05- Segunda - Evangelho - Lc 10,25-37
O homem perguntou: Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna? Usando a forma rabínica, Jesus respondeu com uma pergunta ou duas questões: O que está escrito na Lei? Como você a lê. Quando o perito na lei respondeu citando Deuteronômio
6.5 e Levíticos 19.18, Cristo disse: Você
respondeu corretamente; e, então, citou Levíticos 18,5 e Ezequiel 20,11 para
deixar claro aquilo de que o homem precisava:Faça isto; viverá. Em outras
palavras, não era suficiente recitar a lei de Deus, mas vivê-la de maneira a
agradar a Deus! Para isso, a pessoa tem que colocar em ação o que a lei de Deus
requer, sendo a essência desta o amor: amar a Deus de todo o coração, de toda a
alma, com todas as forças e de todo o entendimento, e ao próximo como a si
mesmo.
Agora, se estivéssemos no lugar daquele homem,
poderíamos ter deixado por isso mesmo. Afinal de contas, Jesus tinha dito na
frente de todos os presentes, que ele havia respondido corretamente. Receber um
10, porém, não era suficiente para o doutor na lei. Ao invés disso, queria
receber algum crédito extra. Lembre: ele planejara testar Cristo, e realmente
ainda não havia feito isso! Assim, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E
quem é o meu próximo? Generosamente, até mesmo com compaixão, o Senhor Jesus
contou-lhe uma parábola para ajudá-lo a entender o verdadeiro significado da
lei do amor, considerando que amar é uma disposição interna, não uma
qualificação externa. Uma história sobre compaixão
À medida que Jesus contava a história, os
ouvintes puderam pintar vividamente a cena: A estrada rochosa, tortuosa, de
Jerusalém para Jericó, tem sido notória, por todos os séculos, como um lugar
onde os ladrões, muito freqüentemente, atacam os viajantes. Ela era uma descida
íngreme por locais desolados. A distância era de, aproximadamente, vinte e seis
quilômetros e a estrada descia um total de 1.040 metros. Era o tipo de caminho
no qual os ladrões poderiam estar bem seguros. Jesus não disse que os
salteadores da história roubaram o homem: isso seria subentendido. Ele
concentrou-se no tratamento violento dispensado ao viajante. Eles deixaram-no
quase morto.
Então, um a um, Cristo apresentou três homens;
qualquer um deles poderia ter ajudado ao homem severamente ferido: O primeiro
homem que, casualmente descia pelo mesmo caminho, era certo sacerdote. Ele
ficou diante de um dilema ético: o único meio de saber se realmente o homem
ainda estava vivo, e precisando de ajuda, era se aproximar e tocá-lo, mas, se
já estivesse morto e ele tocasse no falecido, ficaria ritualmente imundo. Não
apenas deixou de ajudar, como também foi para o outro lado da estrada. Ele
evitou qualquer possibilidade de contato. Outros fatores podem ter pesado, como
por exemplo, a possibilidade de os ladrões retornarem, a natureza dos negócios
daquele homem moribundo, e assim por diante. Nós não temos conhecimento…
Sabemos que o sacerdote deixou o homem onde ele estava sem se importar com o
sofrimento e com as necessidades dele.
O segundo homem a entrar em cena era um levita. O
que aconteceu no caso do sacerdote se repetiu… Nos tempos do Novo Testamento,
os levitas estavam em posição de inferioridade em relação aos sacerdotes; não
obstante, formavam um grupo privilegiado pela sociedade judaica. Eram
responsáveis pela liturgia no templo e por manter a ordem no culto; Pode-se
presumir que os mesmos motivos do sacerdote, para não ajudar, estavam na mente
do levita.
O terceiro homem era samaritano, estando de
viagem e, quando viu o homem ferido, moveu-se de íntima compaixão dele. Aquele
sentimento de condolência levou-o a ajudar: ele foi até o homem machucado,
enfaixou-lhe as feridas, derramando vinho e óleo. Depois, colocou-o sobre seu
próprio animal, levou-o para uma hospedaria na qual poderia se recuperar.
Porque o viajante piedoso tinha que retomar sua jornada, deu ao hospedeiro o
equivalente a duas diárias para que ele cuidasse do homem em sua ausência e
prometeu pagar as despesas adicionais, se houvessem, quando retornasse de sua viagem.
Jesus selecionou cuidadosamente os detalhes para
a história contada. Primeiro o sacerdote e, depois, um passou pelo homem
ferido. Os que ouviam estavam prontos para o herói ser introduzido e,
provavelmente, presumiam que seria um judeu leigo, como uma última condenação
dos líderes religiosos, o clero, que havia passado para o outro lado da rua.
Para surpresa deles, o herói era um samaritano!
Jesus tinha dado o papel de bom sujeito a um
inimigo dos judeus, a uma pessoa cuja herança, há muito, repugnava-os.
Passados todos estes séculos, referimo-nos à
história como a parábola do Bom Samaritano. Ao fazer isso, inconscientemente,
estamos caindo no mesmo preconceito que era evidente na audiência de Jesus,
porque estamos afirmando que tal samaritano era diferente dos outros
samaritanos pelo fato de que era bom. Talvez, como os judeus, nós também
precisemos de uma lição sobre compaixão, começando por mencionar novamente a
história.
Em qualquer situação que nos encontrarmos, como
necessitados ou como colaboradores somos convocados pelo Senhor a amar o nosso
próximo como a nós mesmos. Às vezes nós ajudamos às pessoas e as socorremos por
obrigação ou a contra gosto, porém a própria Palavra do Evangelho nos
esclarece: o próximo “é aquele que usou de misericórdia para com ele”. A
misericórdia, então, é o sinal para que nós sejamos “o próximo” de alguém. Agir
com misericórdia é fazê-lo por amor a Deus e acolher a miséria do outro com o
mesmo amor de Deus e não somente com o nosso amor imperfeito e interesseiro.
Como você costuma agir: como o sacerdote, como o
levita, como o samaritano, como o hospedeiro? – Ou você sempre é aquele que
desce de Jerusalém para Jericó, se mete em enrascadas e está sempre precisando
que alguém se aproxime de você?- Você já experimentou ser aquele (a) que está
necessitado (a) e espera o socorro de alguém?- Quando você ajuda alguma pessoa
você o faz por amor a Deus e com o amor de Deus?
A narração de Jesus ensina que viver agora, e
sempre, como povo de Deus, significa demonstrar compaixão, mesmo quando nos
incomoda, mesmo quando isso faz nossa vida tornar-se impura, mesmo quando
desafia nossa compreensão tradicional e, até mesmo, quando nos custa algo
pessoalmente. Isso é o que Jesus está nos dizendo: Vá e faça o mesmo.
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