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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cem vezes mais-Canção Nova


DIA 04 - SEXTA - Evangelho - Mc 10,28-31


O texto evangélico de hoje continua o tema de ontem. Em nome dos seus companheiros, o apóstolo Pedro quer tirar consequências pessoais da declaração de Jesus a respeito do Seu seguimento mediante o total desapego dos bens: “Já vês que nós deixamos tudo e seguimos-te”. Segundo Mateus, acrescenta: “O que é que vamos receber?” Em resposta a tal pergunta,  Cristo promete para o presente uma recompensa centuplicada e para o futuro a vida eterna.
Mas é preciso entender as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Em verdade vos digo, que quem deixar casa, irmãos ou irmãs, mãe ou pai, filhos ou terras por minha causa ou pela causa do Evangelho, receberá agora, neste mundo, cem vezes mais [...] com perseguição; e no mundo futuro, a vida eterna”. Esse cêntuplo temporal é mais qualitativo que quantitativo. Após a renúncia aos afetos familiares e aos seus bens materiais, o discípulo encontrará na comunidade do Reino de Deus, na comunidade dos irmãos na fé, relações pessoais e até apoio material muito mais gratificante que as pequenas pertenças as quais renunciou. Até cem vezes mais; hipérbole que acentua a desproporção generosa da recompensa.
A pequena frase “com perseguições” é exclusiva de Marcos. Seria um toque de radicalismo – talvez uma adição posterior -, alusivo à experiência temporária das perseguições que o Messias anunciou aos Seus. Por outro lado, esta perseguição a tanta bonança prometida é uma advertência de que, pelo seguimento de Cristo, o discípulo está longe de ter todos os problemas resolvidos. Embarcar com Ele na aventura do Reino supõe estar disposto a enfrentar as tempestades que acompanham toda a travessia durante a vida.
De uma ou outra forma, a cruz é consubstancial ao seguimento de Cristo pelo caminho do  Reino de Deus, como Jesus disse repedidas vezes. Mas também é segura a vida eterna no futuro como culminância de uma libertação já iniciada mediante o desprendimento e a pobreza. Deste modo o discípulo cristão não é caminho obscuro para a morte, mas para a vida; não é pobreza solitária, mas fecundidade humana e ganho presente e futuro. Os discípulos, que agora estão na categoria dos últimos, passarão um dia a ser os primeiros.
Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

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