DIA 02- QUARTA - Evangelho
- Mt 6,24-34
Neste texto, Cristo nos liberta do medo;
assim como as enfermidades, os medos podem ser agudos ou crônicos. Os medos agudos são determinados por uma
situação de perigo extraordinário. Como surgem de improviso e sem aviso, dessa
forma desaparecem com o cessar do perigo, deixando somente uma má recordação.
Não dependem de nós e são naturais.
Mais perigosos são os medos crônicos, os
que vivem conosco, que levamos desde o nascimento ou da infância, que se
convertem em parte de nosso ser e aos quais acabamos, muitas vezes, até os
“acariciando”.
O medo não é um mal em si mesmo. Frequentemente, é a ocasião
para revelar um valor e uma força inesperados. Só quem conhece o temor sabe o
que é o valor. Transforma-se verdadeiramente em um mal que consome e não deixa
viver quando, em vez de estímulo de reação e impulso para a ação, passa a ser
uma desculpa para a inação, algo que paralisa. Quando este medo se transforma
numa ânsia. Jesus deu um nome às ansiedades mais comuns do homem: “Que vamos comer? Que vamos beber? Com que vamos nos vestir?” (Mt 6,31).
A ansiedade converteu-se na
enfermidade do século e é uma das causas principais da multiplicação dos
infartos. Vivemos na
ansiedade e, assim, é como se não vivêssemos! Esse mal [ansiedade] é o medo
irracional de um objeto desconhecido. Temer sempre e esperar de tudo
sistematicamente o pior e viver numa constante numa palpitação. Se o perigo não
existe, a ansiedade o inventa; se existe, agiganta-o!
A pessoa ansiosa sofre sempre os males duas vezes: primeiro
na previsão e depois na realidade. O que Jesus – no Evangelho de hoje – condena
não é tanto o simples temor ou a justa solicitude pelo amanhã, mas precisamente
esta ansiedade e esta inquietude. “Não
vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas
preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”.
Deixemos de descrever nossos medos de diferentes tipos e
tentemos, ao contrário disso, ver qual é o remédio que o Evangelho nos oferece
para vencê-los. O remédio se resume em uma palavra: confiança em Deus, crer na
Providência e no amor do Pai celeste. “Quanto
a vós até os vossos cabelos da cabeça estão contados … Vós valeis mais que
muitos pardais”. A
verdadeira raiz de todos os temores é o de encontrar-se só. Esse contínuo medo
da criança em ser abandonada.
E Jesus nos assegura justamente isto: que não seremos
abandonados. “Se
minha mãe e meu pai me abandonam, o Senhor me acolherá” (Salmo 27,10). Ainda que todos nos
abandonem, Ele não nos abandona. Jamais. Seu amor é mais forte que tudo.
Não podemos, contudo, deixar o tema do medo neste ponto.
Resultaria pouco próximo à realidade. Jesus quer libertar-nos dos temores e nos
liberta sempre, mas Ele não tem um só modo para fazê-lo: tem dois. Ou nos tira o medo do coração ou nos ajuda a vivê-lo de maneira
nova, mais livre, fazendo disso uma ocasião de graça para nós e para os demais.O
próprio Cristo quis fazer essa experiência. No Horto das Oliveiras está escrito
que“começou a experimentar tristeza e angústia”. O texto original sugere até a ideia de
um terror solitário, como de quem se sente isolado do consórcio humano, em uma
solidão imensa. E a quis experimentar precisamente para redimir também este
aspecto da condição humana. Desde aquele dia, vivido em união com Ele, o medo –
especialmente o da morte – tem o poder de levantar-nos em vez de deprimir-nos,
de fazer-nos mais atentos aos demais, mais compreensivos. Em uma palavra: mais
humanos.
Jesus Cristo está comigo. A quem
temerei? Assaltem-me as vagas e a cólera dos grandes: tudo isso não vale,
sequer, o peso de uma teia de aranha. Porque Ele está comigo e o Seu báculo me
enche de confiança.
Padre Bantu Mendonça
Abençoada são as suas palavras. Deus o abençoe!
ResponderExcluirPadre , por favor me ajude , sofro de sindrome do panico. Meu nome é marcio e preciso de orações . tiocavalcante@outlook.com
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