21/09/2015
S. Mateus,
Apóstolo e Evangelista
S.
Mateus era um cobrador de impostos, profissão pouco bem conceituada. Jesus
chamou-o a segui-lo. É o próprio Mateus que, de modo muito simples, nos conta a
sua conversão (cf. Mt 9, 1-9). Lucas evidencia o banquete oferecido por Mateus,
em que Jesus está presente e revela o seu amor misericordioso pelos pecadores.
Dotado de certa cultura, Mateus foi o primeiro a recolher por escrito os
acontecimentos da vida de Jesus, que testemunhara, agrupando-lhe nesse quadro
os ensinamentos do Mestre. O seu evangelho, escrito entre os anos 62 e 70, é
especialmente destinado aos seus compatriotas judeus. Apresenta Jesus como o
novo Moisés, aquele que dá ao novo Povo de Deus a nova lei do amor. Mateus dá
também grande atenção à Igreja que Jesus convoca, salva e institui.
Lectio
Primeira
leitura: Efésios 4, 1-7.11-13
Eu, o prisioneiro no
Senhor, exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que
recebestes; 2com
toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no
amor, 3esforçando-vos
por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. 4Há um só Corpo e um só
Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; 5um só Senhor, uma só
fé,um só baptismo; 6um
só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em
todos. 7Mas, a
cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. 11E foi Ele que a alguns
constituiu como Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, 12em ordem a preparar os
santos para uma actividade de serviço, para a construção do Corpo de Cristo, 13até que cheguemos todos
à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida
completa da plenitude de Cristo.
Paulo exorta os
cristãos a uma vida digna da sua vocação, formando “um só corpo” em Cristo
Jesus. A condição de prisioneiro dava-lhe maior autoridade para fazer uma tal
exigência. A harmonia, a paz, são indispensáveis para viver em unidade. Esta
unidade espiritual entre os cristãos é motivada pela sociabilidade e
comunitariedade próprias da vida cristã: a Igreja é “um só corpo” animado por
“um só Espírito” e por “uma só esperança” na salvação eterna a que a fé em
Cristo nos convida. “Um só” é o Senhor, Jesus, que derrubou o muro da separação
e da inimizade, e deu a todos a fé e o batismo, como meios de salvação. Acima
de tudo, está a única paternidade divina: há “um só Deus e Pai de todos”
(v. 6).
Evangelho:
Mateus 9, 9-13
Naquele tempo, Jesus
ia a passar quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e
disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. 10Encontrando-se Jesus à
mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e
sentaram-se com Ele e seus discípulos. 11Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos:
«Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os
pecadores?» 12Jesus
ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico,
mas sim os doentes. 13Ide
aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não
vim chamar os justos, mas os pecadores.
Meditatio
Ao narrar o seu
chamamento por Jesus, o primeiro evangelista, conforme observa S. Jerónimo, usa
o seu próprio nome, Mateus. Os outros três evangelistas, ao narrarem o mesmo
episódio, chamam-no Levi, o seu segundo nome, provavelmente menos conhecido,
talvez para esconder o seu nome de publicano. Mateus, pelo contrário,
reconhece-se como publicano, um grupo de pessoas pouco honestas e desprezadas,
porque colaboradores dos ocupantes romanos. Mas, Jesus chamou-o, com escândalo
de muitos “bem-pensantes”.
Mateus apresenta-se
como um publicano perdoado e chamado por Jesus. A vocação de apóstolo não se
baseia em méritos pessoais, mas unicamente na misericórdia do Senhor. Só quem
se dá conta da sua pobreza, da sua pequenez, aceitando-a como o “lugar” onde
Deus derrama a sua misericórdia infinita, está em condições de se tornar
apóstolo, de tocar as almas em profundidade, porque comunica o amor de Deus, o
seu amor misericordioso: “Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu
não vim chamar os justos, mas os pecadores.” (v. 13). Como diz Paulo, o
verdadeiro apóstolo está cheio de humildade, de mansidão, de paciência, uma vez
que experimentou em si mesmo a paciência, a mansidão e a humildade divina, que
se inclina sobre os pecadores e os ergue com paciência da sua situação.
O Deus revelado pela
palavra e pela ação de Jesus é um Deus misericordioso, que acolhe os que andam
perdidos, oferecendo-lhes uma nova ocasião para se reconstruírem, por meio da
graça, até atingirem a perfeita unidade da fé, que na primeira leitura é a “medida
completa da plenitude de Cristo”.
Oratio
Pai misericordioso,
concede-nos a graça de reconhecer na nossa história pessoal o chamamento
fundamental da vida, que o teu Filho e nosso Senhor nos dirige com amor. Que te
respondamos com um “sim” pronto e generoso, nas pequenas e grandes ocasiões da
nossa vida. Assim poderemos concretizar aquela obra pessoal e comunitária que
devemos realizar na Igreja. Que o nosso testemunho de cristãos e de Igreja
possa contribuir para a conversão do nosso mundo ao teu amor misericordioso.
Ámen.
Contemplatio
Mateus/Levi era
publicano ou cobrador de impostos. Os homens desta profissão eram muito
desprezados entre os Judeus, abusavam muito das suas funções para oprimirem as
populações! Nosso Senhor quis, no entanto, escolher um dos seus apóstolos de
entre eles. Levi estava no seu escritório, junto do lago de Genesaré, quando
Jesus dele se apercebeu e lhe disse para o seguir. O publicano abandonou
imediatamente o lugar lucrativo que ocupava, para se ligar a Nosso Senhor. Todo
feliz e reconhecido pela sua vocação, convidou o divino Salvador e os seus
discípulos para virem tomar uma refeição em sua casa. Convidou ao mesmo tempo
vários publicanos seus amigos para os atrair a Jesus. Os fariseus ficaram
escandalizados e disseram aos discípulos do Salvador: «Porque é que o vosso
mestre come com os publicanos e os pecadores?». Jesus, ouvindo as suas
murmurações, deu esta bela resposta: «Os médicos são para os doentes, e não
para aqueles que estão de boa saúde. Eu vim chamar, não os justos, mas os
pecadores». Palavra encorajadora caída do Coração de Jesus! Não percamos
confiança, embora sejamos pecadores. (L. Dehon, OSP 4, p. 275).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Eu não vim chamar
os justos,
mas os pecadores” (Mt 9, 13).
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S. Mateus, Apóstolo
(21 Setembro)
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