SEGUNDA - 5 de Maio de 2014 - Evangelho
- Jo 6,22-29
Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que
permanece até a vida eterna.
Este Evangelho é a introdução ao discurso sobre o pão da vida, que Jesus
fez. Preparando o povo para acreditar que ele tinha realmente poder de dar a
sua carne como comida e o seu sangue como bebida, Jesus faz o milagre da
multiplicação dos pães e depois caminha sobre as águas.
E Jesus reclama do pouco interesse do povo pela Boa Nova, e do demasiado
interesse pelo pão material: “Estais me procurando não porque vistes sinais,
mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento
que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”.
Como sempre acontece com toda multidão, o povo alimentado por Jesus até
à saciedade, com cinco pães e dois peixes, queria um deus de uso e consumo, um
deus que sirva os nossos interesses e necessidades, um deus comercial que
oferece e distribui os seus dons ao capricho do pedido. Este é o deus de muitas
religiões criadas por pessoas humanas, que querem encerrar Deus nos limites dos
ritos e das leis culturais, procurando servir-se da divindade em vez de a
servi-la e adorá-la.
Por isso o povo mereceu essa advertência de Jesus: “Esforçai-vos não
pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”.
E o povo pergunta: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?
Jesus responde: A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. Os
mestres da Lei apresentavam uma série de obras que agradavam a Deus. Jesus
resume: agrada a Deus quem acredita nele, o enviado de Deus. Claro, uma fé
levada à prática, acompanhada do seguimento de Jesus e da prática do seu
Evangelho. A fé não basta para se salvar; mas também não basta o bom
comportamento, é preciso a fé do jeito que Jesus ensinou. As boas obras são
decorrências da fé. Este é o “alimento que permanece até a vida eterna”.
Quando foi tentado no deserto, Jesus falou: “Não só de pão vive o homem,
mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. E em outro lugar ele disse
também: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais
vos será dado por acréscimo”.
Comparando a nossa vida com uma canoa, ela tem dois lemes: de um lado a
fé e do outro as obras. Que não nos esqueçamos de nenhum desses dois lemes,
para que a nossa canoa possa ir para frente e nos levar à vida eterna.
O “alimento que permanece até a vida eterna” é sintetizado por Jesus na
Eucaristia. “Quem come a minha carne tem a vida eterna”.
De fato, o encontro com Jesus transforma a pessoa. Basta ver Maria
Madalena, os discípulos de Emaús, a samaritana, Zaqueu... Na Eucaristia nós nos
encontramos com o mesmo Jesus, com a mesma força que ele tinha naquele tempo.
A transformação que a Eucaristia exerce em nós é lenta, mas eficaz; é
como o fermento na massa. Ela é bem simbolizada naquele pão e água que o
profeta Elias comeu no deserto, e depois teve forças para viajar quarenta dias
e quarenta noites (IRs 19,4-8). O profeta estava sendo perseguido por seus
inimigos, fugiu para o deserto e lá ficou vários dias sem comer nem beber. Aí
ele rezou e Deus o fez dormir. Quando ele acordou, havia ao seu lado um pão e
uma jarra de água. Comeu e bebeu e assim teve forças para continuar a sua
caminhada. Elias representa a nós cristãos que estamos atravessando o deserto
da vida. Como disse Jesus: “Quem come deste pão, jamais terá fome”.
Certa vez, um homem foi internado em um hospital para ser operado das
amígdalas. Ele estava triste, preocupado, nervoso e deprimido, devido ao medo
da cirurgia.
Ao chegar ao quarto, com a sua mala, viu na cama ao lado outro homem
internado. Este percebeu logo o nervosismo do colega e começou a animá-lo
dizendo palavras bonitas de alegria e de esperança.
A certa altura, o recém chegado perguntou a ele: “E você, por que está
aqui?” Ele respondeu: “Amanhã serei operado do coração”.
A Eucaristia é um alimento mais forte do que nós que, ao contrário dos
outros alimentos, nos transforma nele. Quem comunga sempre é capaz de enfrentar
os maiores problemas, sofrimentos e perigos com tranqüilidade, como fez Jesus.
As nossas tristezas e alegrias são bastante subjetivas; mais do que dos fatos
em si, esses sentimentos decorrem da maneira como vemos os fatos.
Maria foi a pessoa humana que mais amou a Jesus. Que ela nos ensine a
amá-lo hoje, presente na Eucaristia.
Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que
permanece até a vida eterna.
Padre Queiroz
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