30- Quarta
- Evangelho - Lc 9,57-62
Não
desprezeis nenhum desses pequeninos.
Eu
te seguirei para onde quer que fores.
Este
Evangelho narra três exemplos de vocações. O primeiro e o terceiro são as
pessoas que se apresentam a Jesus, e o segundo é Jesus que chama.
O
primeiro vocacionado é generoso: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Mas
Jesus joga água fria no entusiasmo dele, dizendo: “As raposas têm tocas e os
pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Este
recado vale para nós hoje. Se alguém assume a vocação cristã, ou qualquer
específica dentro da Igreja, pensando em ter algum retorno em bens materiais,
ou em boa vida, vai dar com os burros n’água, pois acontecerá o contrário: será
pobre e carregará a cruz.
Jesus
era pobre e fazia questão que as pessoas que queriam segui-lo soubessem disso,
a fim de não terem ilusões. Soubessem não só que Jesus era pobre, mas que essa
era a sorte dos seus seguidores. Deus é infinitamente poderoso e é nosso Pai;
ele não deixa nenhum de nós passar necessidade de qualquer bem material que
necessita.
Ao
segundo vocacionado Jesus apresenta outra condição: “Deixa que os mortos
(espiritualmente) enterrem os seus mortos (materialmente), mas tu, vai anunciar
o Reino de Deus”. Em outras palavras, o discípulo deve sentir-se livre frente
aos compromissos com a sua família e o seu ambiente. Dificilmente um cristão
poderá sentir-se livre, se não está disposto a viver e agir de forma diferente
dos padrões aceitos pelos parentes, vizinhos e os de sua terra natal. Por
exemplo, Francisco de Assis tornar-se mendigo, pertencendo a uma família rica.
Durante
séculos, as ordens religiosas foram o caminho quase único que libertava do
todo-poderoso ambiente familiar e permitia seguir melhor o caminho do
Evangelho.
Ao
terceiro vocacionado, que quer despedir-se da família, Jesus responde: “Quem põe
a mão no arado e segue olhando para trás, não está apto para o Reino de Deus”.
Há pessoas que dizem a Jesus que querem segui-lo, mas a vida diz o contrário.
Outras dizem a Jesus: eu gostaria, eu quereria, eu tenho vontade... Nada disso
vale para Jesus. O que vale para ele é: “Eu quero”, e ponto final.
Nesta
última resposta de Jesus: “Quem põe a mão no arado e segue olhando para trás,
não está apto para o Reino de Deus”, há uma referência bíblica à mulher de Lot
(Gn 19,26). Deus permitiu um grande incêndio que destruiu Sodoma e Gomorra,
duas cidades que viviam no pecado. Mas antes Deus quis salvar os seus amigos
Lot e a família. Os anjos de Deus colocaram-nos fora da cidade e recomendaram:
“Não olheis para trás (Gn 19,17). A esposa de Lot desobedeceu e olhou para
trás, e tornou-se uma estátua de sal.
O
touro, quando vai numa direção, nem cerca o segura. Assim devemos ser. Prometer
pouco, mas o que prometemos, cumprimos, ainda que caia o mundo ao nosso redor.
Vivemos
uma cultura do descartável: o copo é descartável, o guardanapo é descartável...
E muitos consideram os compromissos também descartáveis.
Sobre
o casamento, alguns dizem: “O casamento dura enquanto dura o amor”. Vêem o amor
como simples sentimento. Mas amor não é só sentimento. É compromisso. “Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a vida por quem ama”.
Maria
Santíssima, quando foi chamada por Deus, deu uma resposta imediata, generosa e
total. Não só acolheu o chamado, mas disse para Deus que estava à disposição
dele para o que der e vier, pois era sua escrava. Santa Maria , rogai por nós.
Eu
te seguirei para onde quer que fores.
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