SEXTA FEIRA DO TC DEPOIS DE PENTECOSTES 20/05/2016
1ª Leitura Eclesiástico 6, 5-17
Salmo 102/103, 8 a “O Senhor é Bom e Misericordioso”
Evangelho Marcos 10, 1-12
“QUE O HOMEM NÃO SEPARE..."
Não há quem não goste de originalidade, é assim no mundo das artes
e no processo de produção principalmente no ramo de auto peças. Peça original
custa mais caro, justamente porque é original. Nas artes há o direito autoral,
que visa assegurar entre outras coisas que a obra não será descaracterizada,
pois caso isso venha a ocorrer, ela se torna uma falsificação e perde o seu
valor.
Sobre a importância de uma peça original em um veículo, por
exemplo, nem é preciso argumentar sobre a qualidade e o desempenho, além da sua
vida útil, que é bem maior quando a mesma é original.
Nos anos 70, durante a “febre” dos produtos importados, quando se
queria desdenhar do objeto de alguém, a gente dizia de maneira irônica que
aquele objeto era do Paraguai, isso significava falsificado.
Fiz essa introdução porque me parece ser esta a “queixa” de Jesus
em relação a Lei do divórcio, que tinha um embasamento religioso “no princípio
Deus os fez Homem e Mulher, e o homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher
e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma denúncia explícita sobre a “falsificação” que os
homens fizeram da união do homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes
deparo com casais em segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome
da Igreja, que fazem questão de dizer que agora sim, são felizes. Na
misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no
fundo eu volto aos meus tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai,
não tem nada de original”.
Uma lei, mesmo de caráter religioso como era a Lei de Moisés, nunca
poderá permitir a separação do casal, porque vai contra o Plano do Criador ao
falsificar sua obra prima, tirando dela o seu traço mais original: o amor
ágape, da entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a felicidade
do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel
sem que isso represente um peso insuportável, do amor que busca constantemente
o diálogo, a compreensão, o perdão, do amor que se alegra, que é sempre
caridoso e compassivo. Essas virtudes fazem da união conjugal o sinal mais
evidente do amor de Deus.
Na obra da criação nada há mais perfeito que o homem e a mulher,
pois os rios, florestas, montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor
falam-nos de Deus, mas nunca serão à sua imagem e semelhança por isso, na
criação do homem e da mulher, toda a obra da Criação é exaltada e atinge o seu
cume.
Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável a união
de Cristo e da sua Igreja, como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem
reconhece essa perfeição quando exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos
meus ossos e carne da minha carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e
autenticidade dessa união, como a coloca em nível de sacramento, tornando-a um
sinal do Amor de Deus. Ninguém em sã consciência faltará ao respeito para com o
Pavilhão Nacional, mesmo porque se for feito em público, o transgressor sofrerá
punição da Lei, é isso que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o
Homem não separe aquilo que Deus uniu.
Os discípulos não entenderam toda a magnitude da comunhão de vida
entre o homem e a mulher, e em casa falaram reservadamente ao Mestre. Jesus vai
então deixar bem claro “O homem que deixar sua mulher e se unir à outra,
cometerá adultério contra a primeira, e se a mulher repudia o marido e se casa
com outro, comete adultério”.
Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e o
acolhimento a tantos recasados, mas que também não falte a eles, a humildade de
reconhecer que romperam um vínculo sagrado, preferindo falsificar uma união,
porque não acreditaram no poder e na força da Graça que um dia receberam no
altar, quando manifestaram diante de Deus a decisão de viverem juntos a vida
inteira. (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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