Sexta-feira, 18 de abril de 2014
Sexta-feira da Paixão
Santos do Dia: Ágia de Mons (viúva, monja), Apolônio, o Apologista (mártir de Roma),
Calógero da Bréscia (mártir), Corebe de Messina (mártir), Eleutério (bispo) e
Ântia, sua mãe (mártires), Francisco Régis Clet (lazarista, mártir), Gaudino de
Milão (cardeal), Gebuíno de Lião (bispo), Idesbaldo de Dunes (abade), João de
Janina ou de Épiro (mártir de Constantinopla), João Isauriano (monge),
Laseriano de Leighlin (bispo), Perfeito de Córdova (presbítero, mártir),
Wicterp de Ausburgo (abade, bispo).
Primeira leitura: Isaías 52, 13 –
53,12.
Ele foi ferido por causa de nossos pecados.
Salmo responsorial: 30, 2.6.12-13.15-17.25.
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
Evangelho: João 18, 1 - 19, 42.
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João
Ele foi ferido por causa de nossos pecados.
Salmo responsorial: 30, 2.6.12-13.15-17.25.
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
Evangelho: João 18, 1 - 19, 42.
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João
O quarto poema do servo mostra um personagem paciente e glorificado.
Trata-se da narrativa da paixão, morte e triunfo do personagem, marcada por uma
introdução e epílogo que o autor coloca na boca de Deus.
O conteúdo é claríssimo. Um inocente
que sofre, deixando de lado a doutrina da retribuição que considera o
sofrimento como consequência do pecado, enquanto os culpados são respeitados.
Mais surpreendente ainda é que o humilhado triunfe e que um morto continue
vivendo. O próprio texto proclama que se trata de algo inaudito.
A biografia do servo se apresenta de
uma maneira resumida: nascimento e crescimento, sofrimento e paixão, condenação
e morte, sepultura e glorificação. Os que narram os acontecimentos participam
deles; são transformados e dão conta desta transformação.
Deus confirma a mensagem com um
oráculo. Anula o juízo humano declarando inocente seu servo. Este sofrimento do
inocente servirá para a conversão dos demais. Sua vida, paixão e morte foram
como uma intercessão pelos demais e o Senhor o atendeu. O triunfo do Servo é a realização
do plano do Senhor.
SE depois de ler o texto nos
perguntamos: quem é este personagem que sofre até a morte e continua vivo? A
que lembra? Sem dúvida que a figura se parece a Moisés, ou a Josias, talvez a
Jeconias o desterrado, ou ao profeta Jeremias. Alguns pensam que é o mesmo
servo dos cantos precedentes, outros que o profeta Isaias II, outros o
identificam com o povo judeu ou o pequeno resto. Uma coisa é evidente. Jesus, o
Messias quis modelar sua vida de acordo com o servo de Isaias 53.
Cristo tinha muito clara a idéia que
ele devia sofrer e morrer e estes eram elementos de sua missão redentora. Sua
identificação com o servir de Javé em Mc 14,24 e seus paralelos, sacrificado
por todos, é evidente. O Filho do Homem vem cumprir sua missão de Servo de
Javé. A partir de que momento Jesus se reconheceu como Servo de Javé? A partir
do Batismo (Mc 1,11 par. Is 42,1). Em João também aparece muito a idéia de
identificação de Cristo com o Servo. Então não é uma identificação posterior
que fez a comunidade cristã, mas que é anterior a ela. É possível que o autor
não tenha compreendido a significação completa, total, talvez não tenha pensado
em Cristo, porém sim em um personagem posterior que faria a intercessão total.
O Servo de Javé é uma personalidade
corporativa. É Cristo que age pessoalmente e sua atuação repercute em toda a
comunidade.
Salmo 30 (31): A ti
Senhor me acolho, não fique eu nunca defraudado
Trata-se de um salmo de súplica e uma
ação de graças. Em meio à angústia, o salmista mescla os gritos de socorro com
as pexpressões de confiança porque está seguro de que o Senhor é sua rocha e
sua fortaleza. Esta confiança do salmista no momento da prova nos convida a
evocar em nós esse mesmo sentimento, certos e que Deus escutará nossas
súplicas.
Hebreus 4,14-16;
5,7-9: Deus
o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedec.
O autor da carta aos Hebreus apresenta
Jesus como Sumo Sacerdote, não somente como o responsável do sacrifício como o
era no antigo testamento, mas como o homem cheio de misericórdia, que assumiu
todos os sofrimentos do ser humano até a morte, de tal maneira que se converteu
em modelo para todos os homens. Sua vida esteve sempre condicionada à vontade
do Pai, mesmo em meio ao sofrimento.
A este sumo sacerdote podemos
aproximar-nos com liberdade, sem medo, porque em seu trono abunda a graça e por
sua misericórdia conseguiremos o apoio necessário.
Cristo foi chamado por Deus da mesma
maneira que Arão e segundo a orem de Melquisedec, porém já não para oferecer o
sacrifício e as oblações, porque ele mesmo é a vítima. É um novo tipo de
sacerdote que proporciona a salvação a quantos se aproximam dele e sua grande
tarefa é conduzi-los ao Pai.
Leitura da Paixão:
João 18,1-19,42
A narrativa da paixão, segundo João,
nos apresenta a imagem de Jesus que o evangelista quis forjar através de todo
seu evangelho: um Jesus que é a revelação do Pai, ao mesmo tempo que nele se
revela a plenitude do amor. Ainda pendente da cruz, sua vida e sua morte é uma
vitória, porque “tudo está cumprido”, como era a vontade do Pai.
As orações comunitárias
As orações que a liturgia nos apresenta
expressam os sentimentos que movem a comunidade cristã. A universalidade desta
oração inclui ainda as pessoas que não pertencem à Igreja e que não crêem em
Deus. A morte de Jesus é uma proposta para que todos unidos participemos
realmente da nova historia que surge da cruz vitoriosa.
Reflexão para hoje
A morte foi o grande mistério que
preocupou o ser humano através de toda sua historia. Porque ainda que este
tenha pretendido negar todas as verdades, contudo há uma que sempre o persegue
e nunca conseguiu eliminar: a realidade da morte. Nem sequer os ateus mais
recalcitrantes se atreveram a negar que eles também hão de morrer.
Para o pagão, a morte era uma tragédia;
não tinham idéias clara sobre o mais além, por isso não obstante admitirem uma
existência no além da tumba, dita existência estava rodeada de obscuridade e
enigmas. Além disso, não todos admitiram uma vida depois da morte porque esta
era um desaparecer total, o fim de todas as esperanças, a frustração de todos
os anseios. Os próprios judeus aceitavam a ressurreição, porém a dilatavam até
o fim da historia.
Para os discípulos, a situação era
muito desalentadora; eles esperavam um Messias terreno que ia reviver as
glórias do reinado de Davi e Salomão. Porém, suas ilusões se desvaneceram como
a espuma. Essa sensação de desalento está claramente expressa em um dos
discípulos de Emaús:
Nós esperávamos que fosse ele quem iria
resgatar Israel, porém, já faz três dias desde que sucedeu isto (Lc 24,21).
A morte de Jesus havia sido um
acontecimento trágico; seus inimigos haviam conseguido o que queriam: tirá-lo
do seu meio; os fariseus, porque havia desmascarado sua hipocrisia, os
sacerdotes, porque havia refutado a negação da ressurreição; os ricos porque
lhes havia jogado na cara a injustiça do seu agir; os romanos porque pensaram
que era um sedicioso.
Jesus morreu abandonado por todos; seus
discípulos fugiram, os judeus o desprezavam; o Pai se fez surdo a seu clamor;
essa tarde na cruz pendia o corpo de um injustiçado, condenado pela justiça
humana e rejeitado por seu povo. Parecia que o ódio tivesse vencido sobre o
amor; o poder sobre a divindade de um homem; as trevas sobre a luz; a morte
sobre a vida. Aquela tarde quando as trevas caíram sobre o monte Calvário
parecia que tudo tinha terminado e os inimigos de Jesus podiam por fim
descansar tranquilos.
Porém, eis que no mais profundo dos
acontecimentos, a realidade era diferente. Jesus não era um vencido, mas um
triunfador; não o aprisionava a morte, mas que se havia libertado de seu abraço
mortal; o que parecia uma ignomínia transformou-se em glória; o que muitos
pensavam que era o fim, não era senão o começo de uma nova etapa da historia da
salvação. A cruz deixou de ser um instrumento de tortura, para converter-se em
trono de glória do novo rei e a coroa de espinhos que cingiu sua cabeça é agora
um diadema de honra.
Ao morrer Jesus deu um novo sentido à
morte, à vida, à dor. A pergunta desesperada do homem sobre a morte encontrou
uma resposta. Porém, isto não significa que possamos cruzar os braços e
contentar-nos em ver que a morte de Jesus significou uma mudança na vida da
humanidade. Essa mudança deve manifestar-se em nossa existência porque ele não
aceitou sua morte com a resignação de quem se submete a um destino inexorável,
mas como quem aceita uma missão de Deus.
Porém, essa sua morte condena a
injustiça dos crimes e assassinatos, porém nos pede para fazer algo contra a
injustiça porque não somente condena a exploração dos oprimidos, mas que nos
pede para melhorar sua situação; a morte de Jesus não somente é uma rejeição de
abandono das multidões, mas exige que nos aproximemos ao desvalido.
Sua morte não é somente uma lembrança
que revivemos a cada ano, mas um chamado a melhorar o mundo, a destruir as
estruturas de pecado; a restabelecer as condições de paz, a construir uma
sociedade baseada na concórdia, na colaboração e na justiça.
Jesus continua morrendo em nossos
bairros marginalizados, nos soldados e guerrilheiros que jazem nas selvas, nos
sequestrados e prisioneiros, nos enfermos e nos ignorantes. A nós cabe-nos
fazer que esse grito de desespero que Jesus pronunciou quando disse: “Pai, por
que me abandonaste?” se converta no grito de esperança: “Pai, em tuas mãos
encomendo o meu espírito”
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