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Setembro 2019
Lectio
Primeira leitura: 1 Timóteo 3, 14-16
Caríssimo: escrevo-te estas coisas, na
esperança de ir ter contigo em breve. 15Porém, eu quero que saibas como deves
proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da
verdade. 16Grande é - todos o confessam - o mistério da piedade: Aquele que foi
manifestado na carne, foi justificado no Espírito, apresentado aos anjos,
anunciado às nações, acreditado no mundo, exaltado na glória.
Os três versículos, que hoje escutamos, são o
núcleo de uma teologia profunda, onde a eclesiologia e a cristologia andam a
par, como sempre acontece no Novo Testamento.
Embora pense dirigir-se a Éfeso, Paulo escreve a Timóteo dando-lhe indicações para o bom governo da igreja a que preside. Paulo chama à Igreja «casa de Deus», seja no sentido de edifício espiritual (cf. Ef 4, 12), seja no sentido de família (cf. 1 Tm 1, 16): os cristãos são «familiares de Deus» (cf. Ef 2, 19). Sendo casa do Deus vivo, a Igreja é «coluna e sustentáculo da verdade» (v. 15). Ecoam aqui as palavras de Jesus a Pedro: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 17).
O edifício da Igreja guarda, não uma qualquer filosofia, mas «um mistério de fé» (v. 19), revelado por Deus aos seus santos (cf. Cl 1, 26). Este mistério concentra-se e realiza-se em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. E é através da Igreja que se chega a Cristo!
Embora pense dirigir-se a Éfeso, Paulo escreve a Timóteo dando-lhe indicações para o bom governo da igreja a que preside. Paulo chama à Igreja «casa de Deus», seja no sentido de edifício espiritual (cf. Ef 4, 12), seja no sentido de família (cf. 1 Tm 1, 16): os cristãos são «familiares de Deus» (cf. Ef 2, 19). Sendo casa do Deus vivo, a Igreja é «coluna e sustentáculo da verdade» (v. 15). Ecoam aqui as palavras de Jesus a Pedro: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 17).
O edifício da Igreja guarda, não uma qualquer filosofia, mas «um mistério de fé» (v. 19), revelado por Deus aos seus santos (cf. Cl 1, 26). Este mistério concentra-se e realiza-se em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. E é através da Igreja que se chega a Cristo!
Evangelho: Lucas 7, 31-35
Naquele tempo, disse Jesus: «A quem, pois,
compararei os homens desta geração? A quem são semelhantes? 32Assemelham-se a
crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo:'Tocámos
flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!'
33Veio João Baptista, que não come pão nem bebe vinho, e dizeis: 'Está possesso
do demónio!' 34Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: 'Aí está um
glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!'
35Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.»
Depois de estabelecer uma relação entre Jesus
e o profeta Elias, Lucas compara-O a João Baptista. As diferenças entre os dois
são evidentes e significativas. O objectivo de Lucas e sublinhar a simpatia com
que o povo simples acolhe Jesus, em contraste com a atitude dos fariseus e
doutores da lei. Por isso, é bom ler os vv. 29 ss. Que precedem esta página
evangélica.
Jesus usa uma comparação que deixa transparecer o seu duro juízo acerca dos seus contemporâneos. A pergunta inicial é certamente retórica. Não se refere a todos os contemporâneos de Jesus, mas apenas àqueles que, não tendo prestado atenção ao Precursor, também agora O não querem ouvir. Essas pessoas são como as crianças que se recusam a participar tanto na alegria dos casamentos como na tristeza dos funerais. Parece tratar-se da obstinação com que alguns Judeus recusaram a Palavra de Deus, personificada em Jesus. Revelam um coração impermeável a todo e qualquer convite à penitência e à conversão.
Sob o ponto de vista histórico, demos atenção a duas expressões, uma dirigida a João: «Está possesso do demónio!» (v. 33) e outra dirigida a Jesus: «Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e pecadores!» (v. 34). Duas desculpas fáceis, que revelam uma mentalidade fechada e unicamente capaz de condenar sem piedade. A expressão final relativa à sabedoria que foi justificada «por todos os seus filhos» (Mt escreve «pelas suas obras») leva-nos a pensar noutra categoria de pessoas diametralmente oposta: aqueles que buscam a verdade e que se deixam interpelar por toda a verdadeira pregação, abrindo-se ao de espírito de Deus que actua nas palavras e nas obras de Jesus.
Jesus usa uma comparação que deixa transparecer o seu duro juízo acerca dos seus contemporâneos. A pergunta inicial é certamente retórica. Não se refere a todos os contemporâneos de Jesus, mas apenas àqueles que, não tendo prestado atenção ao Precursor, também agora O não querem ouvir. Essas pessoas são como as crianças que se recusam a participar tanto na alegria dos casamentos como na tristeza dos funerais. Parece tratar-se da obstinação com que alguns Judeus recusaram a Palavra de Deus, personificada em Jesus. Revelam um coração impermeável a todo e qualquer convite à penitência e à conversão.
Sob o ponto de vista histórico, demos atenção a duas expressões, uma dirigida a João: «Está possesso do demónio!» (v. 33) e outra dirigida a Jesus: «Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e pecadores!» (v. 34). Duas desculpas fáceis, que revelam uma mentalidade fechada e unicamente capaz de condenar sem piedade. A expressão final relativa à sabedoria que foi justificada «por todos os seus filhos» (Mt escreve «pelas suas obras») leva-nos a pensar noutra categoria de pessoas diametralmente oposta: aqueles que buscam a verdade e que se deixam interpelar por toda a verdadeira pregação, abrindo-se ao de espírito de Deus que actua nas palavras e nas obras de Jesus.
Meditatio
A «Igreja do Deus vivo» é, de verdade, «coluna
e sustentáculo da verdade», como lemos na primeira leitura (v. 15). Mas
acontece com ela o que já aconteceu com Jesus. Perante Ele, muitos adultos
tinham atitudes semelhantes às das crianças insatisfeitas, que se negam a
manifestar alegria, como seria próprio numa festa de casamento, mas também se
recusam a manifestar tristeza e a chorar, como seria próprio de um funeral.
Jesus serviu-se de cenas semelhantes, certamente observadas no meio onde vivia,
para desmascarar a atitude espiritual de muita gente bem pensante, «os fariseus
e doutores da lei», pouco antes mencionados (Lc 7, 30). São pessoas sempre
descontentes. Se se apresenta um enviado de Deus, que convida à conversão,
põe-se a rir, a examinar o mensageiro, procurando motivos para o criticar, e
assim dispensar-se, de consciência tranquila, de acolher a sua mensagem.
Foi o que aconteceu com João Baptista e, logo a seguir, com Jesus. Veio João, homem extremamente austero, e os fariseus souberam encontrar motivos para o criticar e para decretar que o seu modo de viver não era razoável, que não podia ser inspirado por Deus, que era inspirado pelo demónio; veio Jesus, com um comportamento menos fora do comum, pois percorria «as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças» (Mt 9, 35), vivia no meio das pessoas, comia e bebia com elas (Lc 7, 30; 14, 1), sabia que devia «tornar-se em tudo semelhante aos irmãos» (Heb 2, 17), mas nem Jesus foi acolhido de modo positivo. Os fariseus e doutores da lei encontraram motivos para decretar que era uma pessoa demasiado comum e acessível para ser um enviado de Deus: «Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!» (Lc 7, 34).
Não será que também nós, muitas vezes, reagimos como as crianças da praça. Como os fariseus e doutores da lei? Não nos armamos, também nós, em sabedores e críticos perante certas propostas de mudança de vida, que nos vem de Deus, através dos pastores a quem confia o ministério de nos guiar no caminho da fé? Jesus fala de crianças «sentadas nas praças» (v. 32). Provavelmente recusavam toda e qualquer proposta de jogo ou de festa, porque não queriam levantar-se, mexer-se. Assim também, as críticas dos doutores da lei obedeciam a uma táctica para proteger o seu imobilismo espiritual. Não queriam mexer-se, não queriam renunciar à sua posição estável e empreender um novo caminho, em docilidade do Espírito.
Não se usam, na Igreja, tácticas semelhantes para não obedecer, para não actuar, para resistir ao Senhor, que nos fala através dos pastores que põe à frente das comunidades? Quem exerce um ministério na Igreja, também nas comunidades religiosas, está exposto a críticas, por vezes severas e malévolas; corre o risco de ser deixado só, marginalizado. É uma cruz frequente e pesada. Nessas condições, o
"ministro" não deve armar-se em vítima. Pelo contrário, deve procurar a força para carregar a cruz, na oração ao Espírito Santo, na convicção de ser verdadeiro oblato, procurando e conduzindo «como o único necessário, uma vida de união à oblação de Cristo» (Cst 26). Diga com S. Paulo: «Alegro-me nos meus sofrimentos por vós e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos (melhor dizendo, "tribulações") de Cristo, pelo Seu corpo que é a Igreja» (Cl 1, 24).
Foi o que aconteceu com João Baptista e, logo a seguir, com Jesus. Veio João, homem extremamente austero, e os fariseus souberam encontrar motivos para o criticar e para decretar que o seu modo de viver não era razoável, que não podia ser inspirado por Deus, que era inspirado pelo demónio; veio Jesus, com um comportamento menos fora do comum, pois percorria «as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças» (Mt 9, 35), vivia no meio das pessoas, comia e bebia com elas (Lc 7, 30; 14, 1), sabia que devia «tornar-se em tudo semelhante aos irmãos» (Heb 2, 17), mas nem Jesus foi acolhido de modo positivo. Os fariseus e doutores da lei encontraram motivos para decretar que era uma pessoa demasiado comum e acessível para ser um enviado de Deus: «Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!» (Lc 7, 34).
Não será que também nós, muitas vezes, reagimos como as crianças da praça. Como os fariseus e doutores da lei? Não nos armamos, também nós, em sabedores e críticos perante certas propostas de mudança de vida, que nos vem de Deus, através dos pastores a quem confia o ministério de nos guiar no caminho da fé? Jesus fala de crianças «sentadas nas praças» (v. 32). Provavelmente recusavam toda e qualquer proposta de jogo ou de festa, porque não queriam levantar-se, mexer-se. Assim também, as críticas dos doutores da lei obedeciam a uma táctica para proteger o seu imobilismo espiritual. Não queriam mexer-se, não queriam renunciar à sua posição estável e empreender um novo caminho, em docilidade do Espírito.
Não se usam, na Igreja, tácticas semelhantes para não obedecer, para não actuar, para resistir ao Senhor, que nos fala através dos pastores que põe à frente das comunidades? Quem exerce um ministério na Igreja, também nas comunidades religiosas, está exposto a críticas, por vezes severas e malévolas; corre o risco de ser deixado só, marginalizado. É uma cruz frequente e pesada. Nessas condições, o
"ministro" não deve armar-se em vítima. Pelo contrário, deve procurar a força para carregar a cruz, na oração ao Espírito Santo, na convicção de ser verdadeiro oblato, procurando e conduzindo «como o único necessário, uma vida de união à oblação de Cristo» (Cst 26). Diga com S. Paulo: «Alegro-me nos meus sofrimentos por vós e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos (melhor dizendo, "tribulações") de Cristo, pelo Seu corpo que é a Igreja» (Cl 1, 24).
Oratio
Senhor, dá-nos a graça de reconhecermos nas
testemunhas que pões no nosso caminho, as marcas de vida do teu Filho, mesmo
que nos sintamos incomodados com elas e convidados à mudança, à conversão. Que jamais
arranjemos desculpas, mais ou menos esfarrapadas, para sossegarmos a
consciência e permanecermos acomodados e imóveis nas situações, nos ofícios,
nos hábitos adquiridos. Apoiados na rocha que é Cristo, teu filho e nosso
irmão, combateremos o bom combate da fé, no mundo incrédulo e indiferente em
que vivemos. Acolhendo o teu Espírito, seremos ser instrumentos eficazes do teu
projecto de amor para a salvação de todos os homens. Amen.
Contemplatio
Peçamos a Nosso Senhor esta graça da
simplicidade e docilidade de espírito. - Peçamos esta direcção, estas luzes que
nos são necessárias com a nossa docilidade para as seguir. Digamos com David:
«Senhor, dirigi os meus passos nas vossas veredas, para que não me desvie» (Sl
16) e com Salomão: «Dai, Senhor, ao vosso servo um coração dócil, para que
saiba discernir o bem do mal» (1Rs 3). Sinto que tenho tanta necessidade do
socorro divino para me conduzir através de tantos escolhos, de armadilhas e de
inimigos que a minha alma encontra no seu caminho e que quereriam impedi-la de
permanecer unida ao Coração de Jesus. Tenho um corpo frágil para conduzir com
os meus sentidos, a minha língua, os meus olhos, os meus apetites, e faltam-me
luzes. Peço-vos, Senhor, quero escutá-las com docilidade. Quero ser
particularmente dócil aos ensinamentos do mistério de Natal. Vou lá buscar o
espírito de criança, a humildade, o espírito de sacrifício. - Divino infante do
presépio, transformai-me em vós. (Leão Dehon, OSP 4, p. 571s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Grande é o mistério da piedade!» (1 Tm 3, 16).
«Grande é o mistério da piedade!» (1 Tm 3, 16).
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