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domingo, 28 de junho de 2015

Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados-Dehonianos

Lectio
Primeira leitura: Génesis 22, 1-19
Naqueles dias, 1após estas ocorrências, Deus pôs Abraão à prova e chamou-o: «Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 2Deus disse: «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à região de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar.» 3No dia seguinte de manhã, Abraão aparelhou o jumento, tomou consigo dois servos e o seu filho Isaac, partiu lenha para o holocausto e pôs-se a caminho para o lugar que Deus lhe tinha indicado. 4Ao terceiro dia, erguendo os olhos, viu à distância aquele lugar. 5Disse então aos servos: «Ficai aqui com o jumento; eu e o menino vamos até além, para adorarmos; depois, voltaremos para junto de vós.» 6Abraão apanhou a lenha destinada ao holocausto, entregou-a ao seu filho Isaac e, levando na mão o fogo e o cutelo, seguiram os dois juntos. 7Isaac disse a Abraão, seu pai: «Meu pai!» E ele respondeu: «Que queres, meu filho?» Isaac prosseguiu: «Levamos fogo e lenha, mas onde está a vítima para o holocausto?» 8Abraão respondeu: «Deus proverá quanto à vítima para o holocausto, meu filho.» E os dois prosseguiram juntos. 9Chegados ao sítio que Deus indicara, Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha. 10Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo, para degolar o filho. 11Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do céu: «Abraão! Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 12O mensageiro disse: «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho.» 13Erguendo Abraão os olhos, viu então um carneiro preso pelos chifres a um silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em substituição do seu filho. l 14Abraão chamou a este lugar: «O Senhor providenciará»; e dele ainda hoje se diz: «Na montanha, o Senhor providenciará.» 15O mensageiro do Senhor chamou Abraão do céu, pela segunda vez, 16e disse-lhe: «Juro por mim mesmo, declara o Senhor, que, por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, 17abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Os teus descendentes apoderar-se-ão das cidades dos seus inimigos. 18E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência, porque obedeceste à minha voz.» 19Abraão voltou para junto dos servos, e regressaram juntos a Bercheba, onde Abraão fixou residência.
O relato do sacrifício de Isaac, uma obra-prima da arte narrativa da Bíblia, engloba diversos pontos fortes, amplamente sobrepostos: prova da fé de Abraão, rejeição do sacrifício humano, promessa de descendência, terra e bênção, fio condutor das tradições patriarcais. Para além de tudo isso, estamos diante de uma página sempre viva, actual e envolvente. Antes de mais, é preciso dar-nos conta de que estamos perante uma provação pela qual Deus experimenta a fé e a obediência de Abraão, que prontamente responde «Aqui estou!» e toma o filho muito amado para cumprir a paradoxal exigência de Deus. O autor sagrado manifesta grande habilidade ao descrever, com poucas pinceladas, uma cena altamente dramática, sem falar directamente dos sentimentos dos intervenientes. Abraão caminha durante três dias; a sua obediência foi demoradamente experimentada. A tradição judaica sublinha o «atamento» de Isaac, que voluntariamente se dispõe para o sacrifício. A tradição cristã sempre viu, na imolação de Isaac, a figura do sacrifício de Cristo na cruz. Tem particular importância nos versículos 13s. o verbo “ver”, que nos permite concluir que Deus “se faz ver” quando “vê” o coração do homem que O procura, depois da noite escura da fé, e chega à conclusão de que Deus sempre “pró-vê”. A intervenção do anjo, que evita a consumação do sacrifício, confirma Isaac como filho da fé, que abre à descendência da promessa.

Evangelho: Mateus 9, 1-8
Naquele tempo, 1Jesus subiu para um barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade. 2Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados.» 3Alguns doutores da Lei disseram consigo: «Este homem blasfema.» 4Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações? 5Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados te são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? 6Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados - disse Ele ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa.» 7E ele, levantando-se, foi para sua casa. 8Ao ver isto, a multidão ficou dominada pelo temor e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
A cura do paralítico é-nos contada pelos três Sinópticos. Como em outros casos, também aqui Marcos está por detrás dos relatos de Mateus e de Lucas. Mateus, mais uma vez, estiliza a cena, reduzindo-a ao essencial. A chave para descobrirmos a intenção do evangelista está nas palavras: «Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados» (v. 2). Jesus tem poder para perdoar os pecados. A cura do paralítico prova-o. Mas Jesus dá outra prova desse poder: sabe o que os escribas estavam a pensar, sem que ninguém lho tivesse dito. Por conseguinte, Jesus tem um poder sobre-humano, sobrenatural, concedido pelo Espírito. E assim se revela a sua dignidade única e se justifica o seu poder único, que Lhe permite perdoar pecados. A multidão compreende e dá glória a Deus «por ter dado tal poder aos homens» (v. 8).
O poder Jesus para perdoar pecados foi comunicado à Igreja e, dentro da Igreja, aos homens escolhidos por Ele para desempenharem directamente a missão do perdão. O poder de perdoar os pecados é inseparável da pessoa de Jesus e da sua Igreja.

Meditatio
A primeira leitura é uma das páginas mais impressionantes da Bíblia. Fala-nos do sacrifício de Abraão. Deus pede-lhe uma coisa terrível: «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai… oferecê-lo em holocausto» (v. 3). Abraão obedece. Não recusa o pedido de Deus, não tenta negociar. Dispõe-se a imolar Isaac no alto do Moriá. Sabe que o sacrifício é um acto de união com Deus, e sabe que esse acto é mais de Deus que do homem, porque só Deus pode santificar. O que é oferecido em sacrifício é santificado. Por isso, parte. Não sabe o que o espera, que solução terá Deus para cumprir as suas promessas. Mas parte, abandonando-se aos desígnios do Altíssimo. «Caminha na fé», como dirá o autor da Carta aos Hebreus (Heb 11, 19). Um sacrifício é sempre ressurreição, porque é acção divina. Se fosse apenas acção do homem, seria destruição. Mas é acção de Deus! 
O diálogo entre Abraão e Isaac é muito belo e comovente: «Isaac disse a Abraão, seu pai: «Meu pai!» E ele respondeu: «Que queres, meu filho?» Isaac prosseguiu: «Levamos fogo e lenha, mas onde está a vítima para o holocausto? v. 7). A narrativa diz que o cordeiro é ele. Mas Isaac não sabe disso. Por isso, pergunta ao pai pelo cordeiro. Abraão responde: «Deus proverá quanto à vítima para o holocausto, meu filho» (v. 8. Abraão não está a fugir à questão porque, na verdade, nem ele sabe onde está o cordeiro. Faz o que julga dever fazer para cumprir a ordem de Deus. Mas intui que Deus irá fazer alguma coisa para que apareça o cordeiro para o sacrifício. A fé e a confiança de Abraão são recompensadas. No momento supremo, Deus grita: «Abraão! Abraão!» … «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho» (vv. 11-12). Isaac é poupado e, em seu lugar, é imolado «um carneiro preso pelos chifres a um silvado» (v. 13). Depois disto: «O mensageiro do Senhor chamou Abraão do céu, pela segunda vez, e disse-lhe: …por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, abençoar-te-ei… E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência, porque obedeceste à minha voz» (vv. 15-17).
Sabemos, agora, que esta página é profecia do sacrifício de Jesus, que, na verdade, Deus proveu o cordeiro para o holocausto. O cordeiro não é Isaac, nem o carneiro, é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo e de que fala o Evangelho. Em Isaac, carregado com a lenha para o sacrifício, vemos Cristo carregando a sua Cruz para o Calvário, onde vai ser oferecido em sacrifico pelo próprio Pai: «Deus não poupou o seu próprio Filho, mas entregou-o por todos nós», escreve Paulo aos Romanos (Rm 8, 32). O único sacrifício agradável ao Pai é o de Jesus, o grande dom do mesmo Pai aos homens. Para estarmos em comunhão com Deus, havemos de unir-nos ao sacrifício de Cristo, pela oblação de tudo o que somos, vivemos e fazemos.

Oratio
Pai santo, nós Te bendizemos, porque, em Cristo, nos chamas à comunhão contigo e nos tornas participantes na obra da salvação. Nós Te oferecemos a nossa vida para que, no teu Filho, se torne sacrifício que purifique o mundo do pecado. Nós Te apresentamos a nossa pobreza, para que, unida à dos irmãos, nos obtenha a plenitude da tua misericórdia. Transforma-nos pela força do Espírito e torna-nos homens de justiça e de paz, a fim de que todos creiam no teu amor e cheguem à plenitude do Reino. Amen.

Contemplatio
Jesus substituiu-se a todas as vítimas da Antiga Lei e a todas as intenções das almas cristãs até ao fim do mundo, para adorar e agradecer ao seu Pai. Fazia do mesmo modo com todas as reparações e com todas as orações. Oferecia-as no seu Coração, mudava a sua matéria grosseira em ouro puro. Dir-se-ia em linguagem comercial que valorizou todos os nossos sacrifícios de adoração, de acção de graças, de reparação e de orações. Com um simbolismo tocante, Deus, que tinha pedido o sacrifício de Isaac, aceitou depois um carneiro em troca; Deus que tinha pedido o sacrifício de todos os primogénitos, aceitou em troca um cordeiro ou duas pombas. No que se refere a Jesus, aceita apenas somente o resgate temporário e aparente, e a vítima começa a imolar-se na humildade, na obediência e no trabalho, aguardando os grandes dias da sua paixão e da sua morte. Ó Jesus, que emoção deve ter sido a do vosso coração de criança lá no Templo junto dos diversos altares, sobre a pedra tradicional do sacrifício de Abraão no lugar onde tantos milhões de cordeiros figurativos foram feridos no coração pela espada! Santa vítima, fazei de mim um verdadeiro oblato do vosso Coração, uma vítima de reparação e de amor no cumprimento quotidiano da minha regra e da vossa vontade. (Leão Dehon, OSP 3, p. 125s.).

Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Aqui estou!» (Gn 22, 1).


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