05- de julho- DOMINGO - Evangelho - Mc 6,1-6
O evangelista Marcos narra que Jesus foi para “sua
própria terra”, isto é, para sua cidade de origem, a cidade de sua família,
Nazaré. O fato de os seus discípulos o acompanharem indica que não é apenas uma
visita familiar, mas também uma visita já em vista do anúncio de sua Boa-Nova.
Neste Evangelho, esta é a terceira e última vez que Jesus aparece no espaço
simbólico da sinagoga, e todas as ocasiões em clima de contestação e conflito
com os chefes religiosos e sua doutrina. Jesus, exercendo seu ministério na
Galiléia e nos territórios gentílicos vizinhos, abandona a sinagoga e tem a
“casa” como centro de irradiação da missão. Os que ouviam Jesus
“maravilhavam-se”
com o que dizia, mas o rejeitaram. E Jesus
“espantava-se” com a incredulidade deles. “Não é ele o carpinteiro?” diziam,
com desprezo. Faltava-lhes a fé. A sentença “Um profeta só não é valorizado na
sua própria terra” é um patrimônio da cultura antiga, sendo citada em
documentos do Antigo Egito. Como palavra de Jesus, exprime sua rejeição pelos
freqüentadores da sinagoga e por seus familiares. A mensagem central deste
episódio é o distanciamento de Jesus em relação às tradicionais estruturas
sociorreligiosas de culto e parentesco do judaísmo. Este se afirmava como povo
divinamente eleito a partir dos vínculos carnais de consangüinidade, provados
por genealogias, com a ascendência abraâmica, e na obediência à Lei de Moisés.
Afastando-se das sinagogas, Jesus exerce seu ministério percorrendo os povoados
da Galiléia e regiões vizinhas, ensinando. Com ele, o espaço do encontro com
Deus é a casa, onde se reúne a comunidade; e a família fica caracterizada pela
união em torno do cumprimento da vontade do Pai. Percebe-se bem como os
Evangelhos deixam transparecer a dificuldade que aqueles que conviveram com
Jesus tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus? Durante cerca de
trinta anos ele viveu com a família, na Galiléia, sem nada excepcional que
chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em
comunicação com todos, certamente de maneira humilde, digna e com amor. É a
condição humana, na simplicidade do dia-a-dia, que é valorizada pelo Pai e que,
em tudo o que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua
vida eterna.
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