27- DOMINGO
- Evangelho - Mc 9,38-43.45.47-48
João
disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu
nome, e lho proibimos.
Esse
alguém que expulsava demônios em nome de Jesus não pertencia ao grupo dos 12 e,
portanto, segundo eles, não poderia fazer aquilo. Uma demonstração de
ciúmes por parte de Pedro de do grupo seguidor direto do Mestre. Aquele
exorcismo, feito por um desconhecido, para os apóstolos estava mais parecendo
com uma forma de concorrência. Os discípulos se sentiram enciumados como
acontece às vezes nas comunidades, quando vem alguém de fora e quer se
entrosar, partilhar, participar, e nem sempre a acolhida é do tipo daquela
feita por Jesus. Os discípulos talvez se julgassem detentores exclusivos da
missão de expulsar demônios, não admitindo a participação de outros.
Já
vi esse filme antes. Infelizmente, no meio de nós que pregamos a inclusão, que
denunciamos a exclusão, que incentivamos a acolhida, sem o perceber,
podemos ter ciúmes de algum cristão ou cristã talentosa que aparece,
assim do nada em nossa comunidade, e se destaca de forma impressionante.
Por
que isso? Por que isso acontece? Porque somos humanos, ridículos e limitados
que só usamos 10% da nossa cabeça animal e uns 45% da nossa vocação religiosa,
no nosso dia-a-dia.
Mais
a atitude do mestre diante da explicação de João, foi como sempre: serena,
tranqüila, firme, justa e de extrema tolerância em relação ao exorcista anônimo
que usou o seu nome para fazer o bem. Jesus não está vendo aquele ocorrido pelo
lado da concorrência, mais sim, pelo lado da confluência do bem, muito
embora aquele referido indivíduo não tenha sido catequizado ou recrutado
por Ele. Por isso Jesus desaprova a proibição que lhe fora imposta pelos seus
discípulos. Porque se alguém de fato, foi capaz de realizar um milagre,
invocando o nome de Jesus, é porque esse alguém está em sintonia com Jesus.
Prezados
irmãos. Se Jesus hoje aparecesse de repente em uma de nossas comunidades,
certamente iria fazer um inflamável discurso corrigindo muitas coisinhas
indevidas para não dizer erradas que andam acontecendo no nosso convívio. Uma
delas é o modo fechado com que nossas comunidades operam, dificultando o
ingresso de novos cristãos de boa vontade que querem partilhar seus talentos
dados por Deus para o crescimento da Igreja e para o bem do reino de Deus.
"E
quem vos der de beber um copo de água porque sois de Cristo, digo-vos em
verdade: não perderá a sua recompensa."
Não
vamos perder a oportunidade de acolher, alimentar e dispor tudo o que possuímos
para contribuir com os sacerdotes, pois além de ser a nossa obrigação, teremos
a nossa recompensa, que é garantida e prometida por Cristo no evangelho de
hoje.
Jesus
nos adverte para que não escandalizemos os pequenos, ou seja, as crianças.
"Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que crêem em
mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o
lançassem ao mar!"
Não
se desespere! Se você já fez isso, sem querer ou mesmo intencionalmente
praticou algum ato imoral, por exemplo, na presença de uma criança, é só se
arrepender sinceramente, prometer que nunca mais vai fazer isso, e procurar um
sacerdote para fazer uma boa confissão. Não se esqueça que nem tudo está
perdido em sua vida. Deus é Pai, Deus nos perdoa,
"Se
a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrares na vida
aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo
inextinguível"
Que
dureza! Jesus mais uma vez joga pesado. Já pensou? Quantos de nós que estariam
andando por aí agora sem mãos? Sem olhos?
Quais
os pecados que cometemos com as mãos? Pegar as coisas alheias, bater nos
irmãos, se auto-acariciar buscando o prazer de forma egoísta, para não dizer,
masturbar-se, fazer gestos que ofendem maltratam os outros, que mais?
Jesus
exagerou em sua explicação, para nos mostrar três coisas básicas e muito
importantes para a nossa salvação:
Primeiro,
o tamanho da gravidade do pecado para o futuro da nossa alma. Pois na verdade é
melhor ter uma mão só, do que ter as duas e ir para o inferno;
Segundo,
aqui Cristo nos deixa bem claro que mesmo que sejamos cristãos praticantes,
daqueles que comunga quase que diariamente, mesmo que sejamos evangelizadores,
até mesmo sacerdotes, não merecemos a salvação eterna, por que por mais que nos
esforcemos, nunca seremos perfeitos sem nenhum defeitinho. Portanto, é bom que
continuemos a nos esforçar em busca da aproximação da perfeição, mais a NOSSA
SALVAÇÃO ACONTECERÁ PELA GRAÇA DE DEUS e não, necessariamente, pelo nosso
merecimento.
Terceiro.
O inferno existe moleque! É Jesus quem está dizendo. Aí. Se liga na
parada! Digo, se liga na palavra: "...melhor te é entrares coxo na
vida eterna do que, tendo dois pés, seres lançado à geena do fogo inextinguível"
Está
aí, a afirmação de Jesus Cristo, para rebater aqueles que se desculpam dizendo:
Que nada! O inferno não existe! Inferno é isso aqui mesmo. Aqui se faz, aqui se
paga!
Como
acabamos de ver, o Evangelho de hoje é muito rico em ensinamentos que o Mestre
nos dá para que não sejamos merecedores um dia daquele fogo que não se apaga.
Porque Jesus não nos condena. Nós é que nos condenamos.
José Salviano, ótima reflexão; encantei ainda mais pela antecipação, assim nós leigos poderemos fazer um belo trabalho. Deus te dê muita saúde.
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