SÁBADO DA 12ª SEMANA DO TC 27/06/2015
1ª Leitura Gênesis 18, 1-15
Salmo Lucas 1,54 “Acolheu a Israel, seu servo, lembrando da sua
misericórdia”
Evangelho Mateus 8, 5-17
“Um exemplo de Fé, que não veio da Comunidade...”
Há dois anos, acompanhei o meu pároco em visita ao Hospital, levando a imagem
peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que todos os anos visita a nossa cidade.
Fomos escoltados por uma viatura da PM e ao chegar no Hospital, o Sargento que
estava na viatura aproximou-se do Padre e pediu para tirar uma foto com a
imagem e que também queria uma bênção sobre ele.
Achei interessante porque na sua profissão de policial graduado,
certamente atua com rigor com os marginais, demonstra ser alguém firme, e até
insensível, que só crê no poder que exerce na sociedade entretanto, na hora da
bênção, tendo nas mãos a imagem de Nossa Senhora, eu o vi derramando lágrimas,
emocionando até mesmo os seus dois comandados. Mas logo depois voltou a ser o
sargento rigoroso e disciplinado, orientando o trânsito e abrindo espaço para
passarmos em meio a centenas de pessoas que ali estavam mais á nossa frente á
entrada do Hospital.
Associei esse episódio ao evangelho de hoje. Com certeza os
discípulos de Jesus não “morriam de amores” pelos oficiais romanos, afinal,
eles representavam o poder institucional, talvez até pensassem em alguma represália
quando o viram aproximar-se de Jesus, mas naquele dia ele não estava a serviço,
embora estivesse fardado. E o homem que
comandava Cem soldados SUPLICOU a Jesus, por um servo que estava enfermo. Ele
não pertencia á comunidade Israelita, nada conhecia das promessas dos Profetas
ou das Leis de Moisés. Era apenas alguém a serviço do Sistema, mas...tinha um
coração aberto e disponível ao dom da Fé e reconhece algo especial em Jesus de
Nazaré, diferente dos líderes religiosos que tinham o coração fechado ao
transcendente.
Por causa disso, sua relação com o próximo é diferente, vem
suplicar a Jesus pelo seu servo, alguém que está a seu serviço e que se
encontra gravemente enfermo e paralítico em uma cama. Jesus vê tudo isso
naquele Centurião Romano e corresponde com generosidade “Eu irei e o curarei”.
E aqui mais uma surpresa para todos... Ir á casa de um oficial certamente era
algo que dava status, afinal, ele era alguém importante. Mas o Centurião
inverte esse quadro, considera-se indigno da Graça que está para alcançar, não
é da comunidade, nãop frequenta o tempo ou a sinagoga, não oferta o dízimo e
nem é piedoso. Sente-=se pequeno diante daquele que seu coração descobriu e
experimentou, aquele que tudo pode....e manifesta mais uma vez a sua Fé autêntica,
desprovida de qualquer merecimento, porque se trata de um dom
“Senhor, não sou digno que entreis em minha casa, mas dizei uma só
palavra e meu servo ficará curado”. E o
seu testemunho de Fé foi exaltado por Jesus que o contrapõe a Israel e suas
tradições patriarcais. E a Igreja, Sábia Mestra, adotou essas palavras para nos
colocar diante da Grandeza de um Deus que se rebaixa diante do Homem na
Eucaristia, “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizeis
uma só palavra e minha alma será salva”. Esse é o canto do Centurião, que
perpassa já três milênios de história, na boca dos que creem mas sabem que a Fé
é dom, dado com a Graça imerecida.....
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