Padre Queiroz
Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me
verão.
Durante a oitava da Páscoa, a Igreja continua a celebrar a ressurreição
de Jesus, que é a sua maior festa. A oitava é como que o grande domingo
continuado. A ressurreição de Jesus não foi só um momento histórico, mas o
ponto mais alto da história. Toda a história humana, inclusive a morte,
encontra sentido na ressurreição.
O Evangelho de hoje contém dois episódios: O primeiro é a aparição de
Jesus as mulheres e o pedido dele: “Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam
para a Galiléia. Lá eles me verão”. Isso porque foi na Galiléia que Jesus
começou a sua vida pública. Os discípulos devem agora seguir o mesmo caminho
que seguiram com ele, caminho que agora é seguido por todos os discípulos de
todos os tempos e lugares. “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do
mundo”.
A caminhada que Jesus fez com os discípulos em sua vida pública, da
Galiléia, passando pela Samaria até a Judéia, foi uma amostra da nossa
caminhada de cristãos.
Os discípulos estarão sempre reunidos em Comunidade, participarão das
Bodas de Caná, terão longas caminhadas, apaziguarão pessoas, farão o sermão da
montanha... Mas também serão humilhados, incompreendidos e levarão até
bofetadas. Em todas essas situações, o que vale é a perseverança, a fim de
chegar à ressurreição, passando pela cruz.
Alguns discípulos certamente preferiam ficar em Jerusalém, curtindo a
festa com Jesus ressuscitado. Mas ele responde: Não! Vocês também têm de
conquistar a vitória como eu conquistei. Eu lhes dei o exemplo para que façam a
mesma coisa que eu fiz.
Claro que as situações são outras, mas sempre encontramos na vida de
Jesus alguma luz para nos guiar.
O pedido de voltarem para a Galiléia, além do grande motivo apresentado
no sábado santo, é também porque os discípulos são de lá e agora devem
testemunhar a ressurreição de Jesus no seu meio.
Se pegarmos uma caneta e a segurarmos em pé sobre uma mesa, e
encostarmos várias canetas nela, formaremos uma pirâmide de canetas.
Entretanto, se tirarmos a que estamos segurando, todas as outras cairão.
O perigo, na ausência de Jesus fisicamente, é de acontecer algo
semelhante com os seus discípulos. Entretanto, ele garantiu: Vocês não vão
cair, porque eu estarei junto, segurando a barra, até o fim dos tempos. É outra
forma de presença, entretanto mais abrangente em termos de tempo e espaço.
O segundo episódio é o suborno das autoridades aos guarda do túmulo,
pagando-lhes alta soma de dinheiro para dizerem que os discípulos de Jesus
foram durante a noite e roubaram o seu corpo, enquanto eles dormiam. A mentira
é furada porque, se os guardas dormiam, como sabiam que foram os discípulos que
tiraram o corpo? Mentira tem perna curta.
Entretanto, a verdade testemunhada pelos discípulos foi mais forte e
venceu: “Cristo ressuscitou e disto nós somos testemunhas”. A vitalidade da Igreja
é o maior testemunho da ressurreição.
Certa vez, uma senhora muito pobre foi ao açougue e disse ao açougueiro:
“Vim pedir-lhe um pedacinho de carne para fazer uma sopa para o meu marido que
está muito doente. Não posso pagar. Mas, desde já, Deus lhe pague!”
O açougueiro, que costumava zombar dos católicos especialmente das
senhoras que vão muito à igreja, resolveu brincar com ela e disse: “Está bom.
Vou escrever em um papel “Deus lhe pague” e por balança. O que pesar, eu lhe
dou em carne”. Imediatamente escreveu e pôs na balança.
Era daquelas balanças de dois pratos. A mulher ficou triste, achando que
não levaria nada. Mas, por sorte, a abalança travou e, por mais que ele
colocava carne do outro lado, o prato não descia e a balança ficava caída para
o lado do papelzinho.
O homem levou um susto, arrependeu-se da brincadeira, consertou a
balança, e ele, que não costumava ajudar ninguém, deu dois quilos de carne de
primeira para ela.
Com Deus não se brinca! Jesus ressuscitado está vivo no meio de nós, provando
cada dia esta sua presença.
Com certeza, quem mais se alegrou com a ressurreição de Jesus foi a sua
Mãe. Por isso lhe pedimos: Nossa Senhora da Glória, rogai por nós!
Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me
verão.
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