28- Segunda - Evangelho - Lc 9,46-50
O Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca sai de moda: a vaidade, a soberba, o orgulho, a avareza, ou seja, dos sete pecados capitais que se resume no desejo de ser grande. O desejo de se sentir importante é um dos mais primitivos desejos do ser humano. Aliás, o ditado popular diz que o coração do homem é insaciável de ambições. Quanto mais tem mais quer.
Diferentemente da nossa maneira de pensar, olhar e ver humanos,
Jesus nunca olha para uma pessoa, mas sempre olha através da pessoa. Quando
olhamos para alguém, não percebemos o que aquela pessoa está passando,
pensando, sentindo. Isso nós só conseguimos saber quando nos anulamos e nos
colocamos no lugar da outra pessoa. Jesus foi, então, o maior de todos os
psicólogos que já existiu. Ele sondava o coração, e era capaz de seraquela
pessoa.
Na passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu
que eles se perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos
como nós, e dentro do grupo, procuravam uma posição de destaque. Observe que
Jesus não coloca todos no mesmo patamar. Jesus admite que haja a possibilidade
de alguém ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos
Céus! Mas essa hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui, neste mundo, quanto maior for a sua posição, mais inacessível
você se torna. Na hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for, maior a
sua posição. Viu como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se
torna inacessível; no Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as pessoas tiverem medo e resistência em falar com você,
significa que algo está errado. O primeiro passo é assumir. Se você não
assumir, não vai conseguir nem passar para o segundo passo: descobrir o porquê.
A maioria das pessoas quer interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o
farão se encontrarem abertura no seu coração. E isto pode ser na forma de um
sorriso, uma brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo
nome. E esse já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai
ser tão solicitado, que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A
criança que Jesus tomou em seus braços nesta passagem, representa não só as
crianças, mas todos os que são excluídos neste mundo.
Jesus nos revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de
justiça, de vida plena para todos, abolindo os privilégios daqueles que
concentram poder a partir da acumulação de riquezas ou do prestígio religioso.
Percebe-se, nos Evangelhos, que os discípulos vindos do judaísmo sempre tiveram
dificuldades em compreendê-lo. Estavam tomados pela ideologia messiânica
nacionalista. Como Jesus falou para eles sobre a fragilidade de sua condição
humana, vulnerável ao sofrimento e à morte, aludindo ao fim que pressentia
acontecer em Jerusalém e os discípulos não entenderam e logo em seguida, passam
a discutir quem seria o maior, pensando que Jesus estaria na iminência de
conquistar o poder, assim também Ele quer falar para nós. Jesus nos apresenta
como exemplo e, sobretudo, condição para sermos os maiores no Seu Reino o olhar
puro e simples de uma criança. A criança como símbolo e modelo de humildade e
exclusão do Reino dos Céus. Somos chamados a viver dedicados ao serviço, sem
pretensões ao poder e a privilégios.
Pai, que eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu
semelhante, de modo especial, aos mais necessitados, pois nisto consiste minha
verdadeira grandeza de discípulo. E que nesta busca eu seja simples, puro e
humilde como as crianças.
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