02- de julho- Quinta - Evangelho - Mt 9,1-8
Sacerdote, instrumento do perdão de Jesus
aos homens
A cura do paralítico nos é contada também
pelos evangelistas Marcos (2,1-12) e Lucas (5,17-26). O primeiro apresenta a
história do paralítico com mais particularidades, nos diz que os portadores do
leito – sobre o qual jazia o paralítico – não conseguiam apresentar o doente a
Jesus por causa da multidão.
São
particularidades que não pertencem à história em si, mas ao modo de
apresentá-la. Na sua versão, Mateus estiliza a cena reduzindo-a ao essencial,
omitindo todas as particularidades. A chave para descobrir a intenção de Mateus
está nas palavras de Jesus: Vendo a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: “Meu filho,
coragem! Teus pecados te são perdoados”.
Neste
texto, o apóstolo [Mateus] quer afirmar que Jesus tem o poder de perdoar os
pecados. A cura do paralítico comprova esse poder. Além de ter o poder de
perdoar os pecados, o Senhor demonstra ter um poder mais forte, que é aquele de
penetrar os pensamentos dos escribas, sem que alguém lhe contasse nada,
dizendo-lhes: Por que
pensais mal em vossos corações?
Por sua
vez, Cristo possui um conhecimento sobre-humano, sobrenatural, doado a Ele pelo
Espírito Santo. Em outros momentos o Senhor dirá: Vocês veem as aparências. Eu vejo o coração. Este conhecimento sobrenatural de Jesus
demonstra que Ele tem também uma dignidade única e que justifica o Seu poder
também único, aquele de perdoar os pecados.
Quando
Jesus demonstra que tem poder sobre o pecado, o paralítico passa em segundo
plano, como se não interessasse mais o paralítico curado, e sim “para que saibais que o Filho do homem tem o
poder de perdoar os pecados”.
A razão da
cura do paralítico, que ouviu as palavras de Jesus “Levanta-te, toma a maca e volta para tua
casa”, é
demonstrar a saúde eterna. O perdão
dos pecados é mais importante do que a saúde do corpo.
Mateus, além de demonstrar o poder de Jesus,
quer realçar a fé daquela multidão que se aproximou d’Ele, atraída a Ele
justamente por causa desse poder. Fé tão grande que venceu todas as
dificuldades. Fé que é confiança ilimitada no poder de Jesus, posto a serviço do
ser humano.
Por fim,
Mateus, depois de nos contar a cura e o perdão dos pecados do paralítico, nos
fala daquela multidão que, diante deste milagre de Jesus Cristo, ficou com medo, glorificou a Deus por ter dado
tal poder aos homens.
O poder de
Jesus de perdoar os pecados foi passado aos Seus apóstolos quando, ao
ressuscitar dos mortos e aparecendo a eles, disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou,
assim também eu vos envio a vós”. Depois destas palavras, soprou sobre eles
dizendo-lhes: “Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados;
aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20,21-23).
Portanto, a Igreja de Cristo
tem a missão de administrar o sacramento do perdão. Não são os padres que
perdoam, mas é Cristo que o faz na pessoa do sacerdote. Este poder de perdoar os pecados é inseparável
da Pessoa de Cristo e de Sua Igreja una, santa, católica e apostólica.
Padre Bantu Mendonça
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