3 Março
2019
ANO C
Tema do 8.º Domingo comum
O tema central da liturgia deste domingo
convida-nos a refletir sobre esta questão: aquilo que nos enche o coração e que
nós testemunhamos é a verdade de Jesus, ou são os nossos interesses e os nossos
critérios egoístas?
O Evangelho dá-nos os critérios para discernir o verdadeiro do falso “mestre”: o verdadeiro “mestre” é aquele que apenas apresenta a proposta de Jesus gerando, com o seu testemunho, comunhão, união, fraternidade, amor; o falso “mestre”, ao contrário, é aquele que manifesta intolerância, hipocrisia, autoritarismo e cujo testemunho gera divisões e confusões: o seu anúncio não tem nada a ver com o de Jesus.
A primeira leitura, na mesma linha, dá um conselho muito prático, mas muito útil: não julguemos as pessoas pela primeira impressão ou por atitudes mais ou menos teatrais: deixemo-las falar, pois as palavras revelam a verdade ou a mentira que há em cada coração.
A segunda leitura não tem, aparentemente, muito a ver com esta temática: é a conclusão da catequese de Paulo aos coríntios sobre a ressurreição. No entanto, podemos dizer que viver e testemunhar com verdade, sinceridade e coerência a proposta de Jesus é o caminho necessário para essa vida plena que Deus nos reserva. Do nosso anúncio sincero de Jesus, nasce essa comunidade de Homens Novos que é anúncio do tempo escatológico e da vida que nos espera.
O Evangelho dá-nos os critérios para discernir o verdadeiro do falso “mestre”: o verdadeiro “mestre” é aquele que apenas apresenta a proposta de Jesus gerando, com o seu testemunho, comunhão, união, fraternidade, amor; o falso “mestre”, ao contrário, é aquele que manifesta intolerância, hipocrisia, autoritarismo e cujo testemunho gera divisões e confusões: o seu anúncio não tem nada a ver com o de Jesus.
A primeira leitura, na mesma linha, dá um conselho muito prático, mas muito útil: não julguemos as pessoas pela primeira impressão ou por atitudes mais ou menos teatrais: deixemo-las falar, pois as palavras revelam a verdade ou a mentira que há em cada coração.
A segunda leitura não tem, aparentemente, muito a ver com esta temática: é a conclusão da catequese de Paulo aos coríntios sobre a ressurreição. No entanto, podemos dizer que viver e testemunhar com verdade, sinceridade e coerência a proposta de Jesus é o caminho necessário para essa vida plena que Deus nos reserva. Do nosso anúncio sincero de Jesus, nasce essa comunidade de Homens Novos que é anúncio do tempo escatológico e da vida que nos espera.
LEITURA I – Sir 27, 4-7
Leitura do Livro de Ben-Sirá
Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas:
assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras.
O forno prova os vasos do oleiro
e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos.
O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo:
assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos.
Não elogies ninguém antes de ele falar,
porque é assim que se experimentam os homens.
assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras.
O forno prova os vasos do oleiro
e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos.
O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo:
assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos.
Não elogies ninguém antes de ele falar,
porque é assim que se experimentam os homens.
AMBIENTE
O livro de Ben Sira (Eclesiástico) aparece no
início do séc. II a.C., durante o domínio selêucida. É uma época em que o
helenismo procura impor-se com alguma agressividade, pondo em causa a
identidade do Povo de Deus. Jesus Ben Sira, o autor deste livro, estava preocupado
com a degradação dos valores tradicionais do seu Povo; escreveu este compêndio
de “sabedoria” para defender o património cultural e religioso de Israel e para
demonstrar aos seus compatriotas que Israel possuía na “Torah”, revelada por
Deus, a verdadeira “sabedoria” – uma “sabedoria” muito superior à “sabedoria”
grega.
O texto que a liturgia de hoje nos propõe é um exemplo clássico da reflexão sapiencial. Apresenta-nos uma máxima que, como todas as máximas da reflexão sapiencial, é deduzida da experiência prática e da própria reflexão (“não elogies ninguém antes de ele falar”); o fim desta máxima é orientar o comportamento do homem, preservando-o do insucesso, do fracasso, dos comportamentos e dos juízos errados.
O texto que a liturgia de hoje nos propõe é um exemplo clássico da reflexão sapiencial. Apresenta-nos uma máxima que, como todas as máximas da reflexão sapiencial, é deduzida da experiência prática e da própria reflexão (“não elogies ninguém antes de ele falar”); o fim desta máxima é orientar o comportamento do homem, preservando-o do insucesso, do fracasso, dos comportamentos e dos juízos errados.
MENSAGEM
Recorrendo a três imagens (a do crivo que,
quando agitado, põe à vista as impurezas do trigo; a do forno, que obriga o
vaso do oleiro a demonstrar a sua excelência; a do fruto, que revela a
qualidade do campo), Jesus Ben Sira ensina que a palavra revela claramente o
íntimo do coração do homem. É possível ao homem fingir, enganar, disfarçar, ser
ator e encenar determinados tipos de comportamento... Mas a palavra revela-o e
põe a nu os seus sentimentos mais profundos.
A conclusão é, pois, óbvia: não devemos deixar-nos condicionar pela primeira impressão ou por gestos mais ou menos teatrais que nada significam: só a palavra expressa a abundância do coração.
A conclusão é, pois, óbvia: não devemos deixar-nos condicionar pela primeira impressão ou por gestos mais ou menos teatrais que nada significam: só a palavra expressa a abundância do coração.
ATUALIZAÇÃO
Ter em conta, na reflexão, os seguintes
elementos:
• Com frequência, temos de escolher pessoas e
confiar-lhes cargos de alguma responsabilidade ou exigência. Seria ingénuo e
pouco sério fazer escolhas com base em critérios acidentais ou interesseiros,
ignorando aspetos essenciais. O que é que nos leva a escolher este e a rejeitar
aquele? O aspeto físico? A simpatia? A classe social? A subserviência que
manifesta em relação a nós? Ou somos convencidos pela competência e pela
grandeza do coração?
• Quantas vezes temos de reformular as nossas
impressões acerca de uma pessoa depois de a conhecermos bem... Não podemos,
pois, deixar-nos condicionar pela primeira impressão. Um juízo apressado pode
levar-nos a ser tremendamente injustos e a marginalizar pessoas muito válidas e
com um grande potencial; também pode, ao contrário, levar-nos a confiar
totalmente em pessoas que, investidas de cargos de responsabilidade, acabam por
destruir coisas que levaram muito tempo a ser edificadas...
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 91 (92)
Refrão 1: É bom louvar o Senhor.
Refrão 2: É bom louvar-vos, Senhor,
e cantar salmos ao vosso nome.
e cantar salmos ao vosso nome.
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo;
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo;
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.
LEITURA II – 1 Cor 15, 54-58
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São
Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível
e este nosso corpo mortal se tornar imortal,
então se realizará a palavra da Escritura:
«A morte foi absorvida na vitória.
Ó morte, onde está a tua vitória?
Ó morte, onde está o teu aguilhão?»
O aguilhão da morte é o pecado
e a força do pecado é a Lei.
Mas dêmos graças a Deus,
que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, caríssimos irmãos,
permanecei firmes e inabaláveis,
cada vez mais diligentes na obra do Senhor,
Sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.
Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível
e este nosso corpo mortal se tornar imortal,
então se realizará a palavra da Escritura:
«A morte foi absorvida na vitória.
Ó morte, onde está a tua vitória?
Ó morte, onde está o teu aguilhão?»
O aguilhão da morte é o pecado
e a força do pecado é a Lei.
Mas dêmos graças a Deus,
que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, caríssimos irmãos,
permanecei firmes e inabaláveis,
cada vez mais diligentes na obra do Senhor,
Sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.
AMBIENTE
Este texto conclui a catequese que temos vindo
a ver nos quatro últimos domingos sobre a ressurreição. Consultado pelos
coríntios – preocupados com a aparente impossibilidade de o corpo, sensual e
material, ter acesso à vida plena com Deus – acerca da ressurreição, Paulo
desenvolve a sua catequese sobre essa questão polémica. Aqui, fica bem patente
a dificuldade do cristianismo (de raiz judaica e formulado inicialmente de
acordo com a linguagem e os valores judaicos) em adaptar-se a uma realidade
diferente – a realidade da cultura e dos valores helénicos.
MENSAGEM
No final da catequese, Paulo regista que o
decisivo é que a morte tenha perdido para sempre o seu poder. Tanto em relação
a Cristo, como em relação aos cristãos, não é o “como” da ressurreição que interessa,
mas o facto em si. E, para Paulo, o facto em si é incontestável, está para além
de toda a dúvida.
É porque a ressurreição é incontestável que Paulo não pode deixar de festejar num hino – ainda que em miniatura – a vitória de Cristo e dos cristãos sobre a morte. Para isso, recorre a textos bíblicos de Isaías (cf. Is 25, 8) e Oseias (cf. Os 13, 14), ainda que evocados com bastante liberdade: “a morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” (1 Cor 15 ,54-55). O pecado, a escravidão, o egoísmo, a violência, o ódio, aliados da morte não terão, a partir de agora, qualquer poder sobre o homem: a ressurreição de Cristo libertou todos os crentes do medo da morte, pois demonstrou que não há morte para quem luta por um mundo de justiça, de amor e de paz. O cântico de triunfo leva como acompanhamento obrigatório uma ação de graças a Deus pois é Ele, o Senhor da vida, “que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Cor 15, 57).
A última palavra de Paulo é para convidar os coríntios – e os crentes de todas as épocas – a permanecer “firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor” (1 Cor 15, 58). É um convite a não projetarmos a ressurreição apenas num mundo futuro, mas a trabalharmos cada dia para que a ressurreição (como libertação do pecado, do egoísmo, da exploração e da morte) se vá tornando uma realidade viva na história da nossa existência. Isto implica, evidentemente, não cruzar os braços numa passividade que aliena, mas empenharmo-nos verdadeiramente numa efetiva transformação que traga vida nova ao homem e ao mundo.
É porque a ressurreição é incontestável que Paulo não pode deixar de festejar num hino – ainda que em miniatura – a vitória de Cristo e dos cristãos sobre a morte. Para isso, recorre a textos bíblicos de Isaías (cf. Is 25, 8) e Oseias (cf. Os 13, 14), ainda que evocados com bastante liberdade: “a morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” (1 Cor 15 ,54-55). O pecado, a escravidão, o egoísmo, a violência, o ódio, aliados da morte não terão, a partir de agora, qualquer poder sobre o homem: a ressurreição de Cristo libertou todos os crentes do medo da morte, pois demonstrou que não há morte para quem luta por um mundo de justiça, de amor e de paz. O cântico de triunfo leva como acompanhamento obrigatório uma ação de graças a Deus pois é Ele, o Senhor da vida, “que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Cor 15, 57).
A última palavra de Paulo é para convidar os coríntios – e os crentes de todas as épocas – a permanecer “firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor” (1 Cor 15, 58). É um convite a não projetarmos a ressurreição apenas num mundo futuro, mas a trabalharmos cada dia para que a ressurreição (como libertação do pecado, do egoísmo, da exploração e da morte) se vá tornando uma realidade viva na história da nossa existência. Isto implica, evidentemente, não cruzar os braços numa passividade que aliena, mas empenharmo-nos verdadeiramente numa efetiva transformação que traga vida nova ao homem e ao mundo.
ATUALIZAÇÃO
Como proposta de reflexão, sugerimos as
seguintes linhas:
• A ressurreição de Cristo garante-nos que o
nosso Deus é o Senhor da vida. Assim, percorremos o nosso caminho neste mundo
com total serenidade e confiança: sabemos que Deus está ao nosso lado sempre,
vigiando – como uma mãe que cuida do seu bebé; e que, quando chegar a última
fronteira, o nosso último fechar de olhos, a nossa saída deste mundo ou entrada
no outro, também então podemos estar tranquilos, porque o nosso Deus/mãe
continua vigilante. Ele é o Deus da vida, que nos garante a plenitude da vida.
• A teologia clássica assimilou o horizonte de
compreensão da filosofia grega, segundo a qual o mundo verdadeiro era o mundo
sobrenatural; o mundo terreno era apenas o lugar da matéria, da ambiguidade, do
pecado, da imperfeição; a alma ansiava por libertar-se rapidamente desta
matéria para ascender à esfera da vida plena, da vida de Deus... Atualmente, o
regresso à mentalidade bíblica trouxe-nos uma outra consciência: sabemos que o
mundo novo que nos espera começa já a realizar-se nesta terra e que é preciso
fazê-lo aparecer todos os dias, em cada um dos nossos gestos. Acreditar na
ressurreição é, assim, empenhar-se na construção de um mundo mais humano e mais
fraterno, procurando eliminar as forças do egoísmo, do pecado e da morte que
impedem, já nesta terra, a vida em plenitude. Por isso o Concílio Vaticano II
diz: “a Igreja ensina que a importância das tarefas terrenas não é diminuída
pela esperança escatológica, mas que esta antes reforça com novos motivos a sua
execução” (Gaudium et Spes, 21).
ALELUIA – Filip 2, 15d.16a
Aleluia. Aleluia.
Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida.
ostentando a palavra da vida.
EVANGELHO – Lc 6, 39-45
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São Lucas
Naquele tempo.
disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola:
«Poderá um cego guiar outro cego?
Não cairão os dois nalguma cova?
O discípulo não é superior ao mestre,
mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre.
Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista
e não reparas na trave que está na tua?
Como podes dizer a teu irmão:
‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’,
se tu não vês a trave que está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista
e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão.
Não há árvore boa que dê mau fruto,
nem árvore má que dê bom fruto.
Cada árvore conhece-se pelo seu fruto:
não se colhem figos dos espinheiros,
nem se apanham uvas das sarças.
O homem bom,
do bom tesouro do seu coração tira o bem:
e o homem mau,
da sua maldade tira o mal;
pois a boca fala do que transborda do coração».
disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola:
«Poderá um cego guiar outro cego?
Não cairão os dois nalguma cova?
O discípulo não é superior ao mestre,
mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre.
Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista
e não reparas na trave que está na tua?
Como podes dizer a teu irmão:
‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’,
se tu não vês a trave que está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista
e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão.
Não há árvore boa que dê mau fruto,
nem árvore má que dê bom fruto.
Cada árvore conhece-se pelo seu fruto:
não se colhem figos dos espinheiros,
nem se apanham uvas das sarças.
O homem bom,
do bom tesouro do seu coração tira o bem:
e o homem mau,
da sua maldade tira o mal;
pois a boca fala do que transborda do coração».
AMBIENTE
Continuamos ainda no ambiente do “discurso da
planície”, onde Jesus apresenta os elementos fundamentais da existência cristã.
Provavelmente, Lucas concentrou aqui um conjunto de frases ou de ditos de Jesus que, originalmente, tinham um contexto diverso e foram pronunciados em alturas diversas. A unidade temática do nosso texto ressente-se, pois, desse facto.
Apesar disso, pode perceber-se que Lucas está preocupado com os “falsos mestres”. O texto de hoje começa com um provérbio (“poderá um cego guiar outro cego?” – vers. 39) que Mateus coloca num contexto completamente diferente do de Lucas: enquanto que em Mateus (cf. Mt 15,14) ele aparece num contexto de crítica aos fariseus, aqui é uma advertência contra os falsos mestres na comunidade cristã. Provavelmente, Lucas quer pôr a comunidade de sobreaviso em relação a esses mestres pouco ortodoxos que, na década de 80, começam a aparecer nas comunidades e cujas doutrinas apresentam desvios sérios em relação ao essencial da mensagem de Jesus Cristo.
Provavelmente, Lucas concentrou aqui um conjunto de frases ou de ditos de Jesus que, originalmente, tinham um contexto diverso e foram pronunciados em alturas diversas. A unidade temática do nosso texto ressente-se, pois, desse facto.
Apesar disso, pode perceber-se que Lucas está preocupado com os “falsos mestres”. O texto de hoje começa com um provérbio (“poderá um cego guiar outro cego?” – vers. 39) que Mateus coloca num contexto completamente diferente do de Lucas: enquanto que em Mateus (cf. Mt 15,14) ele aparece num contexto de crítica aos fariseus, aqui é uma advertência contra os falsos mestres na comunidade cristã. Provavelmente, Lucas quer pôr a comunidade de sobreaviso em relação a esses mestres pouco ortodoxos que, na década de 80, começam a aparecer nas comunidades e cujas doutrinas apresentam desvios sérios em relação ao essencial da mensagem de Jesus Cristo.
MENSAGEM
Segundo Lucas, o verdadeiro mestre será sempre
um discípulo de Jesus, o mestre por excelência; e a doutrina apresentada não
poderá afastar-se daquilo que Jesus disse e ensinou (vers. 39-40). Quando
alguém apresenta a própria doutrina e não as propostas de Jesus está, muito
provavelmente, a desorientar os irmãos. A comunidade deve ter isto presente, a
fim de não se deixar conduzir por caminhos que a afastem do verdadeiro caminho
que é Jesus.
Um segundo desenvolvimento, diz respeito ao julgamento dos irmãos (vers. 41-42). Há na comunidade cristã pessoas que se consideram iluminadas, que “nunca se enganam e raramente têm dúvidas”, muito exigentes para com os outros, que não reparam nos seus telhados de vidro quando criticam os irmãos... Apresentam-se muito seguros de si, às vezes com atitudes de autoridade, de orgulho e de prepotência e são incapazes de aplicar a si próprios os mesmos critérios de exigência que aplicam aos outros. Esses são (a palavra é dura, mas não a podemos “branquear”) “hipócritas”: o termo não designa só o homem dissimulado, falso, cujos atos não correspondem ao seu pensamento e às suas palavras, mas equivale ao termo aramaico “hanefa” que, no Antigo Testamento, significa, ordinariamente, “perverso”, “ímpio”. Pode o verdadeiro discípulo de Jesus ser “perverso” e “ímpio”? Na comunidade de Jesus não há lugar para esses “juízes”, intolerantes e intransigentes, que estão sempre à procura da mais pequena falha dos outros para condenar, mas que não estão preocupados com os erros e as falhas – às vezes bem mais graves – que eles próprios cometem. Quem não está numa permanente atitude de conversão e de transformação de si próprio não tem qualquer autoridade para criticar os irmãos.
Finalmente, Lucas apresenta o critério para discernir quem é o verdadeiro discípulo de Jesus: é aquele que dá bons frutos (vers. 43-45). Neste contexto, parece dever ligar-se os “bons frutos” com a verdadeira proposta de Jesus: dá bons frutos quem tem o coração cheio da mensagem de Jesus e a anuncia fielmente; e essa mensagem não pode gerar senão união, fraternidade, partilha, amor, reconciliação. Quando as palavras de um “mestre” geram divisão, tensão, desorientação, confrontação na comunidade, elas revelam um coração cheio de egoísmo, de orgulho, de amor próprio, de autossuficiência: cuidado com esses “mestres”, pois eles não são verdadeiros.
Um segundo desenvolvimento, diz respeito ao julgamento dos irmãos (vers. 41-42). Há na comunidade cristã pessoas que se consideram iluminadas, que “nunca se enganam e raramente têm dúvidas”, muito exigentes para com os outros, que não reparam nos seus telhados de vidro quando criticam os irmãos... Apresentam-se muito seguros de si, às vezes com atitudes de autoridade, de orgulho e de prepotência e são incapazes de aplicar a si próprios os mesmos critérios de exigência que aplicam aos outros. Esses são (a palavra é dura, mas não a podemos “branquear”) “hipócritas”: o termo não designa só o homem dissimulado, falso, cujos atos não correspondem ao seu pensamento e às suas palavras, mas equivale ao termo aramaico “hanefa” que, no Antigo Testamento, significa, ordinariamente, “perverso”, “ímpio”. Pode o verdadeiro discípulo de Jesus ser “perverso” e “ímpio”? Na comunidade de Jesus não há lugar para esses “juízes”, intolerantes e intransigentes, que estão sempre à procura da mais pequena falha dos outros para condenar, mas que não estão preocupados com os erros e as falhas – às vezes bem mais graves – que eles próprios cometem. Quem não está numa permanente atitude de conversão e de transformação de si próprio não tem qualquer autoridade para criticar os irmãos.
Finalmente, Lucas apresenta o critério para discernir quem é o verdadeiro discípulo de Jesus: é aquele que dá bons frutos (vers. 43-45). Neste contexto, parece dever ligar-se os “bons frutos” com a verdadeira proposta de Jesus: dá bons frutos quem tem o coração cheio da mensagem de Jesus e a anuncia fielmente; e essa mensagem não pode gerar senão união, fraternidade, partilha, amor, reconciliação. Quando as palavras de um “mestre” geram divisão, tensão, desorientação, confrontação na comunidade, elas revelam um coração cheio de egoísmo, de orgulho, de amor próprio, de autossuficiência: cuidado com esses “mestres”, pois eles não são verdadeiros.
ATUALIZAÇÃO
Considerar, para reflexão, as seguintes
indicações:
• Todos nós, de uma forma ou de outra, somos
chamados a dar testemunho da nossa fé e da proposta de Jesus. Esta reflexão
sobre os verdadeiros e falsos “mestres” não é, portanto, algo que apenas diga
respeito à hierarquia da Igreja, mas a todos os cristãos. Trata-se, portanto,
de uma reflexão sobre a verdade ou a mentira do nosso testemunho. Como é o
nosso testemunho? Identifica-se com a proposta de Cristo?
• Pode acontecer que a radicalidade do
Evangelho de Jesus seja viciada pela nossa tendência em “suavizar”, “atenuar”,
“adaptar”, de forma a que a mensagem seja mais consensual, menos radical, mais
contemporizadora... Não estaremos, assim, a retirar à proposta de Jesus a sua
capacidade transformadora e a escolher um caminho de facilidade?
• Também pode acontecer que anunciemos as
nossas teorias e as nossas perspetivas, em lugar de anunciar Jesus e as suas
propostas. Mais grave ainda: é possível atribuir a Jesus mandamentos e exigências
que desvirtuam totalmente o sentido global das propostas que Jesus fez. Isso
constitui uma grave perversão do Evangelho; e daí resulta, tantas vezes,
opressão, medo, escravatura, em nome de Jesus. Isto tem acontecido, com
frequência, ao longo da história da Igreja... É preciso, pois, um permanente
confronto do nosso anúncio com o Evangelho e com o sentir da Igreja, a fim de
que anunciemos Jesus e não traiamos a verdade da sua proposta libertadora.
• Podemos também correr o risco de deixar que
o sentimento da nossa importância nos suba à cabeça; então, tornamo-nos
arrogantes, exigentes, intolerantes, convencidos de que somos os únicos
senhores da verdade. Com alguma frequência ouvem-se nas nossas comunidades
cristãs frases como “aqui quem manda sou eu” ou “eu é que sei; tu não percebes
nada disto”. Sempre que isso acontecer, convém interrogarmo-nos acerca da forma
como estamos a exercer o nosso serviço à comunidade: estaremos a veicular a
proposta de Jesus?
• A história da trave e do cisco convida-nos a
refletir sobre a hipocrisia... É fácil reparar nas falhas dos outros e
enveredar pela crítica fácil que, tantas vezes, afeta a reputação e fere a
dignidade das pessoas; é difícil utilizar os mesmos critérios de exigência
quando estão em causa as nossas pequenas e grandes falhas... Somos tão
exigentes connosco como somos com os outros? Temos consciência da nossa
necessidade permanente de conversão e de transformação?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 8.º DOMINGO
DO TEMPO COMUM
A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 8.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 8.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
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