QUINTA FEIRA DA XII SEMANA DO TC 25/06/2015
1ª Leitura Gênesis 16, 1-12
Salmo 105/106 “Louvai o Senhor porque ele é bom”
Evangelho Mateus 7, 21-29
A PERIGOSA FÉ DAS APARÊNCIAS
Nada mais frustrante nesta vida do que quando uma pessoa nos
decepciona, porque aparentava ser uma coisa e era outra. Isso é algo que pode
ocorrer na vida conjugal-familiar, no âmbito profissional, comércio, negócios,
no mundo da política, esportes e nas artes em geral, as pessoas vendem uma
imagem que nos cativa e depois um dia se revelam realmente quem são. Pais que
se desencantam com os filhos, maridos que se frustram com as esposas, esposas
com os maridos, amizades sinceras que de repente se rompem, sociedades sólidas
que acabam de maneira inesperada, sonhos que se desmoronam, belos projetos que
se acabam da noite para o dia, ideais nobres que se banalizam, crentes que
perdem a fé, cristãos que abandonam suas igrejas, amores que se vão. Enfim, do
ser humano pode se esperar tudo, pois o homem nem sempre é aquilo que aparenta
ser.
Jesus neste evangelho de São Mateus ensina que a nossa relação com
Deus não pode ser apenas de aparência, mas tem que estar bem enraizada em
nossas entranhas, como dizia Moisés ao seu povo, que a lei de Deus deverá ser
escrita no coração, no mais profundo do ser humano.
A primeira interpretação desse evangelho nos leva a pensar que
Jesus está falando da necessidade de termos uma fé bem consistente, para que
possamos “aguentar firme” os trancos da vida, os problemas, os maus momentos,
as tribulações, as crises e tudo mais que possa nos desestabilizar, mas será
que a nossa fé é apenas isso: um amortecedor para diminuir o impacto das
revezes dessa vida? Será que crer, significa apenas ter em nós uma força
misteriosa que neutraliza a natureza humana dos impactos inesperados desta
vida? Parece que não!
O catecismo da Igreja define o ato de crer, como uma resposta do
homem a Deus que o convida à uma comunhão de vida, “pela Fé” o homem submete
completamente sua inteligência e sua vontade a Deus. Com todo o seu ser, o
homem dá seu assentimento ao Deus Revelador. A Sagrada Escritura denomina
“obediência da Fé” esta resposta do homem ao Deus que se revela, que não pode
se resumir a uma bela expressão verbal, ou em uma aparência religiosa, para
convencer o próximo de que se pertence a Cristo e tudo se faz em nome dele, mas
sim em ouvir a palavra de Deus e colocá-lo em prática.
Há muitos que se iludem, achando que para ter fé, basta ouvir a
Palavra de Deus de vez em quando, em meio a tantos compromissos quando na
verdade é fazer tudo a partir da palavra. Nas Bodas de Cana, Maria disse aos
que serviam “Fazei tudo o que ele disser”. Portanto, é “Tudo” e não um ou outro
texto mais tocante para nós. Vida e Palavra têm de estar sempre juntas, pois a
palavra de Deus em nossa vida não pode ser apenas uma decoração na parede, mas
sim o alicerce, a rocha de sustentação.
Por isso não basta dizer “Senhor...Senhor!” para se entrar no reino
de Deus, mas colocar toda nossa vida nas mãos do nosso Senhor, cuja vontade tem
que ser para nós soberana, como foi a vontade do Pai na vida de Jesus. Senhor
significa “Nosso Dono”, no sentido estrito de submissão.
Haverá um dia em que toda humanidade estará diante de Deus, quando
o seu reino tornar-se visível e todo o mistério de Deus e do homem for então
revelado. Esse dia será desolador para quem edificou sua vida sobre a mentira,
pois não irá resistir ao impacto da Verdade de Deus, e a casa irá cair... Convicções,
princípios e ideologias humanas, que não estiverem em sintonia com o projeto de
Deus, irão sucumbir para sempre, e todos os que alimentaram o mal oculto em seu
coração, irão se sentir envergonhados e desmascarados. “Não vos conheço,
afastai-vos de mim”!
Mas os que construíram sua vida e sua razão de ser em Jesus Cristo,
caminho, verdade e vida, cujos atos coerentes revelaram o ser cristão em todos
os momentos e ocasiões, estes ao contrário, se alegrarão com a Verdade, pois
serão confirmados na regeneração, com a ressurreição prometida e preparada para
os justos desde toda eternidade.
Perguntemo-nos então, se a nossa casa, isso é, a nossa vida em
todas as suas dimensões, mesmo aquelas mais ocultas e inacessíveis para os
homens, está solidamente construída sobre a rocha firme que é Jesus Cristo, ou
se a nossa casa, apesar de aparentar tão bela, foi construída sobre a areia.
Nesse caso, ainda dá tempo de demolir e fazer outra fundação, com uma conversão
sincera e profunda, e assim, iremos não só resistir à Verdade de Deus, como também
experimentaremos uma incontida alegria
diante dela, quando chegar o grande dia.(Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim SP – Email cruzsm@uol.com.br )
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