II DOMINGO DA QUARESMA 16/03/2014
PRIMEIRA
LEITURA (Gn 12, 1-4a)
SALMO
RESPONSORIAL (32/33)
SEGUNDA
LEITURA (2Tm 1, 8b-10)
EVANGELHO
(Mt 17,1-9)
"O AMOR QUE TRANSFIGURA"-Diac. José da Cruz
Para quem não
conhece, o Monte Tabor onde teria ocorrido a transfiguração de Jesus, é uma
alta colina localizada no Leste do Vale de Jizreel, 17 km a oeste do Mar da
Galiléia e o seu topo está a 575 metros acima do nível do mar. Entretanto, não
se pode afirmar com absoluta certeza, que essa referência geográfica no
episódio da Transfiguração do Senhor, é verdadeira, principalmente quando se
sabe, que o evangelista São Mateus escreveu para os Judeus e sempre há em seus
relatos, uma forte relação entre Jesus Cristo e Moisés. De qualquer forma o
texto nos revela que os discípulos Pedro, Tiago e João, fizeram essa profunda
experiência, onde Jesus lhe revelou a sua Divindade. Não é por acaso que na
narrativa de Mateus, aparecem ao lado de Jesus o Libertador Moisés e Elias, uma
das maiores referências como profeta do Antigo Testamento, é uma catequese que
tem como pano de fundo o Judaísmo, comprovando que Jesus é de fato io Messias,
aquele que havia sido prometido na Escritura Antiga, e até prefigurado em
alguns personagens da História de Israel. A partir de agora, a humanidade não
irá mais precisar da Lei e dos Profetas, Jesus não trouxe uma nova Lei ou
Aliança, Ele próprio é a Nova Aliança, aquele que de modo único e excelente nos
revela o Pai.
Mas o que esse fato
refletido no evangelho pelas comunidades de Mateus, tem a ver com a realidade
das nossas comunidades cristãs ? Sabemos que Jesus é Nosso Deus e Senhor, mas
quais as consequências que esta Fé traz em nossa vida? A cada domingo, Dia do
Senhor, Jesus convida todos os cristãos a “subirem a montanha”, isso é, a
fazerem essa “ascese” nas nossas celebrações. Embora humana, com uma Liturgia
que comporta elementos culturais, cada celebração é envolvida pelo Mistério de
Deus, como a nuvem que desceu sobre a montanha.
No ambiente
celebrativo de nossas igrejas cristãs, de muitos modos Jesus manifesta a glória
da sua Divindade, mas de modo excelente na Eucaristia e na Palavra, onde
mediante a Fé, podemos sim contemplar a sua glória, sentir a sua presença a
conduzir, animar e alimentar os seus, em comunhão com Ele em torno de uma mesa
que é a Mesa da Palavra ou da Eucaristia. Moisés e Elias são uma referência
importante para todos nós, não como meros personagens históricos, mas como
homens que fizeram a experiência de Deus, enquanto anunciadores de uma
Libertação que em Jesus atinge a sua plenitude e transcende o meramente
histórico, libertando-nos do mal do pecado. O profetismo de Elias anuncia a
Palavra Libertadora, o homem nasceu para ser livre, mas a sua liberdade está em
Deus, que não permanece impassível diante do sistema opressor que não considera
o dom da Liberdade, por isso, a Palavra libertadora se faz ação em Moisés deus
vê, ouve, desce e liberta o seu povo. Jesus eleva essa liberdade á sua
plenitude, concretizando as promessas de Deus nesse sentido.
O entusiasmo de
pertencer a uma comunidade cristã, o privilégio de poder fazer essa experiência
com os irmãos e irmãs nas celebrações dominicais, pode nos levar a cometer o
mesmo erro de Pedro: o de querermos permanecer apenas na dimensão celebrativa-
contemplativa, acomodar-se na Mística e fazer da experiência com Cristo algo
muito particular, é esse o significado de querer fazer tendas, e de fato muitos
fazem, isolando-se na comunidade ou no seu grupo ou pastoral, achando que a
vivência cristã se resume apenas nessa experiência religiosa.
Quando contemplamos a Divindade de Jesus e ficamos só nisso, sentimos medo, porque é impossível compreender um Deus revestido de glória, encarnado em nossa miséria humana. O Sagrado sempre e Sagrado sempre exerceu essa ambiguidade sobre o homem, o encanta, o atrai e fascina, mas também causa medo, quando se está diante do Mistério. Mas Jesus, que tocou nos discípulos, toca também em cada membro da comunidade :”Levantai—vos, não tenhais medo”. E ao descer da montanha, só vêem Jesus caminhando com eles pela encosta da montanha. Eis aqui o grande desafio, vermos Jesus no irmão ou irmã da comunidade, que caminha com a gente, perceber esse Deus extremamente humano, percorrendo nossos mesmos caminhos,, sem nunca deixar de ser o “Outro”, o Transcendente.
Quando contemplamos a Divindade de Jesus e ficamos só nisso, sentimos medo, porque é impossível compreender um Deus revestido de glória, encarnado em nossa miséria humana. O Sagrado sempre e Sagrado sempre exerceu essa ambiguidade sobre o homem, o encanta, o atrai e fascina, mas também causa medo, quando se está diante do Mistério. Mas Jesus, que tocou nos discípulos, toca também em cada membro da comunidade :”Levantai—vos, não tenhais medo”. E ao descer da montanha, só vêem Jesus caminhando com eles pela encosta da montanha. Eis aqui o grande desafio, vermos Jesus no irmão ou irmã da comunidade, que caminha com a gente, perceber esse Deus extremamente humano, percorrendo nossos mesmos caminhos,, sem nunca deixar de ser o “Outro”, o Transcendente.
E assim, pela sua
encarnação recebemos a Graça Divina, e podemos nos abrir para que o Espírito
Santo nos renove, nos transforme e nos transfigure no dinâmico processo da
conversão, e diferente dos apóstolos Pedro, Tiago e João, ao término da
celebração, quando descemos da “montanha”, somos enviados para proclamar bem
alto as maravilhas de Deus, a darmos testemunho do evangelho, mostrando que
somente na Ressurreição do Senhor encontramos o sentido para a nossa vida terrena.
Derrubemos,
portanto, as tendas do nosso comodismo, de uma Fé desvinculada da Vida, nesse
segundo domingo da quaresma, e como o Patriarca Abraão, coloquemo-nos á caminho
dessa Terra das Promessas, onde cada homem e cada mulher , vivendo em Deus,
atingirá a felicidade em seu sentido mais pleno, irradiando em si, a mesma luz
fulgurante do Cristo, Homem Deus e Deus Homem, o novo Moisés que nos conduz com
segurança a esta terra, cuja estrada passa exatamente na experiência humana,
estrada que nosso Deus feito homem também percorreu, e que nos conduz á glória
de uma Vida em comunhão definitiva com Ele, que em Cristo nos aceitou também
como “Filhos e Filhas, em quem Ele põe todo o seu agrado”. ( 2º Domingo da
quaresma MT 17, 1-9)
José da Cruz é
Diácono
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