SÁBADO
DA III SEMANA DA PÁSCOA 10/05/2014
1
LEITURA Atos 9, 31-42
SALMO115
(116), 3
EVANGELHO
João 6, 60-69
O leitor
mais atento vai perceber que nesta semana Jesus insistiu muito na necessidade
da Fé Nele próprio, que é o Filho de Deus descido do céu, uma Fé que requer
intimidade com ele, comendo sua carne e bebendo seu sangue, para ter a Vida
Eterna que ele próprio, revelando-se como alimento que transmite e que dá a
aquele que crê a Vida Eterna, mesmo com todas as limitações humanas. Que essas
afirmações nos debates com os Judeus, acabou transformando-se em provas para a
sua condenação, porque para os Judeus da "gema", para quem a
referência máxima do Deus da Aliança era Moisés, isso era uma blasfêmia,
passível de condenação.
Hoje
alguns discípulos menos preparados também acabam se escandalizando com essa
revelação e a crise está estabelecida na comunidade. Pois estes pensam
exatamente como os Judeus conservadores, Jesus Cristo é bem conceituado entre
eles, como grande profeta enviado por Deus (mas não Deus) homem de grandes
prodígios e de uma sabedoria que causava admiração na comunidade, mas ainda o
conceituavam em um patamar inferior a Moisés, isso é, estavam presos aos laços
da carne e não conheciam outra vida que não fosse a Biológica, onde a grande
bênção de Deus se manifestava na prosperidade material e na descendência,
exatamente como havia prometido a Abraão.
Por
isso, diante da afirmativa de Jesus de "O Espírito é que vivifica, a carne
de nada serve, e que suas palavras são espírito e Vida...." desencadeou-se
uma crise entre eles. Isso se aplica tanto ao grupo dos discípulos, onde a
dificuldade de pensar as coisas de Deus, era muito grande, como também as
comunidades do fim do primeiro século do Cristianismo.
E a
frase que provocou ainda mais a crise foi esta "Ninguém pode vir a mim, se
por meu Pai não for concedido", esse foi o estopim que eclodiu na
comunidade, onde no pensamento judaico, as boas obras aproximavam o homem de
Deus e o justificavam, Deus era estático, o homem é que se move em sua direção.
Jesus havia acabado de dizer que as "boas obras" e a observância de
toda Lei, eram apenas as placas sinalizadoras do Caminho, que era Ele próprio.
A essas alturas do campeonato, muitos fizeram as malas e deixaram a comunidade,
Judas foi o primeiro, atrás dele foram outros da comunidade de João, no
primeiro século da Igreja, e hoje também a toda Hora tem cristão abandonando o
barco, porque não concorda com a Fé proclamada por uma Igreja Cristocêntrica,
institucional e mística, humana e Divina, onde o elo entre Deus e o Homem é a
Eucaristia...quem comer a minha carne e beber do meu sangue permanece em mim e
eu nele...
Diante
da crise estabelecida, Jesus fez o contrário de certas lideranças fajutas, que
não querendo perder ovelhas, abranda o discurso, ameniza a prática cristã, abre
um caminho mais fácil e menos exigente, principalmente em nossos tempos. Mas
Jesus encarou os que ficaram, e em vez de parabenizá-los e rasgar elogios por
não terem abandonado a comunidade, endureceu ainda mais o "jogo"
" Quereis vós também retirar-vos? " ou seja, para quem não aceitar
esta verdade, vivendo o cristianismo do jeito que ele é, a porta da rua é a
serventia da casa....
E nesta
hora é belíssimo de Pedro, que não era nenhum super apóstolo, tinha muitas
limitações, mas em seu coração professava uma Fé descomunal em Jesus, porque o
Via como o próprio Deus "Senhor, a quem iremos se só tu tens palavras de
Vida Eterna".....Talvez muita gente competente e intelectual, gente
importante que poderia fazer a diferença na comunidade, a tenha abandonado, os
que ficaram são simples mas fervorosos, pois em nossas comunidades o que vale é
a Fé em Jesus Cristo, e não o brilho das pessoas, ou seu status, poder ou
prestígio. Uma Fé assim, uma igreja assim, um Jesus Cristo assim, Real e
Verdadeiro como João nos apresenta, é PEGAR ou LARGAR...não tem meio termo ou
mais ou menos....
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