Evangelhos
Dominicais Comentados
07/junho/2015 -- 10o
Domingo da Páscoa
Evangelho: (Mc 3, 20-35)
Jesus entrou em casa, e se reuniu tal multidão que não podiam
sequer comer. Quando os seus parentes souberam disso, saíram para agarrá-lo,
pois diziam: “Ele está louco”. Também os escribas, que haviam descido de
Jerusalém, diziam: “Ele está possuído de Belzebu. É pelo poder do chefe dos
demônios que ele expulsa os demônios”. Então Jesus os chamou e falou-lhes em
parábolas: “Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido
contra si mesmo, não pode manter-se de pé. E se uma família estiver dividida
contra si mesma, não pode manter-se de pé. Se, pois, Satanás se levantou contra
si mesmo e está dividido, não pode continuar de pé, mas está próximo do fim.
Ninguém consegue entrar na casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, se
antes não o tiver amarrado; só então poderá saquear a sua casa. Eu vos asseguro
que tudo será perdoado às pessoas, os pecados e até as blasfêmias que tiverem
dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais será perdoado, será réu
de um pecado eterno”. Falou assim porque diziam que ele estava possuído de
espírito impuro. Chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e
mandaram chamá-lo. A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe
disseram: “Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram”. Ele
perguntou: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” E passando os olhos pelos que
estavam sentados à sua volta, Jesus disse: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Aquele que fizer a vontade de Deus c, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe”.
COMENTÁRIO
Este Evangelho nos leva a vivenciar a vida agitada de Jesus e de
seus discípulos. Apresenta-nos Jesus sempre pronto a atender todos os que o
procuravam. É tão grande sua preocupação em ouvir os menos favorecidos, que não
lhe sobrava tempo, nem mesmo para comer.
Jesus não se limitava a falar. Seu testemunho, sua abnegação é um
exemplo que deve ser imitado por nós que frequentemente relutamos em abrir as
nossas portas aos estranhos, a ouvir seus lamentos e a lutar por mudanças.
Observe que os apóstolos, os auxiliares de
Jesus, também não têm tempo para cuidar de si próprios e, nem podem! Jesus não
aceita o comodismo e exige que o atendimento seja carregado de amor e
dedicação. Exige dedicação total ao próximo. Quem não se doa totalmente, não
consegue permanecer ao lado de Jesus. É impossível trabalhar ao lado do Mestre
sem renúncia e sacrifícios.
O seguidor de Jesus deve estar disposto a renunciar, abdicar aos
seus momentos de lazer e sacrificar seus horários de refeições para se colocar
a serviço do Reino. Certamente é preciso
muita coragem para seguir Jesus. Nem sempre estamos dispostos a permitir
mudanças em nossa rotina e em nossos hábitos diários.
Não pode haver intervalo, nem mesmo para um
lanche, enquanto houver uma só pessoa para ser atendida. Nem pensar em parar
enquanto um único irmão estiver necessitando de uma palavra. Precisamos imitar
esse Mestre, exigente e amoroso, sempre pronto a ouvir, sempre disposto a
perdoar. Deixa tudo de lado por amor.
No entanto, esse seu empenho, essa sua
dedicação faz com que, até mesmo seus parentes e amigos o considerem como um
louco ou fora de si. Por isso, você discípulo, discípula de Jesus, não estranhe
que pessoas de seu convívio venham a criticá-lo por se empenhar na árdua tarefa
de fazer a vontade do Pai.
Lute sempre! Jesus não se intimida, assume a
postura de um leão e esclarece que fazer a vontade de Deus é algo concreto e
definido. É algo espontâneo que deve expressar a nossa livre escolha e a nossa
liberdade. A vontade de Deus é fazer-nos entender que o que nos identifica, e
nos une como irmãos, é muito mais do que o parentesco e a amizade, é muito mais
do que laços de sangue.
O que nos une como família e como filhos do
mesmo pai é o amor. Não basta morar na mesma casa, não basta viver sob o mesmo
teto, é preciso fazer a vontade do Pai para ser chamado de irmão, de irmã e de
mãe. Deus é Pai, é Amor e quer ver-nos transformados.
Vamos então transformar o nosso modo de agir e
de pensar. Em nome da justiça e da paz vamos assumir a postura de um leão e, em
nome da unidade, assumir a mansidão do cordeiro. Vamos viver o amor, essa é a
vontade do Pai.
Finalizando, convém lembrar que a Bíblia Sagrada
foi escrita originalmente em hebraico e aramaico, portanto, a palavra hebraica
“ah” ou a palavra aramaica “aha”, traduzidas para o grego, significam “irmão,
parente”.
São palavras muito abrangentes e têm diversos
significados que vai do irmão de sangue aos primos, parentes próximos,
distantes e até mesmo compatriotas, membros da mesma tribo ou descendência.
Portanto, Jesus não renegou sua mãe nem seus
parentes ou discípulos, muito pelo contrário, Ele sempre deu provas do seu
grande amor por todos eles, porém, deixou bem claro que só será chamado de mãe,
irmã ou irmão, aquele que realmente viver a Palavra de Deus.
(02513)
Jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br
- 07/junho/2015
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