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Fevereiro 2019
Lectio
Primeira leitura: Génesis 9, 1-13
Deus abençoou Noé e os seus filhos, e
disse-lhes: «Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. 2Sereis temidos e
respeitados por todos os animais da terra, por todas as aves do céu, por tudo
quanto rasteja sobre a terra e por todos os peixes do mar; ponho-os à vossa
disposição. 3Tudo o que se move e tem vida servir-vos-á de alimento; dou-vos
tudo isso como já vos tinha dado as plantas verdes. 4Porém, não comereis a
carne com a sua vida, o sangue. 5Ficai também a saber que pedirei contas do
vosso sangue a todos os animais, por causa das vossas vidas; e ao homem,
igualmente, pedirei contas da vida do homem, seu irmão. 6A quem derramar o
sangue do homem, pela mão do homem será derramado o seu, porque Deus fez o
homem à sua imagem. 7Quanto a vós, sede fecundos e multiplicai-vos;
espalhai-vos pela Terra e multiplicai-vos sobre ela.» 8A seguir, Deus disse a
Noé e a seus filhos: 9«Vou estabelecer a minha aliança convosco, com a vossa
descendência futura 10e com os demais seres vivos que vos rodeiam: as aves, os
animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, todos
aqueles que saíram da arca. 11Estabeleço convosco esta aliança: não mais
criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio e não haverá jamais
outro dilúvio para destruir a Terra.» 12E Deus acrescentou: «Este é o sinal da
aliança que faço convosco, com todos os seres vivos que vos rodeiam e com as
demais gerações futuras: 13coloquei o meu arco nas nuvens, para que seja o
sinal da aliança entre mim e a Terra.
Para o javista, apesar da maldade do homem, a
vida e o ritmo da natureza mantêm-se por vontade de Deus. É nessa mesma ordem
de ideias que o teólogo sacerdotal insere a aliança de Deus com Noé e com os
seus filhos, isto é, com a humanidade pós-diluviana, mas também com todos os
seres vivos. Deus promete que não haverá outro dilúvio que destrua a terra ou a
vida em qualquer das suas formas. Deus compromete-se; mas também Noé assume
compromissos, como é próprio numa aliança. Cada um dos contraentes se
compromete em algo a favor do outro, ainda que o objecto ou objectos do
compromisso não sejam iguais. Deus depõe o seu arco de guerra sobre as nuvens
(v. 13), como sinal de que não quer voltar a pelejar com os homens. O arco-íris
que vemos nas nuvens, depois das chuvas, há-de lembrar-nos que o nosso Deus não
é um deus de guerra, mas um Deus de paz.
Por nosso lado, a paz que Deus nos oferece há-de levar-nos a respeitar a vida em todas as suas formas, humana e animal, a criar em nós um verdadeiro espírito ecológico. Mais ainda: a vida é sagrada! Mais sagrado ainda é o sangue! Por isso, não se pode derramar o sangue do homem, nem alimentar-se com o sangue dos animais. Segundo o Concílio de Jerusalém (cf. Act 15), este respeito faz parte das coisas necessárias, também para os cristãos provindos do paganismo, que não estão obrigados à observância das leis mosaicas: «O Espírito Santo e nós próprios resolvemos não vos impor outras obrigações além destas, que são indispensáveis: abster-vos de carnes imoladas a ídolos, do sangue, de carnes sufocadas» (Act 15, 25-26).
Por nosso lado, a paz que Deus nos oferece há-de levar-nos a respeitar a vida em todas as suas formas, humana e animal, a criar em nós um verdadeiro espírito ecológico. Mais ainda: a vida é sagrada! Mais sagrado ainda é o sangue! Por isso, não se pode derramar o sangue do homem, nem alimentar-se com o sangue dos animais. Segundo o Concílio de Jerusalém (cf. Act 15), este respeito faz parte das coisas necessárias, também para os cristãos provindos do paganismo, que não estão obrigados à observância das leis mosaicas: «O Espírito Santo e nós próprios resolvemos não vos impor outras obrigações além destas, que são indispensáveis: abster-vos de carnes imoladas a ídolos, do sangue, de carnes sufocadas» (Act 15, 25-26).
Evangelho: Marcos 8, 27-33
Naquele tempo, Jesus partiu com os discípulos
para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta
pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» 28Disseram-lhe: «João Baptista;
outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.» 29«E vós, quem dizeis que Eu
sou?» - perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra, e disse: «Tu és o Messias.»
30Ordenou-lhes, então, que não dissessem isto a ninguém. 31Começou, depois, a
ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos
anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e
ressuscitar depois de três dias. 32E dizia claramente estas coisas. Pedro,
desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-lo. 33Mas Jesus, voltando-se
e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo-lhe: «Vai-te da minha
frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos
homens.»
O texto que escutamos é central na teologia do
segundo evangelho. Aqui se opõe claramente uma cristologia do filho do homem a
uma cristologia e a uma eclesiologia triunfalista, inspirada no conceito
político-imperialista do Messias. O povo interrogava-se: «Quem é este?». Agora
é o próprio Jesus que pergunta aos discípulos o que é que se diz sobre Ele. Em
síntese, os discípulos informam que o povo O vê, não só como um profeta, mas
como maior dos profetas, o precursor dos tempos messiânicos. Mas Jesus quer ir
mais longe, e interpela directamente os discípulos: «E vós, quem dizeis que Eu
sou?» (v. 29). Pedro responde em nome da comunidade: «Tu és o Messias» (v. 29).
Mas Jesus impõe-lhes novamente o chamado «segredo messiânico» e começa a
falar-lhes do mistério da cruz, que está no centro da sua messianidade: Ele é o
Servo sofredor que veio carregar sobre si os nossos pecados para nos fazer
passar da morte à vida. E quem quiser ser seu discípulo tem de seguir o mesmo
caminho da cruz. Pedro parece perceber tudo muito bem, e é o primeiro a reagir
ao escândalo da cruz. Mas Jesus chama-o à ordem: «Vai-te da minha frente» (v.
33), isto é, põe-te atrás de Mim se segue-Me.
Pôr-se atrás de Jesus, e segui-Lo como discípulos, é a posição correcta que havemos de tomar para sermos salvos.
Pôr-se atrás de Jesus, e segui-Lo como discípulos, é a posição correcta que havemos de tomar para sermos salvos.
Meditatio
O texto do Génesis, que hoje escutamos,
lembra-nos a aliança universal estabelecida por Deus com Noé e com toda a
humanidade depois do dilúvio. O arco-íris é o sinal dessa aliança. A segunda
aliança é celebrada com Abraão e os seus descendentes, os israelitas, os
ismaelitas, os edomitas, e outras famílias descendentes do patriarca. A
circuncisão é o sinal dessa aliança (cf. Gn 17). Mas o círculo vai-se
apertando. No Sinai, a aliança é celebrada com o povo de Israel, e tem como
sinal o sábado (cf. Ex 31). São passos progressivos, um depois do outro, que
não invalidam os anteriores. Finalmente a aliança concentra-se num só homem, um
filho de Israel de quem depende a fidelidade de Deus a todas as outras
alianças: é a aliança divídica-messiânica que, para nós cristãos tem como sinal
a cruz de Jesus. Quando, como Pedro, dizemos: «Tu és o Messias» (v. 29),
havemos de ter em conta a extrema particularidade da figura messiânica e,
simultaneamente, da sua máxima universalidade, por ser o ponto de convergência
da aliança de Deus com Israel, mas também com toda a humanidade. Graças a
Jesus, e à sua cruz, a aliança de Deus com todos os homens permanece e
renova-se. Por isso, reconheçamos, por palavras e obras, que Jesus é o
arco-íris luminoso e definitiv
o, erguido na cruz, no qual o céu e a terra, e tudo quanto existe, é reconciliado.
A nossa resposta ao amor criador e re-criador de Deus, a resposta à aliança consumada em Jesus, na sua cruz e ressurreição, a resposta ao "amor do Coração de Jesus" (Cst 1956 I, 2, parágrafo 2) há-de concretizar no exercício do carisma profético do amor e da reconciliação: "profetas do amor... servidores da reconciliação" (Cst. 7).
o, erguido na cruz, no qual o céu e a terra, e tudo quanto existe, é reconciliado.
A nossa resposta ao amor criador e re-criador de Deus, a resposta à aliança consumada em Jesus, na sua cruz e ressurreição, a resposta ao "amor do Coração de Jesus" (Cst 1956 I, 2, parágrafo 2) há-de concretizar no exercício do carisma profético do amor e da reconciliação: "profetas do amor... servidores da reconciliação" (Cst. 7).
Oratio
Senhor Jesus, nós Te bendizemos, porque pela
tua páscoa remiste o mundo. Hoje, mais uma vez, com toda a tua Igreja, reunida
em teu nome, queremos confessar que és o Senhor, o vencedor do pecado e da
morte, fonte de vida no Espírito. Unidos ao teu amor redentor, saboreamos o dom
da Eucaristia. Que ela alimente a nossa oração, o nosso serviço apostólico e a
nossa comunhão fraterna, para que em Ti nos tornemos oferenda agradável a Deus.
Torna-nos profetas do amor e humildes servidores da reconciliação, na caminhada
para a páscoa eterna do teu Reino. Amen.
Contemplatio
Depois de ter rezado, Jesus disse aos seus
discípulos: Que diz este povo acerca do Filho do homem? Sabia bem o que
pensavam e o que diziam, mas queria preparar S. Pedro para confessar a sua fé.
Designa-se humildemente como o Filho do homem. Os apóstolos responderam: «Esta
gente toma-vos por João Baptista ou por Elias ou por algum profeta». O povo via
muito bem que Jesus tinha um poder sobre-humano, mas enganado pelos Fariseus e
cego pelo preconceito geral, esperava um Messias conquistador e não queria
reconhecer o Salvador do mundo num humilde filho do carpinteiro. A visão de
Deus é bem diferente da dos homens. (Leão Dehon, OSP4, p. 291s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Tu és o Messias» (Mc 8, 29).
«Tu és o Messias» (Mc 8, 29).
Comentários
litúrgicos a cargo de Fernando Fonseca, scj
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que perde um pouco do seu tempo em refletir passando os seus ponto de vista que o Senhor Jesus Cristo continue iluminando a todos nós. Abraço.
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