08- Terça
- Evangelho - Mt 1,1-16.18-23
O
que nela foi gerado vem do Espírito Santo.
Hoje
celebramos com alegria a Natividade de Nossa Senhora. A festa acontece
exatamente nove meses após a Imaculada Conceição. Aquela que foi concebida sem
pecado, hoje nasce, para a alegria de todos nós.
A
Igreja atribui a Maria a aclamação do povo a Judite, depois que venceu
Holofernes, o general inimigo: “Tu és a glória de Jerusalém; tu és a alegria de
Israel, tu és a honra do nosso povo” (Jt (Judite), 15,10).
Jerusalém
simboliza a Igreja. Ela é a nova Jerusalém que desce do céu: “Eu vi descer do
céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada
para o esposo” (Ap 21,2; Cf Ap 3,12). Maria é a glória da Igreja, pois é o seu
membro mais santo e mais querido de Deus.
Israel
é Israel mesmo. Maria é a alegria de Israel, porque nela se realiza a vocação
de Israel, que era trazer-nos o Messias.
“Nosso
povo” é a humanidade. Maria é a honra da humanidade, pois é, depois de Jesus, a
pessoa humana mais bela, mais perfeita e mais santa. Nela a vocação humana se
realiza perfeitamente em todos os sentidos.
Com
o nascimento de Maria, Deus começou a cumprir aquela promessa que fizera para a
serpente enganadora: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”
(Gn 3,15). Era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse
do Céu para habitá-la.
A
natividade de Maria foi apenas o início, a inauguração. É preciso que hoje
nasça em nós também uma renovada esperança e um desejo de Vida Nova, isto é, da
graça que Cristo nos trouxe. Essa vida divina em nós precisa ser renovada
sempre, senão fica velha.
O
Rei Davi queria construir uma casa para Deus, mas Deus lhe disse: “Não és tu
quem me edificará uma casa” (2Sm 7,5). Esta casa de Deus, além do Templo de
Jerusalém, construído por Salomão, o filho de Davi, é Maria, a casa bendita em
que seu Filho veio habitar entre nós.
Salve,
Mãe de Deus e nossa, Raiz de Jessé! Salve ventre bendito, Mãe das mães, Rainha
das rainhas! Flor única, a mais bela do mundo, que germinou o nosso Salvador!
Se
Deus prepara, com tanta sabedoria e carinho, cada ser da natureza, quanto mais
a sua própria Mãe!
Na
festa natalícia de Maria, nós louvamos e agradecemos a Deus a sua obra
redentora. “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à
Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos” (Gl 4,4-5).
No
Evangelho de hoje, próprio da festa, nós vemos o anjo dizer a José: “José,
Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela
concebeu pela ação do Espírito Santo.” Esta é a revelação principal, e o dado
de fé, que está no Evangelho de hoje.
Tudo
indica que Maria tinha posto José a par do que se passara com ela, na Anunciação.
A dúvida dele não se referia a Maria, mas a si próprio; não quer interferir nos
planos de Deus, os quais ele não entendia direito. Qual era o seu papel como
futuro marido de uma mulher a quem Deus tinha tocado com o seu Espírito?
A
palavra do anjo veio dar-lhe segurança, luz sobre a sua missão, e confiança em
Deus. Seria o pai “legal” do filho de Maria, vindo do Espírito Santo para
salvar o povo dos seus pecados. A dúvida foi vencida pela obediência da fé.
É
assim que S. José se liga com a dinastia messiânica: não só por razão de
genealogia, mas, e sobretudo, pelo dinamismo da obediência da sua fé, que o
impulsiona a aceitar uma missão obscura e sem brilho especial, mas muito
importante nos planos de Deus sobre a salvação humana.
Sem
ceder à tentação do abandono, o justo José entrou na radiante obscuridade do
mistério de Deus. A sua estatura humana agiganta-se a partir da fé que o
animou. José é um dos modelos bíblicos de fé.
A
vida de cada um de nós é vocação, projeto e prova de Deus. E deve ser também
resposta incondicional a ele, mesmo na obscuridade da fé, confiando em Deus.
Que
aprendamos de Maria e José, entre tantas outras virtudes, o respeito ao plano
de Deus e a disponibilidade a ela.
Na
lavoura de pêssegos, quando o pé está pequeno, o agricultor corta os galhos que
sobram. Quando nascem os pêssegos, ele arranca os mais fracos. Quando as frutas
crescem, ele coloca um saquinho em cada pêssego, para que os insetos não
coloquem neles bichinhos que vão estragar a fruta.
Se
o agricultor cuida bem de um pêssego, e o protege, quanto mais Deus cuida de
nós, seus filhos prediletos. E cuidou muito mais de Maria, cuja vocação era ser
a Mãe do seu Filho. Cuidou dela e a protegeu dos insetos malignos. Santa Mãe de
Deus, rogai por nós.
O
que nela foi gerado vem do Espírito Santo.
Padre
Queiroz
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