1
de Outubro de 2015
Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos 72 discípulos. Eles são enviados “na frente” do Senhor, como precursores, como preparadores da chegada do reino de Deus. O número 72 é simbólico e indica a universalidade da missão: o número 72 é múltiplo de 12 para representar a totalidade do povo de Deus.
A
missão, portanto, não é uma tarefa somente de alguns, do grupo dos doze, mas
uma obra também dos leigos, ou seja, de todos os cristãos. Assim, a missão é
universal desde a sua origem e compreende todos. O texto especifica que Jesus
envia “dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas
de uma comunidade. O fato de serem enviados de dois a dois também quer mostrar a
credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um pode dar ao
outro no caso de desânimo diante das dificuldades.
Jesus,
depois de ter falado em semente e em arado, fala agora de colheita. Esta
última, por sua vez, é imensa, mas os trabalhadores disponíveis são poucos.
Ontem e hoje vivemos a mesma situação! É um trabalho gigantesco, e nunca haverá
trabalhadores suficientes; só o Pai pode chamá-los e enviá-los. Assim, é
necessário rezar a Ele, pedindo que chame mais pessoas. É justamente por causa
da extensão da missão que Jesus chama mais este grupo de ajudantes, e, mesmo
assim, são poucos diante da imensidão da missão que Ele tem pela frente e da
qual nos torna participantes.
Jesus
faz o envio: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. É a
imagem clássica da fraqueza diante da violência. A missão é uma obra difícil e
perigosa. Aqueles que Ele enviou devem cumprir fielmente o seu trabalho, mas
não devem exigir demasiado de si mesmos nem entrar em pânico diante da grandeza
da missão. Devem, sim, ter consciência que não será uma tarefa fácil e que nem
sempre serão recebidos de braços abertos. Devem fazer sua parte, com
competência e perseverança, pois, em último caso, a responsabilidade é de Deus,
e Ele não vai deixar cair em ruínas a sua messe, mandando trabalhadores
necessários para isto.
A
mensagem a ser levada é o dom da paz, no sentido mais completo, para as pessoas
e às famílias, e, sobretudo, a mensagem de que “o Reino de Deus está próximo de
vós”. O reino de Deus é, antes de tudo, uma pessoa: Jesus. Quem O acolhe
encontra a vida, a alegria, a missão de anunciá-Lo.
O
gesto de bater, sacudir a poeira dos pés, era um gesto simbólico dos israelitas
que, ao ingressar de novo no próprio país, depois de terem estado em terra
pagã, não queriam ter nada em comum com o modo de vida deles. Libertar-se da
poeira que se grudou aos pés enquanto estavam em território pagão significava
ruptura total com aquele sistema de vida. Fazendo isso, os discípulos
transferem toda a responsabilidade pela rejeição da Palavra àqueles que
os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do Evangelho. E a paz oferecida não se
perde, mas volta a quem oferece.
O
estilo da missão de Jesus e dos discípulos é o oposto daquele dos poderosos que
o mundo de hoje idolatra. Não se baseia sobre a vontade de dominar, a
arrogância ou a ambição, mas sobre a proposta humilde, respeitosa, atenta aos
mais fracos, oferecida na gratuidade, sem buscar outras recompensas. O
Evangelho de Jesus é uma mensagem de vida verdadeira para quem confia somente
em Deus, que é Pai e também Mãe: “como uma mãe que acaricia o filho, assim eu
vos consolarei” e em Cristo crucificado e ressuscitado.
Os
72 tinham uma tarefa nova e difícil. Mas, estes voltam para Jesus muito
contentes porque ficaram impressionados pelos prodígios que puderam ver. Jesus
freia um pouco esta alegria e diz: “antes, ficai alegres porque vossos nomes
estão escritos no céu”.
Como
podemos, nós, discípulos de Jesus, seguir nossa missão em meio aos lobos do
tempo atual? A missão é mais forte do que o medo. Às vezes, somos tomados por
pensamentos negativos, tipo “o que vão pensar?” ou “o que vão dizer?”. É humano
sentir medo, mas a missão deve superar os nossos temores. Nenhum profissional
tem medo de falar de sua profissão. Então, por que deveríamos, nós cristãos,
ter medo de falar de Cristo, da sua pessoa, da sua verdade, da sua vida, do seu
amor, do seu mistério? A fé e a missão começam no coração e devem terminar nos
lábios e nas ações. Não podemos deixar que o receio atrapalhe a nossa missão
cristã.
Pai,
que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado não me faça
recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu Filho Jesus.
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