NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA 24/06/2015
1ª Leitura Isaias 49, 1-6
Salmo 138 (139) “Sede
bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso”
2ª Leitura Atos 13, 22-26
Evangelho Lucas 1, 57-66.80”
“COMPLETOU-SE O TEMPO...”
Nossa vida de fé é marcada por muitas promessas, a primeira delas
no Batismo, quando pais e padrinhos, falando por nós prometem e se comprometem
em professar uma fé viva, capaz de um testemunho autêntico diante do filho ou
do afilhado, e na unção crismal prometemos acolher em nossa vida o dom do
Espírito Santo e deixarmo-nos conduzir por ele.
O “amém” ao receber a Eucaristia não deixa de ser também uma
promessa, de viver sempre em comunhão com Jesus, e nos sacramentos da ordem ou
do Matrimônio, prometemos viver um amor total de entrega e doação à Santa
Igreja, ou um ao outro, na vida conjugal. Fazemos muitas promessas diante de
Deus, antes de receber o sinal sacramental e sabemos muito bem, que por causa
dos nossos pecados, muitas vezes quebramos promessas sagradas, quando acontecem
as separações, o abandono da comunidade ou de uma vocação religiosa.
Não é de hoje que o homem não cumpre suas promessas diante de Deus,
à Bíblia está repleta de relatos onde as pessoas, e próprio povo descumpriu
algo prometido diante de Deus. Entretanto, não encontramos uma só palavra ou
frase, no antigo ou no novo testamento, onde afirme que Deus deixou de cumprir
alguma de suas promessas, feitas para o homem.
A natividade de João Batista, único santo que no calendário da
Igreja, tem comemorado o seu nascimento, se reveste de fundamental importância
na história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre o tempo
chamado das promessas, e o tempo do cumprimento das mesmas.
Há na religiosidade do povo brasileiro uma prática que a
modernidade não conseguiu matar: a de fazer promessas! Todas as promessas são
feitas para Deus, mas com a intercessão dos santos. A história da Salvação teve
início com uma promessa, feita pelo próprio Deus. Ele prometeu através de
líderes como Moisés, dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, dos profetas e demais
homens e mulheres de Deus.
“Terminou para Isabel o tempo da gravidez e ela deu a luz um
filho...”. Este não é um nascimento qualquer de um israelita, Lucas faz questão
de salientar que se completou o tempo de gestação, o tempo de espera, e o útero
de Isabel, antes estéril e incapaz de gerar vida, tocado por Deus torna-se
fértil, simbolizando de repente o coração de todo um povo, cansado de sofrer,
de andar por caminhos errados, por atalhos que só levavam à morte, guiados por
falsos líderes, toda a esperança que este povo guardava no coração nas
promessas de Deus, irrompe agora como um lençol dágua que fura a rocha e flui à
flor da terra, para saciar os sedentos de esperança e de vida nova.
João Batista é a resposta de Deus aos anseios do povo, após um
silêncio de quase três séculos! Inspirados por Deus, todos os profetas haviam
falado deste tempo novo, para consolar e fortalecer um povo desiludido,
desmotivado, esmorecido e sem esperança, certamente esses profetas foram tidos
como loucos, sonhadores, fantasiosos, mas muitos guardaram no coração essas
promessas, e souberam transmiti-las de geração em geração, sem deixar morrer a
esperança, o próprio Zacarias, sacerdote do templo e pai de João Batista, faz
parte deste povo que espera, seu nome significa “Deus se recordou”.
A sua súbita mudez, longe de ser um castigo, é prenúncio do tempo
feliz que com ele irá se iniciar, e ao apresentar a criança no templo, para ser
circuncidado como era costume, ele confirma o nome de “João” que significa
“Aquele que anuncia” e recuperando a voz, glorifica a Deus que visitou o seu
povo.
Que significado tem, para nós cristãos, a celebração do nascimento
de João Batista neste 24 de Junho? Se ficarmos apenas na popularidade e nos
festejos joaninos típicos desta data, iremos nos divertir muito, mas certamente
não iremos aprender nenhuma lição.
O nosso povo, tanto quanto aquele povo de Israel, em meio aos
sofrimentos físicos e morais, também têm guardado no coração essa esperança, de
que um dia o bem supremo irá triunfar sobre as forças do mal, é verdade que
conforme os dias vão passando, as vezes o desânimo vai tomando conta do coração
de muitos que perderam a crença em Deus, no amor e na própria vida, são certas
promessas mirabolantes que nunca se realizam, são líderes charlatães que
iludem, enganam, roubam. São lideranças religiosas que não cumprem e nem honram
seu papel de ministros de Deus, criando uma religião fantasiosa, que explora e
cria tantas ilusões.
João vislumbra algo que ninguém tinha ainda vislumbrado: que o
reino já estava no meio dos homens, na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré.
Anuncia a necessidade de uma mudança de mentalidade e de coração, para acolher
este reino novo, que não se fundamenta em mentiras e fantasias, mas na Verdade
que é Jesus Cristo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Olhando para a origem de João, seu nascimento e a missão de
precursor do Messias, que Deus lhe confiou, podemos refletir sobre tais
acontecimentos à luz do evangelho, e mais do que refletir, já está na hora de
vivermos esse evangelho, que fala de um tempo novo, de um reino que já está
entre nós e que consegue restituir ao coração humano toda essa Esperança que é
Jesus de Nazaré, pois como João Batista, todos nós nascemos para ser os
portadores e anunciadores dessa Boa Nova, ao homem descrente deste terceiro
milênio.
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