22- de Junho -Segunda - Evangelho - Mt 7,1-5
A partir do capítulo 7 de S. Mateus, que hoje
começamos a ver, o discurso da montanha parece tomar uma nova profundidade,
orientado mais em particular para os discípulos, isto é, para os membros da
comunidade cristã de Mateus e de todos os tempos.
O contraste exagerado entre o cisco no olho alheio e a trave no
próprio pode refletir um provérbio popular de então, a rápida observação das
faltas dos outros, em contraste com a tolerância das faltas do próprio caráter,
é tema comum em todos os povos e línguas. E por isso, os homens ao longo dos
tempos foram compondo provérbios que iluminam claramente as suas culturas e
tradições.
No provérbio de hoje Jesus pretende chamar a atenção dos seus
discípulos para um perigo que os cerca: o perigo de se considerarem perfeitos e
superiores e por isso se separarem dos outros, como fariseus. O significado da
palavra fariseu é separado.
O sentido que tem aqui o verbo julgar não
é simplesmente fazer-se uma opinião, algo que dificilmente poderemos evitar,
mas julgar duramente, ou seja, condenar os outros, como se diz na passagem
paralela de S. Lucas: Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis
e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados (6, 37).
O julgamento pertence a Deus e não a nós, porque só Deus conhece a
fundo o coração do homem. Constituir-se em juiz dos outros é uma ousadia
irresponsável, é tomar o lugar de Deus. Deus nos aceita e ama todos tal como
somos, e olha-nos com amor de Pai que dissimula as faltas dos seus filhos, a
quem vê através do seu próprio Filho, Cristo.
Se, anteriormente, ao longo do discurso da montanha, Jesus falou do
perdão das ofensas e do amor inclusivamente ao inimigo, para tentar
aproximar-nos ao menos um pouco da perfeição de Deus, agora está apontando à
imitação da sua misericórdia. Como diz o livro da Sabedoria, Deus compadece-se
de todos corrige os que caem para que se convertam e acreditem n’Ele.
À medida que usarmos com os outros, usá-la-ão conosco. Isso não
quer dizer que Deus – a quem não se menciona no texto por respeito – nos
julgará com a nossa medida injusta e impiedosa. Esse não é o seu modo de proceder.
Certamente, quem age assim com os outros, expõe-se a um julgamento mais severo
para si mesmo.
Deus teria, digamos, duas medidas para o seu julgamento: uma de
justiça, outra de misericórdia. Ele medir-nos-á com aquela que nós utilizarmos,
nesta vida, com os irmãos. É a mesma lição da parábola do devedor insolvente
que é perdoado e não perdoa, ou a contida petição do Pai-nosso: perdoa as
nossas ofensas… O que condena o irmão auto-exclui-se do perdão de Deus e cai
sob a jurisdição da lei, que não deixará de acusá-lo e condenar como imperfeito
que é.
Todos somos imperfeitos, tanto e mais que os outros, ainda que,
julgando-os com superioridade, os desprezemos. Tal atitude, desprovida de amor,
provém da nossa própria cegueira que nos impede de ver os nossos defeitos.
Manter a conscientemente tal postura é hipocrisia astuta, cujo modelo no
evangelho são escribas e fariseus.
É muito velho o costume de criticar os outros. Assim, pensamos
justificar-nos a nós como melhores. Mas, a experiência demonstra que os mais
críticos, os que julgam ser perfeitos, saber tudo e ter a melhor solução para
qualquer problema, costumam ser os que menos fazem e levam aos outros.
Um olhar no espelho, uma vista de olhos à nossa pequenez e
insignificância, à nossa “trave” no olho, minimizará sem dúvida as falhas dos
outros, e far-nos-á mais tolerantes e acolhedores, pensando que os outros
também têm que suportar-nos a nós. Conhecer as nossas próprias limitações,
admiti-las e aceitá-las ensinar-nos-á, a saber, estar e viver com os outros.
Assim, caminharemos em verdade e simplicidade, com ânimo de fraternidade,
tolerância e compreensão para com os outros sem os condenar.
Se Deus é otimista a respeito do homem e o ama apesar de tudo, o
discípulo de Cristo há-de fazer o mesmo em relação aos seus irmãos. Este é um
caminho mais seguro para a realização e a felicidade pessoal do que o engano da
presunção.
Meu irmão, minha irmã, nós não temos o direito de
julgar, ao menos que tiremos primeiro a trave que está no nosso olho. Ou seja,
se eu sou um exemplo, no caso tenho todo direito de julgar, mas através da
Escritura, logo, se eu sou um homem integro diante de Deus no que concerne a
alguma prática, seja ela confessional, doutrinária, ou moral, tenho duas
ferramentas em mãos e que contribuem entre si para o julgamento Cristão;
Primeiro: O fato que a Escritura Sagrada condena expressamente determinada
prática, e em segundo, eu sou um homem que não pratico tais coisas, e
assim, a trave do meu olho já foi tirada, e se eu tirei a
trave do meu olho, tenho todo o argumento para tirar o argueiro do olho do
meu irmão.
Pai, livra-me de julgar meus semelhantes de maneira severa e
impiedosa. Que eu seja misericordioso com eles, assim como és misericordioso
comigo.
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