26- Sábado - Evangelho - Lc 9,43b-45
Diante de tanta gente que procurava Jesus por causa das coisas que Ele fazia e das palavras que saíam de sua boca, Ele adverte aos seus discípulos que não ficassem com os olhos e as mentes na admiração e não se deixassem levar pela correnteza do povo que a Ele fluía.
Aquele
que o povo procura ver, o homem que faz milagres, que alimenta o povo como que
por “mágica” e não o Filho do Homem, o Filho do dono de tudo quanto existe, mas
que para salvar os homens seus irmãos, deveria morrer numa cruz.
Cristo
insiste em anunciar a Sua Paixão e Morte. Primeiro veladamente à multidão, e
depois com mais clareza aos discípulos no Evangelho de hoje. Estes, porém, não
entendem as Suas palavras, não porque não sejam claras, mas pela falta das
disposições adequadas, pela falta de fé.
Talvez
você também fique chocado: como é possível o Filho do dono da vida morrer? Se
isso tiver de acontecer contigo é sinal de que ainda não chegou para ti o
entendimento pleno do mistério do sofrimento, o significado da cruz. E então
deves escutar o comentário de São João Crisóstomo: “Ninguém se escandalize ao
contemplar uns Apóstolos tão imperfeitos, porque ainda não tinha chegado a Cruz
nem tinha sido dado o Espírito Santo.”
Os discípulos tinham uma admiração e carinho extraordinários por
Jesus. Percebendo isso, Jesus avisou-os: O Filho do Homem será entregue
aos homens. Para nós,
que sabemos o que Jesus passou da Quinta-feira Santa até a Crucificação, essa
frase de Jesus é muito clara, mas o que tem de mais interessante no Evangelho
de hoje é fazer o exercício de se colocar no lugar dos discípulos, e tentar
entender o que se passava em seus corações e mentes.
O Evangelho de Lucas diz que os discípulos não alcançaram
o sentido, e tinham medo de perguntá-lo a respeito. Eles não alcançaram o
sentido porque não se passava em suas cabeças que Jesus poderia ser entregue à
morte! E tinham medo de perguntá-lo porque sabiam que não iriam gostar do que
iriam ouvir.
Os discípulos admitiram a fragilidade de não fazerem perguntas a
Jesus sobre esse assunto porque tinham medo. Será que nós também não temos medo
de saber sobre algum assunto desagradável?
Se os discípulos tivessem perguntado a Jesus sobre o que Ele
estava falando, certamente poderiam ter se preparado melhor para os
acontecimentos… Se o exame tivesse sido analisado a tempo, uma vida poderia ter
sido salva… Se o assunto delicado tivesse sido conversado com calma, talvez
muitos aborrecimentos pudessem ter sido evitados…
É preciso que o Filho do Homem seja entregue nas
mãos dos homens para que nós tenhamos a vida e vida em plenitude. E quem no-lo
confirma é o próprio Jesus: se o grão de trigo caído na
terra não morre, permanece só. Mas se morre dá muito fruto. Permita
que te diga meu irmão, a vida autêntica vai ser entregue nas mãos dos homens,
para que os homens a possuam. Pois, na lógica humana, só é vivo quem tem a vida
e para nós a termos é necessário que alguém a conceda. E então se justifica a
entrega da vida de Jesus aos homens. No Evangelho segundo João 10,10 Jesus diz:
eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. Como a teríamos em
plenitude se Ele não morresse na cruz?
Senhor,
dá-me a graça de entender que a vida autêntica de fé e de missão é entrega e
doação plena como vós mesmos fizestes. Que eu seja um dom, uma doação para os
meus irmãos e irmãs. O mistério da Cruz, que não é outro senão o mistério
Pascal da salvação do mundo em Cristo morto e ressuscitado domina toda a vida
de Jesus. Para os discípulos de todos os tempos, ele será sempre uma realidade
misteriosa, difícil de ser acreditada. No entanto, é nele que se revela todo o
mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.
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