DIA 21 - SEGUNDA - Evangelho - Mt
28,8-15
Daí-nos, Senhor, coragem para acreditar!
Estamos vivendo a Oitava da Páscoa, e
isso significa que nós celebramos durante oito dias a maior festa e o maior
motivo de alegria de nossa Igreja: a Ressurreição de Jesus. A Páscoa nos é tão
importante que desejamos alongar esse dia tão especial por oito dias, como se
fossem um só!
O Evangelho de hoje nos deixa
estremecidos. Isso porque são as mulheres que primeiro avistam o Ressuscitado.
Para os dias de hoje, essa afirmação pode não nos dizer absolutamente nada, –
um tempo em que as mulheres e os homens são vistos como seres humanos de igual
dignidade. Mas numa sociedade patriarcal como a do Antigo Israel, dizer que as
mulheres viram Jesus Ressuscitado era zombar do mestre que havia morrido há
pouco.
Para que se tivesse uma prova concreta
de que um fato realmente se realizou, naquela época, eram necessárias duas
testemunhas, masculinas – é claro! Várias mulheres poderiam fazer uma acusação,
mas mesmo assim não seriam ouvidas, pois não eram dignas de confiança, – vê-se,
por exemplo, a estória de Susana, no livro de Daniel! (Dn 13). Entretanto,
Jesus vem para confundir os fortes e os ricos, os poderosos e os dominadores. A
sua ressurreição é testificada por mulheres, aquelas que o seguiam quando ele
vivia o seu ministério público.
O cristianismo exige de nós muita
coragem e muita fé para que possamos assumir a ressurreição de Jesus como uma
verdade inegável. Esse momento magnífico em que um homem vence a morte que
atormentava os seres humanos é presenciado por um bando de galileus ignorantes,
que não possuíam grande conhecimento das letras e das escrituras, e por muitas
mulheres, as quais não deviam ser levadas em conta! É exatamente por isso que
as autoridades religiosas da época achavam que os discípulos daquele que morreu
na cruz haviam roubado o seu corpo e espalhado a notícia de que ele estava
vivo.
Os saduceus, grandes sacerdotes da
época, não permitiriam que um bando de pobretões ignorantes, é assim que eram
vistos os seguidores de Jesus, convencessem os judeus de que o crucificado
estava vivo, e no meio deles. Por isso mesmo é que se pagou uma alta soma de
dinheiro aos soldados para que dissessem realmente que o corpo havia sido
roubado, ainda que isso denunciasse a falta de competência dos próprios
soldados em vigiar o túmulo de um “malfeitor”.
Jesus realmente era visto como um
malfeitor, um agitador das multidões, um causador de tumultos e de revoltas
contra a religião oficial de Israel, o Povo Eleito. Esse era o motivo pelo qual
os chefes religiosos queriam apagar da mente da população a memória daquele que
passou fazendo arruaças na ordem estabelecida.
Mas, para os discípulos, Jesus estava
vivo. Jesus deixa ser tocado, abraçado e come com os discípulos. Ele está
realmente vivo e animando a comunidade de discípulos e apóstolos desorientados.
Uma pergunta deve ser feita àqueles que não creem na ressurreição de Jesus: o
que aconteceu para que aqueles discípulos medrosos, que haviam abandonado Jesus
na hora da morte, começassem a pregar as palavras do mestre sem medo de
perderem a própria vida? Pela lógica humana, eles deviam ter se escondido e
enterrado a memória daquele que pensavam ser o Messias; mas não, eles começaram
a gritar e a falar publicamente que aquele crucificado estava vivo!
Mulheres e homens deram a vida para que
nós crêssemos que Jesus está vivo. Eles não inventaram a ressurreição, nem
roubaram o corpo do mestre, que seria um grande desrespeito, na visão deles.
Jesus Ressuscitado muda completamente as nossas vidas. Faz com que nós,
medrosos e indiferentes, sejamos anunciadores do seu projeto de amor, dando-nos
coragem suficiente para doar até mesmo as nossas vidas, de diversas maneiras.
Que essas mulheres destemidas e
audaciosas sejam a inspiração para a nossa vivência cristã: enfrentando todos
os percalços que nós encontrarmos pelo nosso caminho de fé em Jesus Ressuscitado!
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