26º DOMINGO TEMPO
COMUM
27 de Setembro de 2015
Ano B
Evangelho - Mc 9,38-43.45.47-48
PRIMEIRA LEITURA
Precisamos tomar cuidado com o nosso
ciúmes de outros irmãos e irmãs que se apresentam para catequizar. Pois como disse Moisés, quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, fosse
catequista, e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito.
SALMO
A perfeição da Lei do Senhor é tão
perfeita que é impossível de ser igualada com outra. Ela conforta a nossa alma,
e estimula os nossos pensamentos dominantes, nos guia na caminhada rumo ao Céu.
SEGUNDA LEITURA
Tiago, inspirado pelo Espírito Santo,
faz uma severa advertência aos ricos. Àqueles que confiam pura e simplesmente
no dinheiro e em tudo que com ele podem comprar.
De
que adianta passar a vida inteira amontoando tesouros aqui, se na hora de
partir, não levaremos nada? Tiago fala
do salário dos trabalhadores que os ricos deixaram de pagar, para poder
aumentar a sua riqueza.
Caríssimos. Hoje a história se repete. Quantos conseguem
aumentar a sua fortuna, pagando salários de fome àqueles que constroem o seu patrimônio
com o suor dos seus rostos! Deus irá ouvir o clamor desses trabalhadores mal
pagos, é um grito por justiça, pois eles, miseráveis, que são, e sem amigos
influentes, não têm para onde correr, e por isso se submetem aos baixos
salários sob pena de ficarem
desempregados.
É o caso dos jovens que tem de trabalhar duro para ganhar
um salário que não lhes garante uma sobrevivência decente. É essa a realidade
da juventude atual, que vive na era da informática e da internet, da era da
máquina, da terceirização, do pegue e pague, e de tudo o mais que lhes tira o
emprego. E para complicar mais a vida da atual geração, a contribuição
previdenciária fica reduzida a uma migalha. Isso é o mesmo que dizer que o seu
futuro será ainda mais precário do que o lastimável presente.
Tiago
acrescenta que os patrões vivem luxuosamente, entregues a uma boa vida, às
custas do trabalho que poderíamos chamar de praticamente escravo.
É,
meus irmãos! E viva a lei do mais forte. A lei da vida, a lei feita pelos
homens, a lei que lhes autoriza explorar os sem terra, os sem tetos, os que
moram de aluguel, os que não têm para onde correr, senão aceitar uma miséria
como pagamento pela entrega de suas últimas forças, em muitas horas de trabalho
quase forçado, essa é a lei que não combina com a Lei de Deus.
Não
seja você um desses. São suba na vida às custas da exploração do seu irmão!
Pois Aquele que vê tudo, está anotando, e irá cobrar de você no dia do Juízo
Final.
EVANGELHO
Jesus nos ordena a
CORTAR tudo o que nos arrasta para o pecado. Tudo o que nos afasta de Deus e da
salvação. É verdade que a vida eterna é mais importante do que ter dois olhos,
duas mãos, etc. Porém, ousemos a não tomarmos suas palavras ao pé da letra, mas
sim, entendemos que Jesus usou de palavras FORTES para que acordássemos
enquanto é tempo.
Quando Jesus nos diz: "Se
tua mão te leva a pecar..." A primeira coisa que vem à nossa mente, a
primeira coisa em que pensamos, é na masturbação. Embora sabemos que com as
mãos podemos pecar de várias maneiras.
O catecismo da Igreja Católica, aborda
esse problema de forma sucinta, explicando que se trata de um ato gravemente
desordenado. Portanto, fora da ordem moral, ou seja, é a busca do prazer fora
do casamento consistindo portanto em pecado. E em seguida coloca as possíveis
atenuantes para esse pecado moral. Veja:
§2352 Por masturbação se deve entender a
excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo.
"Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o
senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato
intrínseca e gravemente desordenado." Qualquer que seja o motivo, o uso
deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz
sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual
exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o
sentido integral da doação mútua e da procriação humana".Atenuantes:
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.
Façamos
pois uma reflexão mais apurada a respeito da atenuação da culpabilidade moral pela
busca do prazer fora das relações conjugais normais, ou seja, a masturbação. É
bom lembrar, que esse comentário não é recomendado para a missa das crianças. E
ainda que não pretendemos aqui, nos fazer passar por dono da verdade. E por
isso, somos conscientes de que estamos passíveis de toda forma de antítese, de
toda crítica construtiva, é claro.
QUANDO A
MASTURBAÇÃO PODE NÃO SER PECADO?
Digamos
que você é viúvo, largado da mulher por algum motivo alheio a sua vontade,
(impotência, traição ), ou que sua esposa está com alguma doença nas partes
íntimas, ou outra enfermidade que dificulta ou impede a relação, ou você é
solteiro que por algum motivo ( feiura, obesidade), não conseguiu encontrar ou
permanecer com a sua cara metade.
Mas
você é um homem devoto, seguidor de Cristo, e contrito a Deus. Você luta contra
as tentações, evita as ocasiões de pecar, reza bastante, vive ou procura viver
na presença de Deus, amando a Deus e ao próximo.
Durante o dia você luta e consegue
manter-se de pé diante do Salvador. Porém, depois de muitos dias de extenuado
esforço, eis que uma certa noite, lá pelas tantas, quando os freios morais que
estão no consciente se relaxaram pelo entorpecimento do sono, e aí você tem um
sonho, no qual está em uma aventura sexual, e o organismo não chegou a
descarregar aquela energia acumulada, ou seja, não aconteceu uma POLUÇÃO
NOTURNA. Você acorda transtornado, vai ao banheiro urinar. E antes ou depois disso, não resistindo aquela
pressão orgânica, você termina o que no sonho não aconteceu...
A pergunta é: Você pecou? Poderá comungar amanhã? Teve a intenção
deliberada de pecar? De ofender frontalmente a Deus? Ou simplesmente foi uma atitude praticamente
forçada para aliviar uma pressão do organismo?
Veja. É claro que neste caso, e somente
neste, não houve pecado. Pelo menos não houve um pecado grave. Isso porque você
não buscou uma ocasião de pecar. Não pegou uma revista pornográfica para se excitar.
Nem abriu uma certa página da internet para ficar olhando aquelas imagens...
É bom lembrar que diante de Deus, a
INTENÇÃO FALA MAIS ALTO. Se você não
teve a intenção de pecar, ou fazer o mal, o seu ato pesou menos em termos de
culpabilidade.
Segundo o Catecismo, as ATENUANTES da
masturbação são as seguintes:
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos
sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade
afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores
psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade
moral.Desse modo, entendemos que : a imaturidade afetiva refere-se a instabilidade emocional que é predominante principalmente nos adolescentes, causada pela separação dos pais, ou pela diferença entre a idade cronológica e a idade emocional, e que se expressam em: insegurança, falta de AUTOCONTROLE, busca de COMPENSAÇÃO para as frustrações, indisciplina, que o leva a atos desordenados, etc.
A força dos hábitos contraídos, isso significa VÍCIO adquirido pela repetição durante muito tempo. Se o indivíduo é um viciado, seu ato imoral praticado tem uma responsabilidade moral reduzida, muito embora resta a necessidade de absolvição, dependendo do caso. E isso lhe SERÁ ACUSADO PELA sua CONSCIÊNCIA MORAL.
O estado de angústia, pode ser interpretado aqui, como o seu estado de desespero pela abstinência sexual, ocasionado pela privação ou interrupção de uma vida normal com a sua esposa, e também como a pressão do instinto sobre o seu psiquismo, sobre os seus valores morais, sobre a sua alma a qual fica numa situação de desconforto diante daquilo tudo que aconteceu enquanto você dormia.
Por outros fatores psíquicos e sociais que minoram ou deixam extremamente atenuada a culpabilidade moral desse ato, podemos interpretar como: Solidão, tentações (que hoje são fartas), vício, carência, abandono, desengano de conquista, ou de vir a ser feliz ao lado de outra mulher...
Percebe-se aqui, que a masturbação pode dividir opiniões: Pode forjar um abismo entre aqueles que parecem arrumar umas desculpas para praticá-la, e outros mais conservadores que não veem outro motivo ou jeito, senão a condenação sumária desse ato.
CONCLUSÃO- É, parece que estamos diante de uma dificuldade para forjar uma conclusão. O que aconselhamos aqui, é que: Primeiro fale com Jesus com toda a sua força e concentração. E no caso de dúvida, não entre na fila da comunhão, e depois procure um sacerdote. Pois somente ele, iluminado que é pelo Espírito de Deus, poderá orientá-lo.
Abordamos aqui a problemática da busca do prazer de forma solitária somente para os homens. Porém, parece que esta abordagem também pode servir para o caso feminino. Pois sabemos que as mulheres por sua vez, também podem sofrer excitações noturnas durante o sono, chegando até ao orgasmo.
Prezado leitor. Se você já está se preparando para escrever sua crítica cruel a esta abordagem, quero deixar claro que a minha intenção aqui não foi de LIBERAR A MASTURBAÇÃO. Primeiro porque não tenho autoridade para tal. Segundo, só me empenhei em ajudar na catequese, explicando o que diz Catecismo sobre esse assunto, por vezes polêmico. Terceiro, eu não afirmei em nenhum momento que a masturbação não é pecado.
Pense, reze, reflita sobre as palavras de Jesus e sobre as orientações e
ensinamentos da Igreja, pedindo sempre a ajuda do Espírito Santo.
Um bom domingo, José Salviano
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