Comentários Prof.Fernando* 6ºpós-Pentec=14ºtempo Comum
– 5 de julho de 2015
Quer te
escutem, quer não,
ficarão
sabendo que houve entre eles um profeta (Ezequiel 2,5)
Ezequiel, Paulo, Jesus de Nazaré
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O trecho de hoje (Ez2,2-5) refere-se à Vocação do profeta (séc.6º a.C).
São enormes as dificuldades para realizar sua missão. Também Paulo (2ªcarta Coríntios
12,7-10) sofreu com as acusações contra ele. Delas se defende com firmeza,
certo do lugar que ocupa na comunidade. Na leitura de Marcos (6,1-6) vemos o próprio
Jesus de Nazaré de volta à sua terra natal, estranhando o desprezo de seus
conterrâneos para com sua atuação profética. Diante da pergunta deles: “como é
que pode alguém de nossa aldeia possuir tanta sabedoria?” o Mestre de Nazaré (essa
era a sua aldeia!!!) se espanta com a falta de fé das pessoas e encontra, como
única explicação, o provérbio “um profeta só não é valorizado em sua própria
terra, entre seus familiares e parentes”.
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A exigência de milagres acabava esvaziada – predominava de fato a incredulidade
– pois nem vendo as maravilhas que Jesus fazia, ou antes, quem era, como se comportava, a sabedoria que
nele havia, chegavam a nele acreditar. No evangelho de João aparece mutias
vezes esta contradição. Jesus critica a “cegueira” dos adversários (fariseus,
escribas, doutores da lei) os quais afirmam não não ser cegos, mas na verdade
são “o pior cego”, aquele que não quer ver (creio que nosso provérbio derivou
desta cena evangélica – João 9).
Comunicação e comunicadores
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O problema não está na mensagem. Não está no mensageiro. A questão está
dentro do ouvinte, que pode escutar ou não. Que pode considerar, refletir e
decidir ou arranjar pretextos para não se abrir aos milagres na vida, começando pelo milagre da Vida.
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Tomando o sentido bíblico mais amplo de “profeta”, ou seja, alguém que
proclama uma mensagem (que se diz originada em Deus), podemos dizer que, no
panorama atual brasileiro, parece haver uma “inflação de profetas e pregações”.
Na Mídia, principalmente televisiva, inúmeros programas e emissoras rivalizam a
busca de maior audiência com uma fantástica multiplicidade de mensagens – todas
sob o título genérico de “evangelização”. Mas, seja em programas religiosos,
seja em outros (os noticiários em geral expõem violência e crimes diários) esta
atividade é intensa e multiplicada por tecnologias avançadas e popularizadas.
Ela já foi além da suave melodia das “aves que aqui gorjeiam”, como escreveu o
poeta. Agora chega a ser “tuitar” contínuo, martelando uma mensagem atrás de
outra nos dispositivos movei. Num fixo (na sala ou no quarto) outro martelar
ideológico “controla” todos os familiares, que talvez pouco conversem enquanto hipnotizados
pelo “Big brother” (o da ficção – livro “1984” de Blair/G.Orwell – embora
muitos sigam sua réplica atual em “reality shows”.
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Nos textos indicados, Ezequiel, Paulo e o próprio Cristo parecem lembrar
que a responsabilidade maior em discernir e reconhecer o que é (ou não) a “voz”
que provém de Deus recai sobre os ouvintes da Palavra. Da colheita não se leva
tudo à mesa: é preciso separar a palha do trigo. Um resumo do cristianismo
segundo Paulo: na perseguição e na fraqueza manifesta-se a força do anúncio, não
necessariamente no crescimento e sucesso.
Vozes e sons na pequena aldeia de Nazaré
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Frequentemente nós não percebemos a presença do Mestre, que veio de
Nazaré, quando o ouvimos no meio da vida comum e quotidiana da aldeia real em
que vivemos. Apesar de situados hoje numa “aldeia global” – conforme a
expressão criada pelo filósofo Marshall MacLuhan na década de 60 – creio que
nossa existência se decide mesmo é no dia a dia, onde habitamos o microcosmo de
nossas famílias, trabalhos, igrejas e relacionamentos. Em casa, no bairro, no condomínio,
na escola das crianças, nos ônibus, no comércio, na fila do SUS ou do caixa onde
pagamos contas é por aí que vamos escutando sons e muitas vozes. Aí o lugar
onde procuramos discernir a “vontade salvadora de Deus” para os seres humanos.
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Nesse espaço-tempo de nossas vidas percebemos (ou não) sinais, milagres
e palavras, com ajuda de nossa atenção inteligente e pela mediação de seus
“profetas”. É preciso reconhecer os verdadeiros entre os falsos. Seja conhecidos
e familiares de nossa terra natal – contudo distraídos – seja entre desconhecidos
e forasteiros – contudo nem todos dignos de atenção. A “aldeia global” está
cheia de ambulantes, sempre oferecendo algum elixir maravilhoso.
Nota pessoal e alguns pedidos de oração
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Como Francisco sempre lembra, precisamos pedir uns pelos outros. Na minha
“aldeia real”, depois de festas familiares de aniversário (aqui referidas há 2
semanas) chegou o inverno trazendo frios e doenças. Mas quem precisa de oração
são alguns amigos da família. Um colega meu de colégio deixou-nos há poucos
dias e mais tristeza deixou em todos quantos o conheceram, principalmente para
sua esposa, S. M encontra-se em recuperação de cirurgia delicada seguida ainda de
tratamento. Outros passam também por terapêuticas difíceis (B, G, I, De, A, X, Di) ou tiveram
agravadas suas condições de saúde. Para todos pedimos a cura e, em todas as
circunstgâncias, o conforto da fé e da presença dos amigos.
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Permanecemos intercedendo pelos migrantes diariamente resgatados no
Mediterrâneo e pelos haitianos que procuram trabalho em S.Paulo e no sul do
país. Por muitos milhares de desempregados da construção civil e de outros
setores no Brasil. Pelos sírios e iraquianos fugidos da guerra contínua e do
terror do E.I. Pelos idosos morrendo sob a onda de calor no Paquistão. Pelas
meninas raptadas pelo Boko Haran e pelas vítimas de castração feminina (apesar
de leis recentes ainda não obedecidas no Egito e também praticada em outros
países). Pelo povo grego, seus jovens sem trabalho e pelos aposentados: os mais
sofridos na grave situação atual.
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Pessoalmente recebi luz
e tive o coração pacificado, após angústias e preocupações com parentes, ao
escutar domingo passado esta palavras do pregador: “Deus nos fez diferentes;
então, respeitar as diferenças e gostar da diversidade, riqueza da comunidade.
Ele acolhe no Reino gente de todos os povos e de todas as tribos”. Citou Romanos
14 onde Paulo recomenda à comunidade tolerância entre grupos que se contestavam
mutuamente por adesão a diferentes costumes de comida e bebida... Chegavam a
ser escândalo e tropeço para a fé e a caridade. É o que deveriam preservar, propõe
o apóstolo, mesmo abrindo mão de opiniões e preferências pessoais: um crê que de tudo se
pode comer, e outro, que é fraco, só come legumes. O que come não despreze o
que não come; e o que não come, não julgue o que come (...) Quem és tu, que
julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas
estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. (...) Assim não nos
julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou
escândalo ao irmão. (...) Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para
a edificação de uns para com os outros (cf.Rom14. Esta foi uma experiência pessoal do
escutar e aprender com uma palavra profética.
ooooooooo ( * ) Prof.(1975-2012-Edu/Teo/Fil)
fesomor2@gmail.com
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