06 de março:
Jesus vinha exercendo seu ministério na Galiléia, onde se
misturavam gentios e colônias judaicas, e nas regiões gentílicas vizinhas.
Agora, tendo chegado bem ao norte, em Cesaréia de Filipe, como que dando por
encerrado seu ministério nestas regiões, Jesus toma a decisão de voltar ao sul
e, atravessando a Galiléia, seguir o caminho de Jerusalém. Nesta nova etapa de
seu ministério, Jesus decide fazer seu anúncio libertador e vivificante
diretamente entre as multidões de fieis do judaísmo que acorriam a Jerusalém,
para atenderem ao preceito religioso de cumprir o dever de celebrar a Páscoa.
Esta era a principal festa religiosa da tradição de Israel, e era a ocasião de
todos os fieis, particularmente os que moravam em regiões mais distantes,
trouxessem suas ofertas e dízimos anuais ao Templo. Jesus tinha consciência de
que os chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém tinham a intenção de, em
algum momento oportuno, matá-lo. A pregação e a prática libertadora de Jesus
suscitara o ódio destes chefes, que tinham garantidos sua autoridade e seu
poder a partir da Lei opressora, elaborada ao longo da tradição de Israel.
Agora, a ida a Jerusalém poderia ser fatal. Contudo Jesus não renuncia ao
propósito de anunciar ao mundo, sem restrições, o projeto de Pai, de libertar o
mundo de toda opressão e promover a vida plena para todos. Jesus, então, fala
aos discípulos sobre as provações que o aguardam em Jerusalém. Ë o chamado
“anúncio da Paixão”. Este “anúncio” pode ter dois sentidos. Na perspectiva
messiânica é o sofrimento necessário redentor, de acordo com a tradição do
Primeiro Testamento. Porém pode significar a comum prática repressora dos
poderosos deste mundo que não toleram e procuram destruir todo aquele que
promove a libertação do povo oprimido, tal como foi Jesus em toda sua vida.
Mateus, em seu evangelho, faz um contraste. Pedro, ao identificar Jesus com o
Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado como pedra da Igreja, a as
portas do inferno não prevaleceriam sobre ela (cf. 7 ago.). Agora, ao rejeitar
o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das coisas de Deus, é
pedra de tropeço, e satanás. Jesus convida os discípulos a consagrarem sua vida
à causa da justiça e da vida. Seduzidos pelo chamado de Jesus (primeira
leitura), empenham-se em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo
que é bom, justo, e agradável a Deus (segunda leitura).
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