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Fevereiro 2019
Lectio
Primeira leitura: Ben Sirá 5, 1-10 (gr 1-8)
Não te fies nas tuas riquezas, e não digas:
«Tenho suficiente para mim.» 2Não sigas os teus desejos e a tua força, indo
atrás das paixões do coração. 3Não digas: «Quem terá poder sobre mim?», porque
o Senhor te punirá certamente. 4Não digas: «Pequei, e que me aconteceu de
mal?», porque o Senhor é lento em castigar. 5Não vivas confiado no perdão,
acumulando pecado sobre pecado. 6Não digas: «A misericórdia do Senhor é grande,
Ele terá compaixão da multidão dos meus pecados!», porque nele a misericórdia e
a ira caminham juntas; e o seu furor cairá sobre os pecadores. 7Não tardes em
te converter ao Senhor, não adies, de dia para dia, porque a ira do Senhor virá
de repente, e Ele te fará perecer no dia do castigo. 8Não confies em riquezas
injustas, pois de nada te servirão no dia da desventura.
O sábio apercebe-se da vacuidade de tantas
atitudes e comportamentos, que minam a vida e inquinam a existência. Por isso,
avisa os ingénuos, para que não caiam em armadilhas que causam a morte. Alguns
gabam-se de ter feito o mal e de nada lhes ter acontecido. A verdade é que, «a
misericórdia e a ira do Senhor caminham juntas», e que, mais cedo ou mais
tarde, «o seu furor cairá sobre os pecadores» (v. 6). É melhor estar bem
informados, antes que seja tarde demais. Segue-se um decálogo negativo, que
pretende barrar o caminho a decisões perigosas: «não digas... não sigas... não
vivas... não tardes... não adies... não confies...». Estas proibições podem
agrupar-se tematicamente à volta dos temas da riqueza, da força, da presunção
diante de Deus. O esquema repete-se. É preciso ter cuidado em não dar excessivo
valor às riquezas. Uma riqueza desonesta não garante o futuro (cf. v. 8).
Também não vale a pena usar a força com prepotência: «o Senhor te punirá
certamente» (v. 3b). Pecar de modo arrogante, e confiar levianamente no perdão
de Deus, esquecendo o dever do arrependimento e da conversão, é tolice. O sábio
não se cansa de pregar todas estas verdades. Há que tomar em atenção as suas
avisadas palavras, porque elas, e a misericórdia de Deus, são preciosos
instrumentos de renovação da nossa vida.
Evangelho: Marcos 9, 41-50
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: «quem for que vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo,
em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa.» 42«E se alguém
escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria para ele
atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e
lançarem-no ao mar. 43Se a tua mão é para ti ocasião de queda, corta-a; mais
vale entrares mutilado na vida, do que, com as duas mãos, ires para a Geena,
para o fogo que não se apaga, 44onde o verme não morre e o fogo não se apaga.
45Se o teu pé é para ti ocasião de queda, corta-o; mais vale entrares coxo na
vida, do que, com os dois pés, seres lançado à Geena, 46onde o verme não morre
e o fogo não se apaga. 47E se um dos teus olhos é para ti ocasião de queda,
arranca-o; mais vale entrares com um só no Reino de Deus, do que, com os dois
olhos, seres lançado à Geena, 48onde o verme não morre e o fogo não se apaga.
49Todos serão salgados com fogo. 50O sal é coisa boa; mas, se o sal ficar
insosso, com que haveis de o temperar? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz
uns com os outros.»
Jesus continua a sua caminhada para Jerusalém
e chega a Cafarnaúm. Marcos insere aqui uma colecção de ensinamentos sobre o
discipulado, aparentemente desligados entre si. Mas neles encontramos algumas
palavras-chave que os ligam uns aos outros: a expressão «em nome» de Cristo, ou
«por serdes de Cristo» (v. 41), já fora anunciada no v. 37; o termo «escândalo»
(v. 42) antecipa a secção seguinte (vv. 43-48); a sentença conclusiva do «sal»
(v. 50) apela para o versículo anterior.
No texto que escutamos, Jesus começa a tratar do acolhimento, apontando alguns gestos simples, feitos em seu nome, porque é Ele que dá significado às acções humanas, e lhes confere valor de eternidade (v. 41). Depois, fala do escândalo: quem põe obstáculos àqueles que ainda são frágeis na fé, merece uma pena severa. Nos vv. 43-47, Marcos adopta a linguagem paradoxal para indicar a radicalidade e a dureza do juízo: é melhor sacrificar os órgãos vitais do que aderir ao pecado e cair na condenação eterna.
As imagens do sal e do fogo servem para retomar o tema do sacrifício de si mesmo em vista da preservação ou da purificação do pecado. A sabedoria de Cristo deve dar sabor a todas as nossas acções; o fogo do amor deve arder sempre para pôr a nossa vida ao serviço da comunhão. É preciso dispor-se a perder... para tudo ganhar: «quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la» (Mc 8, 35).
No texto que escutamos, Jesus começa a tratar do acolhimento, apontando alguns gestos simples, feitos em seu nome, porque é Ele que dá significado às acções humanas, e lhes confere valor de eternidade (v. 41). Depois, fala do escândalo: quem põe obstáculos àqueles que ainda são frágeis na fé, merece uma pena severa. Nos vv. 43-47, Marcos adopta a linguagem paradoxal para indicar a radicalidade e a dureza do juízo: é melhor sacrificar os órgãos vitais do que aderir ao pecado e cair na condenação eterna.
As imagens do sal e do fogo servem para retomar o tema do sacrifício de si mesmo em vista da preservação ou da purificação do pecado. A sabedoria de Cristo deve dar sabor a todas as nossas acções; o fogo do amor deve arder sempre para pôr a nossa vida ao serviço da comunhão. É preciso dispor-se a perder... para tudo ganhar: «quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la» (Mc 8, 35).
Meditatio
O sábio da primeira leitura adverte-nos que
não se pode brincar com a vida porque só temos uma. Há comportamentos que têm
as suas consequências. Há caminhos sem regresso. Ben Sirá insiste numa educação
preventiva: mostra o engano de certas opções e, indirectamente, aponta o
caminho certo. A riqueza, por exemplo, não é um baluarte inexpugnável. Por
isso, não convém pôr nela uma confiança cega e absoluta.
O discurso de Jesus, que escutamos no evangelho de hoje, não é menos severo. Se não devemos ser fundamentalistas, aplicando-o literalmente, não podemos menosprezar-lhe o conteúdo. Se não devemos lançar-nos ao mar com uma pedra de moinho ao pescoço, se não devemos cortar à machada a mão ou o pé, ou arrancar um dos olhos, não podemos hesitar diante de algumas privações exigidas em vista do nosso progresso espiritual. A palavra de Jesus alerta-nos para a falta de coerência em que facilmente caímos, e lembra-nos a verdade do que lemos na Carta aos Hebreus: «a palavra de Deus é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). A palavra de Deus é um verdadeiro bisturi. Como o médico o usa para salvar o seu doente, assim Jesus usa a sua palavra para salvar a nossa vida: «mais vale entrares mutilado na vida, do que, com as duas mãos, ires para a Geena» (v. 43). A intenção de Jesus, expressa em linguagem metafórica, é positiva: quer libertar-nos, quer dar-nos a vida! Cada um deve discernir o que precisa de cortar para "entrar na vida". Para uns ser&aacut
e; uma relação ambígua, para outros certos espectáculos ou leituras, para outros ainda o modo como tentam ganhar espaço no campo da política, ou tentam acumular dinheiro... A estes últimos S. Tiago lembra que as riquezas podem constituir um grande perigo: «E agora vós, ó ricos, chorai em altos gritos por causa das desgraças que virão sobre vós. As vossas riquezas estão podres e as vossas vestes comidas pela traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem servirá de testemunho contra vós» (Tg 5, 1-3ª.) O apóstolo chega mesmo ao sarcasmo: «Tendes vivido na terra, entregues ao luxo e aos prazeres, cevando assim os vossos apetites... para o dia da matança!» (Tg 5, 5).
Escutemos as palavras do Sábio, as palavras do Apóstolo e, principalmente, as palavras de Jesus. Não façamos como a avestruz que, ao ver o perigo, enterra a cabeça na areia.
Como religiosos, devemos dar um testemunho claro de pobreza afectiva e efectiva no nosso mundo tão marcado por uma mentalidade materialista e paganizante. Não é um testemunho fácil, porque não se reconhece o valor da pobreza evangélica. Mas é necessário. Sem ele, podem ficar ofuscados outros ideais evangélicos! Mais do que negar o valor das coisas, a nossa pobreza é uma afirmação do valor supremo que é Deus. «Só Deus», repetia Rafael Arnaiz, monge trapista recentemente canonizado.
O discurso de Jesus, que escutamos no evangelho de hoje, não é menos severo. Se não devemos ser fundamentalistas, aplicando-o literalmente, não podemos menosprezar-lhe o conteúdo. Se não devemos lançar-nos ao mar com uma pedra de moinho ao pescoço, se não devemos cortar à machada a mão ou o pé, ou arrancar um dos olhos, não podemos hesitar diante de algumas privações exigidas em vista do nosso progresso espiritual. A palavra de Jesus alerta-nos para a falta de coerência em que facilmente caímos, e lembra-nos a verdade do que lemos na Carta aos Hebreus: «a palavra de Deus é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). A palavra de Deus é um verdadeiro bisturi. Como o médico o usa para salvar o seu doente, assim Jesus usa a sua palavra para salvar a nossa vida: «mais vale entrares mutilado na vida, do que, com as duas mãos, ires para a Geena» (v. 43). A intenção de Jesus, expressa em linguagem metafórica, é positiva: quer libertar-nos, quer dar-nos a vida! Cada um deve discernir o que precisa de cortar para "entrar na vida". Para uns ser&aacut
e; uma relação ambígua, para outros certos espectáculos ou leituras, para outros ainda o modo como tentam ganhar espaço no campo da política, ou tentam acumular dinheiro... A estes últimos S. Tiago lembra que as riquezas podem constituir um grande perigo: «E agora vós, ó ricos, chorai em altos gritos por causa das desgraças que virão sobre vós. As vossas riquezas estão podres e as vossas vestes comidas pela traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem servirá de testemunho contra vós» (Tg 5, 1-3ª.) O apóstolo chega mesmo ao sarcasmo: «Tendes vivido na terra, entregues ao luxo e aos prazeres, cevando assim os vossos apetites... para o dia da matança!» (Tg 5, 5).
Escutemos as palavras do Sábio, as palavras do Apóstolo e, principalmente, as palavras de Jesus. Não façamos como a avestruz que, ao ver o perigo, enterra a cabeça na areia.
Como religiosos, devemos dar um testemunho claro de pobreza afectiva e efectiva no nosso mundo tão marcado por uma mentalidade materialista e paganizante. Não é um testemunho fácil, porque não se reconhece o valor da pobreza evangélica. Mas é necessário. Sem ele, podem ficar ofuscados outros ideais evangélicos! Mais do que negar o valor das coisas, a nossa pobreza é uma afirmação do valor supremo que é Deus. «Só Deus», repetia Rafael Arnaiz, monge trapista recentemente canonizado.
Oratio
Senhor, ilumina-me com a tua palavra, por
vezes mais dura e penetrante, que uma espada de dois gumes. Faz-me reconhecer a
minha real situação espiritual, e acolher os teus avisos, que apenas têm em
vista a plenitude de vida a que me chamas. Faz-me decidido e vigoroso na luta
contra as tentações e na renúncia radical às ocasiões de pecado. Dá-me coragem
para cortar tudo quanto dificulta ou impede caminhar Contigo e para Ti, que és
o meu Bem, o meu Supremo Bem. Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor disse: «Mais vale perder o membro
que escandaliza do que ser lançado no fogo eterno» (Mt 3, 12). S. Marcos
completa o mesmo discurso acrescentando que na Geena o verme roedor não morre e
o fogo não se extingue (c. IX). Nosso Senhor deixou-nos, aliás, a fórmula do
juízo: «Ide, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41). Podia Ele falar mais
claramente e podemos nós lealmente pôr em dúvida o seu pensamento? A condenação
e o fogo eterno, esta é a sorte do pecador que negligencia converter-se
enquanto tem tempo para isso. Preservai-me, Senhor, desta horrível sorte; ser
privado de vós, viver com os demónios e os homens mais viciados, sofrer o fogo
com eles: não basta esta perspectiva para me dar o horror do pecado?» (Leão
Dehon, OSP 4, p. 510s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«O Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios conduz à perdição» (Sl 1, 6).
«O Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios conduz à perdição» (Sl 1, 6).
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Subsídio litúrgico a cargo de Fernando
Fonseca, scj
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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