezamos: “O pão nosso de cada dia nos dai
hoje”. Não amanhã, mas apenas hoje. Amanhã será outro dia e Deus providenciará.
Na Igreja Primitiva, alguns cristãos levavam ao pé da letra esta
questão. No fim do dia, as famílias limpavam a dispensa, distribuindo para os
pobres tudo o que sobrou do dia. E, de fato, pelo que se sabe, nenhum deles
passou fome por isso.
“Eu sou o pão da vida.” É a Eucaristia que sustenta a vida cristã, assim
como o alimento sustenta a nossa vida material. Sem a Eucaristia nós vamos
ficando cada vez mais subnutridos na fé e nas boas obras e não conseguimos
vencer as tentações. A pessoa fica como ovelha sem pastor, planta sem água, ou
galho separado do tronco e acaba se afogando num copo d’água. Por outro lado,
quem recebe a Eucaristia produz frutos como árvore à beira d’água; ama como
Jesus amou, pensa como Jesus pensou e vive como Jesus viveu.
O alimento que comemos se transforma em nós. Na Eucaristia acontece o
contrário; ela é mais forte do que nós, por isso nós é que nos transformamos
nela. De tal modo que um dia poderemos dizer com S. Paulo: “Não sou mais eu que
vivo, é Cristo que vive em mim”.
Nós cristãos, que vivemos neste mundo tão complicado, precisamos da
Eucaristia para seguir os mandamentos de Deus.
O pelicano é uma ave aquática, de pescoço longo, que chega a medir três
metros. Dizem que a mãe é tão zelosa pelos filhotes que, não havendo com que
alimentá-los, lhes dá de seu próprio sangue. Por isso, o pelicano é um símbolo
de Jesus eucarístico que, para a nossa felicidade e saúde espiritual, nos serve
o seu próprio corpo e sangue.
Na hora da Consagração, o padre fala: “Eis o mistério da fé”. A
Eucaristia é um mistério de fé porque não vemos nenhum sinal externo de Jesus,
nem no pão nem no vinho consagrados. Apesar disso, nós cremos, como diz o canto
“Deus de amor nós te adoramos”: “No Calvário se escondia tua divindade, mas
aqui também se esconde tua humanidade; creio em ambas e peço, como o bom
ladrão, no teu Reino, eternamente, tua salvação”.
Certa vez, um homem ia viajar, para ficar fora de casa durante uns dois
meses. Ele tinha uma estátua de estimação e não quis deixá-la em casa, porque a
sua casa não era muito segura. Pediu então para um amigo guardá-la em sua casa.
Aconteceu que um dia o amigo se descuidou, a estátua caiu e se quebrou!
E agora? Ele procurou na redondeza um restaurador de estátuas e não encontrou.
Então decidiu ele mesmo restaurar a estátua. Comprou as ferramentas e o
material necessário e restaurou o objeto de arte. Ficou uma beleza. Quem a
conhecia antes não conseguia descobrir onde foi quebrada.
Os vizinhos começaram então a levar estátuas quebradas e objetos de arte
para que ele os restaurasse. As pessoas gostavam tanto do serviço daquele
homem, que ele montou um atelier especializado em restaurações de estátuas e
obras de arte.
Esse homem era um artista e não sabia. Precisou de um acidente para que
ele descobrisse o seu talento. Jesus nos restaurou, e o fez com tanto amor que
quis ficar entre nós para dar constante manutenção, e assim não quebrarmos mais
a imagem de Deus que somos.
Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude, não só a receber a Eucaristia,
mas a ser Eucaristia para o mundo, a exemplo de Jesus.
Não foi Moisés, mas meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu.
Padre Queiroz
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