SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS
8/03/2014
1ª Leitura Isaias 58, 9b- 14
Salmo 85 (86) , 11 a
“Ensinai-me vosso caminho, Senhor, para que eu ande na vossa verdade”
Evangelho Lucas 5, 27-32
Um cobrador de impostos deveria ser uma
pessoa bem triste, de um lado era usado pelo sistema Imperialista, para
arrecadar valores mas de outro, eram odiados pela maioria do povo e pela
liderança dos Judeus que viam neles pessoas inescrupulosas, exploradoras e que
roubavam do povo pobre e dos pequenos lavradores uma vez que, eram eles que
faziam suas próprias comissões. Basta aqui lembrar de Zaqueu que após a
experiência com Jesus, se mostrou disposto a restituir até quatro vezes mais,
tudo o que tinha roubado...
A verdade é que, viver dessa maneira, embora
se possa ter fartura de bens materiais, acaba sendo triste porque se tem poucos
amigos (os da mesma laia) não se tem auto estima, não se pode contar com uma
amizade sincera. Quando Jesus passou por Levi, que era o nome de Mateus, o
olhou de um modo especial, não era um olhar de ódio como os demais Judeus, nem
um olhar acusador que o maldiz... Mas era um olhar amigo que manifestava um
amor e um afeto gratuito e incondicional.
Mateus sentiu isso, viu algo diferente em
Jesus, senão não seria louco de o segui-lo, pois poderia cair em uma armadilha.
Interessante porque Mateus deixa de lado naquele momento, algo que supostamente
lhe dava felicidade, conforto e bem estar material, mas não o fazia feliz
enquanto pessoa. Percebeu que aquele homem que o chamava tinha uma proposta
inédita, talvez fosse sofrer prejuízos em sua economia, mas havia algo que
aquele Homem poderia lhe oferecer, e que o faria realizar-se como pessoa, tendo
a partir de então uma nova perspectiva que o dinheiro dos impostos não
conseguia lhe dar.
O mesmo se pode dizer hoje do consumismo, que
de maneira ilusória pode nos dar tudo, mas não nos pode fazer feliz porque
Segurança e Felicidade só encontramos no Senhor.
Está explicado porque Mateus correu preparar
um grande banquete para Jesus em sua casa. Ele queria comemorar a Vida nova que
recebera de Jesus naquele simples chamado. Mas aí surgiu um problema... Os
amigos que convidou para a festa especial eram todos da mesma laia que ele.
Possivelmente foi este o primeiro trabalho de evangelização do mais novo
discípulo, o evangelho não menciona, mas quem sabe quantos que estavam ali,
vendo o entusiasmo de Mateus e a sua alegria incontida, e conhecendo de perto
Jesus de Nazaré, que sentou à mesa com eles, comeu, bebeu e se divertiu... Não
tiveram suas vidas transformadas...
Se Jesus mantivesse a compostura de um Judeu
Fiel, jamais iria chamar Mateus para integrar o grupo dos discípulos, e muito
menos iria a casa dele, um ambiente mal freqüentado, por gente impura e por
inimigos do seu povo. É isso que os Fariseus e os Escribas não compreendem,
pois no modo de pensar deles, Deus só se relaciona e traz a Salvação aos que o
obedecem e cumprem a Lei de Moisés. Nem notaram que Deus estava bem ali, ao
lado deles, e que a sua Misericórdia e amor pelos pecadores era a maior de
todas as novidades que os homens poderiam esperar...
Qual é o Jesus que está em nossas comunidades? O moralista ou Aquele que
é todo amor e misericórdia, e que sabe acolher a todos, mesmo os piores
pecadores...
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