01/10/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXVI Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Baruc 1, 15-22
Para o Senhor nosso Deus, a justiça; para nós,
porém, a vergonha, estampada no rosto, como acontece hoje para os homens de
Judá e os habitantes de Jerusalém, 16para os nossos reis e príncipes, os
sacerdotes, os profetas e os nossos antepassados, 17porque pecámos contra o
Senhor. 18Desobedecemos ao Senhor nosso Deus, não ouvimos a sua voz nem
seguimos os mandamentos que Ele nos deu. 19Desde o dia em que o Senhor tirou os
nossos pais da terra do Egipto até hoje, temos desobedecido ao Senhor, nosso
Deus e, na nossa leviandade, recusámos ouvir a sua voz. 20Por isso, agora,
persegue-nos o infortúnio e a maldição que o Senhor predissera pela boca de
Moisés, seu servo, quando tirou os nossos pais da terra do Egipto, a fim de nos
dar uma terra onde mana leite e mel. 21Nós, porém, não escutámos a voz do
Senhor, nosso Deus, conforme a palavra dos profetas, que Ele nos enviou. 22Cada
um de nós, andou segundo as inclinações do seu mau coração, servindo deuses
estrangeiros e praticando o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus".
Depois da escuta da Palavra, na grande
celebração presidida por Esdras e Neemias, Baruc apresenta-nos uma longa oração
penitencial de que escutamos, hoje, os primeiros versículos. É a oração do povo
regressado do exílio, mas submetido a poderes estrangeiros, na Palestina ou
noutras zonas mais ou menos distantes. É a oração do povo de Deus em diáspora,
que não quer perder a sua identidade.
Este povo sente-se solidário na história passada feita de promessas divinas e de pecados do povo. A história é solidária no bem e no mal. O povo não correspondeu à generosidade de Deus. Revoltou-se e desobedeceu. Por isso, confessa as suas culpas, e reconhece a inocência e a justiça de Deus. Mas é a justiça de Deus que dá ao povo capacidade para recomeçar, ter nova esperança, e esperar o perdão.
Este povo sente-se solidário na história passada feita de promessas divinas e de pecados do povo. A história é solidária no bem e no mal. O povo não correspondeu à generosidade de Deus. Revoltou-se e desobedeceu. Por isso, confessa as suas culpas, e reconhece a inocência e a justiça de Deus. Mas é a justiça de Deus que dá ao povo capacidade para recomeçar, ter nova esperança, e esperar o perdão.
Evangelho: Lucas 10, 13-16
Naquele tempo, Jesus disse: 13Ai de ti,
Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sídon se tivessem operado
os milagres que entre vós se realizaram, de há muito que teriam feito
penitência, vestidas de saco e na cinza. 14Por isso, no dia do juízo, haverá
mais tolerância para Tiro e Sídon do que para vós. 15E tu, Cafarnaúm,
porventura serás exaltada até ao céu? É até ao inferno que serás precipitada.
16Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas,
quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.»
O evangelho de hoje conclui a mensagem com que
foram enviados os setenta e dois discípulos. Porque fala Jesus tão duramente
das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaúm? Que nos quer dizer Jesus?
A condenação das três cidades deve se entendida a vários níveis. Em primeiro lugar, Jesus sublinha que estas cidades não acolheram a Palavra pregada por Ele, isto é, a graça do Evangelho, o apelo à conversão. Em segundo lugar, Jesus realça o abandono dos seus. Talvez se dê conta da hostilidade do povo. As cidades pagãs de Tiro e Sídon terão um juízo menos severo que o povo de Israel. Em terceiro lugar, Jesus prevê que o Evangelho ultrapasse as fronteiras da Galileia, que chegue aos gentios, enquanto as cidades que, por primeiras, ouviram a sua pregação permaneçam fechadas num judaísmo anticristão.
Este evangelho é um aviso para todos aqueles que se excluem da graça do Senhor e caem na hipocrisia e na resistência sublinhadas pelos “Ai” de Jesus. Jesus lastima o maior dos pecados, o pecado contra o Espírito Santo: fechar os olhos às manifestações da graça, à oferta de perdão. É o grande risco da missão cristã. Jesus disse claramente: «Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou» (v. 16).
A condenação das três cidades deve se entendida a vários níveis. Em primeiro lugar, Jesus sublinha que estas cidades não acolheram a Palavra pregada por Ele, isto é, a graça do Evangelho, o apelo à conversão. Em segundo lugar, Jesus realça o abandono dos seus. Talvez se dê conta da hostilidade do povo. As cidades pagãs de Tiro e Sídon terão um juízo menos severo que o povo de Israel. Em terceiro lugar, Jesus prevê que o Evangelho ultrapasse as fronteiras da Galileia, que chegue aos gentios, enquanto as cidades que, por primeiras, ouviram a sua pregação permaneçam fechadas num judaísmo anticristão.
Este evangelho é um aviso para todos aqueles que se excluem da graça do Senhor e caem na hipocrisia e na resistência sublinhadas pelos “Ai” de Jesus. Jesus lastima o maior dos pecados, o pecado contra o Espírito Santo: fechar os olhos às manifestações da graça, à oferta de perdão. É o grande risco da missão cristã. Jesus disse claramente: «Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou» (v. 16).
Meditatio
As duas leituras convidam-nos ao
arrependimento e à penitência. O cristão, que quiser ser fiel a Jesus, deve
sofrer com os seus pecados e com os que se cometem à sua volta, fazendo sua a
oração de Baruc: «Para o Senhor nosso Deus, a justiça; para nós, porém, a
vergonha, estampada no rosto» (v. 15). Trata-se de uma oração inspirada na
catástrofe nacional, que aniquilou o povo judeu e o levou para o exílio.
Perante esses factos, os Judeus voltaram-se para a sua vida e para a sua
história, reconhecendo a sua infidelidade e o seu pecado: «Pecámos contra o
Senhor. Desobedecemos ao Senhor nosso Deus, não ouvimos a sua voz nem seguimos
os mandamentos que Ele nos deu» (v. 17s.).
O novo povo de Deus, que é a Igreja, também precisa de olhar para a sua vida e para a sua história, reconhecer os seus pecados e manter uma atitude de contínua penitência e conversão. O duro aviso de Jesus às cidades ribeirinhas do lago de Genesaré também se dirige a nós, que lemos a Palavra de Deus e, particularmente, o Evangelho. Todos corremos o risco de deixar endurecer o coração e de nos fecharmos à escuta da Palavra, à penitência e à mudança de vida que ela cada dia nos sugere. Tanto Baruc como Jesus nos convidam a reconhecer e a confessar os nossos pecados, afirmando, ao mesmo tempo, a fidelidade e a misericórdia de Deus. Mas podemos e devemos pensar também nos pecados do mundo, no ódio que aqui e ali explode ferozmente, fazendo vítimas inocentes, na corrupção que torna possíveis tantos abusos, nos pobres que continuam a ser oprimidos, nos ricos que não querem partilhar os seus bens nem ceder nos seus privilégios, na imoralidade de toda a espécie que, como maré negra, nos cerca destruindo a vida. Há que tomar sobre nós tudo isto, com a solidariedade de quem partilha e quer, com Jesus, tirar o pecado do mundo: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (Jo 1, 29).
Escutemos as nossas Constituições, que são fruto da nossa leitura do Evangelho, à luz do nosso carisma: «Implicados no pecado, mas participantes na graça redentora, pela realização de todas as nossas tarefas, queremos unir-nos a Cristo presente na vida do mundo e, em solidariedade com Ele e com toda a humanidade e a criação inteira, oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável (cf. Rm 12,1). «Caminhai no amor segundo o exemplo de Cristo que nos amou e Se entregou por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de agradável odor» (Ef 5,2) (Cst 22). A nossa reparação é cooperação na obra redentora de Deus no coração do mundo (cf. Cst 23), que consiste em libertar os homens do pecado e das suas consequências, e em transformá-lo em oblação santa e agradável a Deus.
O novo povo de Deus, que é a Igreja, também precisa de olhar para a sua vida e para a sua história, reconhecer os seus pecados e manter uma atitude de contínua penitência e conversão. O duro aviso de Jesus às cidades ribeirinhas do lago de Genesaré também se dirige a nós, que lemos a Palavra de Deus e, particularmente, o Evangelho. Todos corremos o risco de deixar endurecer o coração e de nos fecharmos à escuta da Palavra, à penitência e à mudança de vida que ela cada dia nos sugere. Tanto Baruc como Jesus nos convidam a reconhecer e a confessar os nossos pecados, afirmando, ao mesmo tempo, a fidelidade e a misericórdia de Deus. Mas podemos e devemos pensar também nos pecados do mundo, no ódio que aqui e ali explode ferozmente, fazendo vítimas inocentes, na corrupção que torna possíveis tantos abusos, nos pobres que continuam a ser oprimidos, nos ricos que não querem partilhar os seus bens nem ceder nos seus privilégios, na imoralidade de toda a espécie que, como maré negra, nos cerca destruindo a vida. Há que tomar sobre nós tudo isto, com a solidariedade de quem partilha e quer, com Jesus, tirar o pecado do mundo: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (Jo 1, 29).
Escutemos as nossas Constituições, que são fruto da nossa leitura do Evangelho, à luz do nosso carisma: «Implicados no pecado, mas participantes na graça redentora, pela realização de todas as nossas tarefas, queremos unir-nos a Cristo presente na vida do mundo e, em solidariedade com Ele e com toda a humanidade e a criação inteira, oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável (cf. Rm 12,1). «Caminhai no amor segundo o exemplo de Cristo que nos amou e Se entregou por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de agradável odor» (Ef 5,2) (Cst 22). A nossa reparação é cooperação na obra redentora de Deus no coração do mundo (cf. Cst 23), que consiste em libertar os homens do pecado e das suas consequências, e em transformá-lo em oblação santa e agradável a Deus.
Oratio
Pai santo, nós Te louvamos, bendizemos e damos
graças, porque nos reconciliaste em Cristo e nos regeneraste pelo Espírito
Santo, fazendo de nós homens novos, animados por um Espírito novo. Dá-nos a
graça de cooperar alegre e generosamente na obra da redenção, que realizas no
coração do mundo, para que toda a humanidade e a criação inteira, libertas do
pecado e das suas consequências, se tornem oblação viva, santa e agradável para
Ti. Amen.
Contemplatio
Ecce homo! Eis o homem castigado por Deus em
nosso lugar. – Eis o homem que, carregado com o pesado fardo dos nossos pecados
dos quais se constituiu vítima expiatória, representa neste momento a
humanidade em toda a sua miséria. Eis o homem-vítima que nos descreve Isaías.
Já não tem beleza. Todo o seu corpo não é senão uma chaga. Dir-se-ia um
leproso. Quando o vemos, desviamos dele o olhar. É um homem atingido pela
justiça de Deus. Que é então o pecado para que tenha tais efeitos? Deus é,
portanto, por ele muito ofendido, muito irritado, para que o possa punir até
este ponto, mesmo naquele que não o cometeu, mas que dele aceitou a
responsabilidade. E se o lenho verde, o justo por excelência, é assim tratado
por causa dos pecados de outros, que será então do lenho seco, dos verdadeiros
culpados, quando vier a hora do seu juízo? Este mistério do Ecce homo não é o
mais adequado para nos excitar ao arrependimento, à conversão, ao ódio ao
pecado? Eis o homem! Eis o vosso rei! Repete Pilatos. Eis onde caiu a vossa
realeza, diz-nos o nosso Deus. Todo o homem era rei, pela graça de Deus. Todo o
homem era chamado a reinar sobre si mesmo e sobre a natureza. Mas vede o homem
do pretório, aquele que tomou sobre si todos os vossos pecados, que é feito da
sua realeza? O seu ceptro é uma cana; o seu manto real, um farrapo tingido pelo
sangue; a sua coroa, um ramo de espinhos entrançado. Eis o retrato do homem
culpado, é um rei decaído, desonrado, injuriado, ridicularizado. Eu podia ser
rei e posso ainda sê-lo: «Fizestes-nos reis e sacerdotes», dizem os eleitos
falando a Deus, no Apocalipse (5,10), Mas é preciso para isso deixar de ofender
a Deus, é preciso servi-lo real e sacerdotalmente, com força, com piedade, com
o espírito de sacrifício e de devoção. (Leão Dehon, OSP 3, p. 343s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Para o Senhor nosso Deus, a justiça; para nós, a vergonha» (Br 1, 15)
«Para o Senhor nosso Deus, a justiça; para nós, a vergonha» (Br 1, 15)
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