26
Fevereiro 2019
Lectio
Primeira leitura: Ben Sirá 2, 1-13 (gr. 1-11)
Meu filho, se entrares para o serviço de Deus,
prepara a tua alma para a provação. 2Endireita o teu coração e sê constante,
não te perturbes no tempo do infortúnio. 3Conserva-te unido a Ele e não te
separes, para teres bom êxito no teu momento derradeiro. 4Aceita tudo o que te
acontecer, e tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação, 5porque no fogo
se prova o ouro e os eleitos de Deus, no cadinho da humilhação. Nas doenças e
na pobreza, confia nele. 6Confia em Deus e Ele te salvará,endireita os teus
caminhos e espera nele. 7Vós que temeis o Senhor, esperai na sua misericórdia,
e não vos afasteis, para não cairdes. 8Vós que temeis o Senhor, confiai nele, a
vossa recompensa não vos faltará. 9Vós, que temeis o Senhor, contai com a
prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia, pois a sua recompensa é um dom
eterno e jubiloso. 10Considerai as gerações antigas e vede: quem confiou no
Senhor e foi confundido? Quem perseverou no temor do Senhor e foi abandonado?
Quem o invocou e se sentiu desprezado? 11Porque o Senhor é compassivo e
misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector
dos que o procuram de coração sincero.
A tentação é um teste, uma prova à verdade ou
à falta dela, quando nos propomos servir a Deus. Por isso, o capítulo 2 do Ben
Sirá começa com as palavras: «Meu filho, se entrares para o serviço de Deus,
prepara a tua alma para a provação» (v. 1). Logo a seguir, indica algumas
regras práticas de comportamento para superar a provação: «Endireita o teu
coração e sê constante, não te perturbes no tempo do infortúnio. Conserva-te
unido a Ele e não te separes, para teres bom êxito no teu momento derradeiro.
Aceita tudo o que te acontecer, e tem paciência nas vicissitudes da tua
humilhação» (vv. 2-4). A provação é dura. Mas se usarmos os meios indicados,
podemos superá-la e verificar a autenticidade do nosso compromisso.
Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter «medo» de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: «Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele» (v. 6). O santo temor de Deus, assim entendido, é um excelente meio para superar a provação, a tentação. Ao terminar, o sábio lembra-nos que, para vencermos a provação, precisamos de um pouquinho da nossa boa vontade e de uma desmedida quantidade de amor divino: «Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero» (v. 11).
Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter «medo» de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: «Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele» (v. 6). O santo temor de Deus, assim entendido, é um excelente meio para superar a provação, a tentação. Ao terminar, o sábio lembra-nos que, para vencermos a provação, precisamos de um pouquinho da nossa boa vontade e de uma desmedida quantidade de amor divino: «Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero» (v. 11).
Evangelho: Marcos 9, 30-37
Naquele tempo, Jesus e os discípulos, partindo
dali, atravessaram a Galileia, e Ele não queria que ninguém o soubesse,
31porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai
ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de
ser morto, ressuscitará.» 32Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham
receio de o interrogar. 33Chegaram a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus
perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?» 34Ficaram em silêncio porque, no
caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. 35Sentando-se,
chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o
último de todos e o servo de todos.» 36E, tomando um menino, colocou-o no meio
deles, abraçou-o e disse-lhes: 37«Quem receber um destes meninos em meu nome é
a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me
enviou.»
O segundo anúncio da paixão é mais seco do que
o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão os autores da morte de Jesus. Os
discípulos nem se atrevem a fazer perguntas. Talvez porque conhecem as reacções
de Jesus, e a sua própria cegueira. Além disso, andavam ocupados com outros
pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar uma comunidade e que os elementos
fundadores eram eles. Preocupava-os a organização da comunidade. Até aí, não havia
falta. Mas também discutiam sobre quem deles seria o primeiro nessa comunidade.
Jesus admite que tem que haver um «primeiro», mas não à maneira da sociedade
civil. Por isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a
servir com humildade. «Servir», em sentido bíblico, é servir a Deus e,
portanto, também ao próximo. Este «serviço» liberta do egoísmo, vício dominante
do homem. Quem quiser ser o primeiro «há-de ser o último de todos e o servo de
todos» (v. 35). Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no
sofrimento, mas, sobretudo, no amor oblativo e desinteressado. Aquele que sabe
ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus.
Por isso, coloca-se em atitude de acolhimento: «quem me receber, não me recebe
a mim mas àquele que me enviou» (v. 37). É comparável a uma criança que recebe
tudo e a todos com simplicidade, humildade e pobreza, e se abandona
confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.
Meditatio
Quando alguém se propõe servir a Deus,
geralmente espera encontrar serenidade e receber logo, não talvez cem por um de
quanto deu ao Senhor, mas, pelo menos, tranquilidade e paz. Mas Deus nem sempre
permite que isso aconteça. Na primeira leitura de hoje avisa-nos mesmo: «Meu
filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação»
(v. 1). Sendo assim, a provação não é um mal, mas um bem, um sinal do amor de
Deus, a condição para crescermos no seu amor, para recebermos grandes graças. Por
isso, continua: «tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação, porque no
fogo se prova o ouro e os eleitos de Deus, no cadinho da humilhação.» (vv.
4-5). Deus sabe que levamos em nós algo de muito precioso. Submete-nos à
provação para que esse tesouro se torne mais belo e agradável aos seus olhos.
Da nossa parte, nada mais convém fazer senão abandonar-nos e apoiar-nos no
Senhor: «Confia em Deus e Ele te salvará» (v. 6).
A vida dos que pretendem servir o Senhor há-de ser recta e unificada pelo amor de Deus. Deve decorrer, não no medo, mas no temor de Deus, isto é, num profundo respeito, permeado de amor por Ele: «Ai do coração pusilânime, e das mãos desfalecidas, e do pecador que segue dois caminhos!» (2, 12). O temor do Senhor é garantia dos favores divinos: «Vós, que temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia» (2, 9).
Jesus, o Servo de Deus por excelência, também passou pela provação. Quando se preparava para subir a Jerusalém, preparou os discípulos para não serem simples espectadores do que ia tã
;o intensamente viver. Consciente das dificuldades, foi-os educando progressivamente a diversos valores: à escolha do último lugar, à renúncia a miragens demagógicas, ao acolhimento dos que não contam, como as crianças. Procura prepará-los para a cruz, que não hão-de apenas pelo seu lado negativo, mas como caminho de ressurreição. O mistério pascal nasce da combinação de paixão/morte e ressurreição. Os discípulos estavam sujeitos à tentação de pararem antes da chegada a Jerusalém, de arredarem caminho, de recorrem a atalhos ou caminhos mais largos. Era a provação dos discípulos há dois mil anos, e continua a sê-la também hoje. Se escutarmos o aviso do Ben Sirá - «Confia em Deus e Ele te salvará» - venceremos a provação e poderemos subir a Jerusalém para celebrar a sua e a nossa páscoa.
A vida dos que pretendem servir o Senhor há-de ser recta e unificada pelo amor de Deus. Deve decorrer, não no medo, mas no temor de Deus, isto é, num profundo respeito, permeado de amor por Ele: «Ai do coração pusilânime, e das mãos desfalecidas, e do pecador que segue dois caminhos!» (2, 12). O temor do Senhor é garantia dos favores divinos: «Vós, que temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia» (2, 9).
Jesus, o Servo de Deus por excelência, também passou pela provação. Quando se preparava para subir a Jerusalém, preparou os discípulos para não serem simples espectadores do que ia tã
;o intensamente viver. Consciente das dificuldades, foi-os educando progressivamente a diversos valores: à escolha do último lugar, à renúncia a miragens demagógicas, ao acolhimento dos que não contam, como as crianças. Procura prepará-los para a cruz, que não hão-de apenas pelo seu lado negativo, mas como caminho de ressurreição. O mistério pascal nasce da combinação de paixão/morte e ressurreição. Os discípulos estavam sujeitos à tentação de pararem antes da chegada a Jerusalém, de arredarem caminho, de recorrem a atalhos ou caminhos mais largos. Era a provação dos discípulos há dois mil anos, e continua a sê-la também hoje. Se escutarmos o aviso do Ben Sirá - «Confia em Deus e Ele te salvará» - venceremos a provação e poderemos subir a Jerusalém para celebrar a sua e a nossa páscoa.
Oratio
Pai santo, o teu Filho Jesus Cristo, depois de
anunciar aos discípulos a sua morte, manifestou-lhes no monte santo o esplendor
da sua glória. Mostrou assim que, pela sua Paixão, alcançaria a glória da
ressurreição. Fortalece, com o alimento interior da tua palavra, a oblação dos
sofrimentos que fazem parte da nossa vida reparadora.Que ela, unida à de teu
Filho, nos santifique o corpo e o espírito para celebrarmos dignamente as festas
pascais e nos alegrarmos um dia na visão da tua glória. Amen.
Contemplatio
Deus compraz-se naqueles que caminham diante
dele na simplicidade do seu coração: compraz-se naqueles que caminham com
simplicidade diante dele. É no livro dos Provérbios (Prov. 11). Deus detesta os
corações duplos e hipócritas. Aqueles que usam a dissimulação e a astúcia
provocam a sua cólera (Job 36). O Espírito Santo retira-se daqueles que são
duplos e dissimulados (Sb 1, 5). Natanael ganhou o coração de Nosso Senhor pela
simplicidade e rectidão do seu coração (Jo 1, 47). Deus não desprezará nunca a
simplicidade, diz Job. Não rejeitará aqueles que se aproximam dele com
simplicidade: não repele os simples (Job 8,10). O Espírito Santo assegura-nos
que os cumulará com os seus dons e as suas bênçãos: Os simples possuirão os
seus bens (Prov. 28,10). O simples é bem sucedido nos seus desígnios e Deus
abençoa-O. Segue os caminhos de Deus; pode caminhar com confiança (Prov. 10,9 e
29). Deus frustrará os que são dúplices e dará as suas graças aos humildes
(Prov. 3,34). Os simples são acarinhados, estimados por Jesus, como aquelas
crianças do Evangelho que Jesus atraía apesar dos seus apóstolos. «É imitando
esta inocência e esta candura de crianças, dizia Jesus, que vos haveis de
tornar agradáveis ao meu coração» (Mt 18). Como é que havemos de hesitar em
amar e em praticar a simplicidade? (Leão Dehon, OSP 3, p. 48s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Se alguém quiser ser o primeiro, faça-se servo de todos.» (cf. Mc 9, 35).
«Se alguém quiser ser o primeiro, faça-se servo de todos.» (cf. Mc 9, 35).
__________________
Subsídio litúrgico a cargo de Fernando
Fonseca, scj
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos !!!
ResponderExcluir