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Fevereiro 2019
Lectio
Primeira leitura: Ben Sirá 1, 1-10
Toda a sabedoria vem do Senhor e permanece
junto dele para sempre. 2A areia dos mares, as gotas da chuva, os dias da
eternidade, quem os poderá contar? 3A altura do céu, a extensão da terra, o
abismo e a sabedoria, quem os poderá medir? 4A sabedoria foi criada antes de
todas as coisas, e a luz da inteligência, desde a eternidade. 5A fonte da
sabedoria é a palavra de Deus nos céus; os seus caminhos são os mandamentos
eternos. 6A quem foi revelada a raiz da sabedoria, e quem pode discernir os
seus planos? 7A quem foi manifestada a ciência da sabedoria? E quem pode
compreender a riqueza dos seus caminhos? 8Só há um sábio, sumamente temível: o
que está sentado no seu trono. 9Foi o Senhor quem a criou, quem a viu e a
mediu, e a difundiu sobre todas as suas obras, 10e por todos os homens, segundo
a sua liberalidade, e a comunicou àqueles que o amam. O amor do Senhor é uma
sabedoria gloriosa. Ele a comunica àqueles a quem se revela, para que o vejam.
Ben Sirá faz parte dos livros sapienciais, que
têm grande interesse para a sabedoria, porque traçam um caminho humano e
espiritual que, partindo de uma dimensão humana atinge os cumes da experiência
divina. O nosso texto desenvolve três ideias principais: Deus é fonte e sede da
sabedoria desde toda a eternidade (vv. 1-4); a sabedoria, tal como o mundo
criado, é um mistério inacessível (vv. 2.3 e 6); criada por Deus, a sabedoria
foi por derramada abundantemente nas suas obras (vv. 8-11).
A corrente sapiencial, importada do estrangeiro, foi adaptada pelo javista à sua teologia, que acentua a origem divina da sabedoria. Segundo o Livro dos Provérbios, ela foi criada por Deus antes do próprio mundo (8, 22-24). A própria sabedoria humana, que parece ter origem na experiência do homem e no estudo, tem, em última instância, a sua origem em Deus. Deus não só dá origem a vida, mas também à sabedoria. Ben Sirá, tal como Job (38-41) e Isaías (40, 12-14) sublinha o carácter misterioso e inacessível do mundo criado e da sabedoria. Sendo assim, só por dom de Deus é que o homem pode possuir a sabedoria. O coração do homem que ama a Deus é lugar que o Senhor privilegia para lançar a sabedoria. Há pois um certo paralelismo entre sabedoria e amor. Os verdadeiros sábios são os que amam a Deus. Habita neles a sabedoria, que é um atributo de Deus. Melhor ainda: habita neles o próprio Deus. Assim, no Ben Sirá já se respira o ar oxigenado do Novo Testamento, que celebra Cristo «sabedoria de Deus» (1 Cor 1, 24).
A corrente sapiencial, importada do estrangeiro, foi adaptada pelo javista à sua teologia, que acentua a origem divina da sabedoria. Segundo o Livro dos Provérbios, ela foi criada por Deus antes do próprio mundo (8, 22-24). A própria sabedoria humana, que parece ter origem na experiência do homem e no estudo, tem, em última instância, a sua origem em Deus. Deus não só dá origem a vida, mas também à sabedoria. Ben Sirá, tal como Job (38-41) e Isaías (40, 12-14) sublinha o carácter misterioso e inacessível do mundo criado e da sabedoria. Sendo assim, só por dom de Deus é que o homem pode possuir a sabedoria. O coração do homem que ama a Deus é lugar que o Senhor privilegia para lançar a sabedoria. Há pois um certo paralelismo entre sabedoria e amor. Os verdadeiros sábios são os que amam a Deus. Habita neles a sabedoria, que é um atributo de Deus. Melhor ainda: habita neles o próprio Deus. Assim, no Ben Sirá já se respira o ar oxigenado do Novo Testamento, que celebra Cristo «sabedoria de Deus» (1 Cor 1, 24).
Evangelho: Marcos 9, 14-29
Naquele tempo, tendo Jesus descido do monte,
ia ter com os seus discípulos, quando viu em torno deles uma grande multidão e
uns doutores da Lei a discutirem com eles. 15Assim que viu Jesus, toda a
multidão ficou surpreendida e acorreu a saudá-lo. 16Ele perguntou: «Que estais
a discutir uns com os outros?» 17Alguém de entre a multidão disse-lhe: «Mestre,
trouxe-te o meu filho que tem um espírito mudo. 18Quando se apodera dele,
atira-o ao chão, e ele põe-se a espumar, a ranger os dentes e fica rígido. Pedi
aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram.» 19Disse
Jesus: «Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei-de
suportar? Trazei-mo cá.» 20E levaram-lho.Ao ver Jesus, logo o espírito sacudiu
violentamente o jovem, e este, caindo por terra, começou a estrebuchar,
deitando espuma pela boca. 21Jesus perguntou ao pai: «Há quanto tempo lhe
sucede isto?» Respondeu: «Desde a infância; 22e muitas vezes o tem lançado ao
fogo e à água, para o matar. Mas, se podes alguma coisa, socorre-nos, tem
compaixão de nós.» 23«Se podes...! Tudo é possível a quem crê», disse-lhe
Jesus. 24Imediatamente o pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a
minha pouca fé!» 25Vendo, Jesus, que acorria muita gente, ameaçou o espírito
maligno, dizendo: «Espírito mudo e surdo, ordeno-te: sai do jovem e não voltes
a entrar nele.» 26Dando um grande grito e sacudindo-o violentamente, saiu. O
jovem ficou como morto, a ponto de a maioria dizer que tinha morrido. 27Mas,
tomando-o pela mão, Jesus levantou-o, e ele pôs-se de pé. 28Quando Jesus entrou
em casa, os discípulos perguntaram-lhe em particular: «Porque é que nós não
pudemos expulsá-lo?» 29Respondeu: «Esta casta de espíritos só pode ser expulsa
à força de oração.»
Jesus não permitiu que os discípulos
acampassem no Tabor. Mas nem Ele lá ficou muito tempo. Ao chegar junto dos
discípulos, viu-os rodeados por uma multidão, que não esperava a sua vinda.
Surpreendida, suspendeu a discussão com os discípulos, e acorreu a saudá-lo. É
então que o pai de um jovem endemoninhado Lhe fala do estado de saúde do filho,
acrescentando que os discípulos não tinham conseguido curá-lo.
O carácter iracundo de Jesus, várias vezes realçado no segundo evangelho, vem ao de cima: «Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá» (v. 19). Jesus verifica que a sua pregação e os milagres realizados não tinham conseguido consolidar a fé dos discípulos, nem da multidão. Daí a sua indignação. Todavia não abandona aqueles que sofrem.
O pai do jovem também tinha uma fé inconsistente. Mas, pelo menos, reconhecia-o com humildade: «se podes alguma coisa, socorre-nos, tem compaixão de nós» (v. 22). Era já um princípio de fé, que Jesus intuiu. Partindo dessa fé inicial, e escutando a sua oração - «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» - Jesus concede-lhe uma fé mais robusta. Depois, realiza o milagre pedido, libertando o jovem do espírito mudo e deixando um breve intervalo de tempo para que se revelem a grandeza e o poder do amor. A multidão pensa que o jovem estava morto mas, pelo contrário, estava livre e podia iniciar uma nova vida.
Quando os discípulos interrogam Jesus sobre a sua incapacidade em curar o jovem, o divino Mestre acena, mais uma vez, à necessidade da oração.
O carácter iracundo de Jesus, várias vezes realçado no segundo evangelho, vem ao de cima: «Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá» (v. 19). Jesus verifica que a sua pregação e os milagres realizados não tinham conseguido consolidar a fé dos discípulos, nem da multidão. Daí a sua indignação. Todavia não abandona aqueles que sofrem.
O pai do jovem também tinha uma fé inconsistente. Mas, pelo menos, reconhecia-o com humildade: «se podes alguma coisa, socorre-nos, tem compaixão de nós» (v. 22). Era já um princípio de fé, que Jesus intuiu. Partindo dessa fé inicial, e escutando a sua oração - «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» - Jesus concede-lhe uma fé mais robusta. Depois, realiza o milagre pedido, libertando o jovem do espírito mudo e deixando um breve intervalo de tempo para que se revelem a grandeza e o poder do amor. A multidão pensa que o jovem estava morto mas, pelo contrário, estava livre e podia iniciar uma nova vida.
Quando os discípulos interrogam Jesus sobre a sua incapacidade em curar o jovem, o divino Mestre acena, mais uma vez, à necessidade da oração.
Meditatio
Os livros sapienciais da Sagrada Escritura,
como o Ben Sirá, apresenta-nos um caminho humano e espiritual que, partindo da
realidade que somos e nos envolve, nos ensina a permanecer nela, mas a
elevar-nos até Deus. Noutros tempos, era uma atitude bastante espontânea,
também entre nós ocidentais. Hoje talvez não o seja tanto. Mas é uma atitude
que continua a ser necessária e parece mesmo urgente num mundo vítima de
convulsões, tal como o jovem de que nos fala o evangelho. Jesus indica-nos dois
meios para sairmos da loucura das convulsões que nos agitam: a fé e a oração. A
fé dá-nos um poder incrível, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como
podemos verificar na vida de tantos homens e mulheres ao longo da bimilenária
história da Igreja. A fé permite-nos re
zar de modo eficaz. A oração que, segundo Carlos de Foucauld, consiste em pensar em Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de uma qualquer circunstância. Pode um aspecto da Natureza, que nos leva a apreciar a sabedoria do Criador, que tudo dispôs com ordem e beleza. Mas também pode ser um sofrimento provocado por grave doença, uma qualquer crise que nos perturba física e psiquicamente, a traição de um amigo, um insucesso profissional... Nestas circunstâncias pode ser mais difícil elevar-nos para Deus, dar-nos conta do amor com que continua a envolver-nos. Mas é possível, se tivermos a atitude do pai de que nos fala o evangelho. Em qualquer circunstância, sem descurar os meios humanos, há que dirigir-se ao encontro do Senhor e falar-Lhe com humildade e confiança. É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em contacto com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos: «Faça-se a tua vontade». Este abando a Deus é importante para nós, pois Ele sabe o que mais nos convém ou não convém. De qualquer modo, havemos de louvar, dar graças, pedir perdão, oferecer, suplicar em qualquer circunstância. Esta atitude sapiencial enche-nos de paz, ainda que o Senhor não nos dê exactamente o que pedimos, porque nos põe em sintonia e em comunhão com Deus. Rezar é, sobretudo, encontrar o acesso a Deus, a ligação entre a terra e o céu.
zar de modo eficaz. A oração que, segundo Carlos de Foucauld, consiste em pensar em Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de uma qualquer circunstância. Pode um aspecto da Natureza, que nos leva a apreciar a sabedoria do Criador, que tudo dispôs com ordem e beleza. Mas também pode ser um sofrimento provocado por grave doença, uma qualquer crise que nos perturba física e psiquicamente, a traição de um amigo, um insucesso profissional... Nestas circunstâncias pode ser mais difícil elevar-nos para Deus, dar-nos conta do amor com que continua a envolver-nos. Mas é possível, se tivermos a atitude do pai de que nos fala o evangelho. Em qualquer circunstância, sem descurar os meios humanos, há que dirigir-se ao encontro do Senhor e falar-Lhe com humildade e confiança. É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em contacto com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos: «Faça-se a tua vontade». Este abando a Deus é importante para nós, pois Ele sabe o que mais nos convém ou não convém. De qualquer modo, havemos de louvar, dar graças, pedir perdão, oferecer, suplicar em qualquer circunstância. Esta atitude sapiencial enche-nos de paz, ainda que o Senhor não nos dê exactamente o que pedimos, porque nos põe em sintonia e em comunhão com Deus. Rezar é, sobretudo, encontrar o acesso a Deus, a ligação entre a terra e o céu.
Oratio
Senhor Jesus, faz-me compreender a lição do
milagre que hoje escuto no evangelho. Faz-me compreender que, para me curar,
tenho de passar pela morte como o jovem possesso. O importante é que me
estendas a mão e me levantes. Também o nosso mundo precisa de passar por uma
morte que prepare a ressurreição. Tu também aceitaste morrer para ressuscitar.
Para isso, confiando sempre na fidelidade e no poder do Pai, rezaste
intensamente durante a agonia. Ensina-me também a acreditar e a rezar para ser
iluminado e, através da morte, encontrar o caminho para a vida. Amen.
Contemplatio
O dom de sabedoria é um conhecimento saboroso
de Deus, dos seus atributos, de Jesus Cristo, do seu Coração e dos seus
mistérios. A inteligência ajuda-nos somente a conceber a Deus e os seus
atributos; mas a sabedoria representa-nos Deus, a sua grandeza, a sua beleza,
as suas perfeições, os seus mistérios como infinitamente adoráveis e amáveis: e
deste conhecimento resulta um gosto delicioso que se estende mesmo algumas
vezes até ao corpo, e que é maior ou menor conforme o estado de perfeição e de
pureza em que a alma se encontra. (Leão Dehon, OSP4, p. 551).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» (Mc 9, 24).
«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» (Mc 9, 24).
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Subsídio litúrgico a cargo de Fernando
Fonseca, scj
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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