5 Agosto
2018
ANO B
Tema do 18º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum
repete, no essencial, a mensagem das leituras do passado domingo. Assegura-nos
que Deus está empenhado em oferecer ao seu Povo o alimento que dá a vida eterna
e definitiva.
A primeira leitura dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A acção de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o “pão” da vida que desceu do céu para dar vida ao mundo. Aos que O seguem, Jesus pede que aceitem esse “pão” – isto é, que escutem as palavras que Ele diz, que as acolham no seu coração, que aceitem os seus valores, que adiram à sua proposta.
A segunda leitura diz-nos que a adesão a Jesus implica o deixar de ser homem velho e o passar a ser homem novo. Aquele que aceita Jesus como o “pão” que dá vida e adere a Ele, passa a ser uma outra pessoa. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo.
A primeira leitura dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A acção de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o “pão” da vida que desceu do céu para dar vida ao mundo. Aos que O seguem, Jesus pede que aceitem esse “pão” – isto é, que escutem as palavras que Ele diz, que as acolham no seu coração, que aceitem os seus valores, que adiram à sua proposta.
A segunda leitura diz-nos que a adesão a Jesus implica o deixar de ser homem velho e o passar a ser homem novo. Aquele que aceita Jesus como o “pão” que dá vida e adere a Ele, passa a ser uma outra pessoa. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo.
LEITURA I – Ex 16,2-4.12-15
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias,
toda a comunidade dos filhos de Israel
começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão.
Disseram-lhes os filhos de Israel:
«Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto,
quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne
e comíamos pão até nos saciarmos.
Trouxestes-nos a este deserto,
para deixar morrer à fome toda esta multidão».
Então o Senhor disse a Moisés:
«Vou fazer que chova para vós pão do céu.
O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia.
Vou assim pô-lo à prova,
para ver se segue ou não a minha lei.
Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel.
Vai dizer-lhes:
‘Ao cair da noite comereis carne
e de manhã saciar-vos-eis de pão.
Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’».
Nessa tarde apareceram codornizes,
que cobriram o acampamento,
e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho
em volta do acampamento.
Quando essa camada de orvalho se evaporou,
apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa,
fina como a geada sobre a terra.
Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros:
«Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?»,
pois não sabiam o que era.
Disse-lhes então Moisés:
«É o pão que o Senhor vos dá em alimento».
toda a comunidade dos filhos de Israel
começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão.
Disseram-lhes os filhos de Israel:
«Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto,
quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne
e comíamos pão até nos saciarmos.
Trouxestes-nos a este deserto,
para deixar morrer à fome toda esta multidão».
Então o Senhor disse a Moisés:
«Vou fazer que chova para vós pão do céu.
O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia.
Vou assim pô-lo à prova,
para ver se segue ou não a minha lei.
Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel.
Vai dizer-lhes:
‘Ao cair da noite comereis carne
e de manhã saciar-vos-eis de pão.
Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’».
Nessa tarde apareceram codornizes,
que cobriram o acampamento,
e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho
em volta do acampamento.
Quando essa camada de orvalho se evaporou,
apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa,
fina como a geada sobre a terra.
Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros:
«Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?»,
pois não sabiam o que era.
Disse-lhes então Moisés:
«É o pão que o Senhor vos dá em alimento».
AMBIENTE
A secção de Ex 15,22-18,27 desenvolve um dos
grandes temas do Pentateuco: a marcha pelo deserto. Aqui estamos, ainda, na
primeira etapa dessa marcha – a que vai desde a passagem do mar, até ao Sinai.
Três dos episódios apresentados nesta secção tratam o tema da murmuração do Povo (cf. Ex 15,22-27; 16,1-21; 17,1-7). O esquema é simples e é sempre o mesmo: o Povo desconfia e murmura diante das dificuldades, subleva-se contra Moisés e chega a acusar Deus pelos desconfortos da caminhada; quando estão prestes a sofrer o castigo pela sua revolta, Moisés intercede diante do Jahwéh e o Senhor perdoa o pecado do Povo; finalmente, apesar do pecado, Jahwéh concede ao Povo os bens de que este sente necessidade. Os relatos apresentam-se sempre de uma forma dramática, com um crescendo de intensidade até ao desfecho final, que se apresenta sempre na forma de uma intervenção prodigiosa de Deus, em benefício do seu Povo.
Provavelmente, estes relatos têm por base elementos de carácter histórico (dificuldades reais sentidas pelos hebreus que saíram do Egipto com Moisés, no seu caminho para a Terra Prometida, através do deserto do Sinai) e que ficaram na memória colectiva; no entanto, os catequistas bíblicos estão mais interessados em fazer catequese, do que em apresentar uma reportagem jornalística da viagem (o episódio mistura uma catequese “jahwista”, do séc. X a.C. com uma catequese “sacerdotal”, do séc. VI a.C). A catequese apresentada pretende sempre avisar o Povo contra a tentação de procurar refúgio e segurança fora de Jahwéh… Aqui, Israel fala em regressar ao Egipto, onde eram escravos, mas tinham pão e carne em abundância: o Egipto representa a tentação que o Povo sentiu, em tantas situações da sua história, de voltar atrás, de abandonar os valores e a vida de Deus, de se instalar comodamente em esquemas à margem de Deus. O catequista jahwista garante ao seu Povo que Deus o acompanha sempre ao longo da sua caminhada e que só ele oferece a Israel vida em abundância.
O episódio que hoje nos é proposto – o episódio das codornizes e do maná – é situado no deserto de Sin, “que está entre Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês após a saída da terra do Egipto” (Ex 16,1). O deserto de Sin estende-se de Kadesh-Barnea para ocidente.
A história das codornizes tem por base um fenómeno que se observa, por vezes, na Península do Sinai: a migração em massa de codornizes que, depois de atravessar o mar, chegam ao Sinai muito cansadas da viagem, pousam junto das tendas dos beduínos e deixam-se apanhar com facilidade. A história do maná deve ter por base uma pequena árvore (“tamarix mannifera”) existente em certas zonas do Sinai que, após ser picada por um insecto, segrega uma substância resinosa e espessa que logo se coagula; os beduínos recolhem, ainda hoje, essa substância (que chamam “man”), derretem-na ao calor do sol e passam-na sobre o pão.
Vai ser com estes elementos – elementos que o Povo conheceu e que o impressionaram, ao longo da marcha pelo deserto – que os catequistas bíblicos vão “amassar” a catequese que nos transmitem no texto que nos é proposto.
Três dos episódios apresentados nesta secção tratam o tema da murmuração do Povo (cf. Ex 15,22-27; 16,1-21; 17,1-7). O esquema é simples e é sempre o mesmo: o Povo desconfia e murmura diante das dificuldades, subleva-se contra Moisés e chega a acusar Deus pelos desconfortos da caminhada; quando estão prestes a sofrer o castigo pela sua revolta, Moisés intercede diante do Jahwéh e o Senhor perdoa o pecado do Povo; finalmente, apesar do pecado, Jahwéh concede ao Povo os bens de que este sente necessidade. Os relatos apresentam-se sempre de uma forma dramática, com um crescendo de intensidade até ao desfecho final, que se apresenta sempre na forma de uma intervenção prodigiosa de Deus, em benefício do seu Povo.
Provavelmente, estes relatos têm por base elementos de carácter histórico (dificuldades reais sentidas pelos hebreus que saíram do Egipto com Moisés, no seu caminho para a Terra Prometida, através do deserto do Sinai) e que ficaram na memória colectiva; no entanto, os catequistas bíblicos estão mais interessados em fazer catequese, do que em apresentar uma reportagem jornalística da viagem (o episódio mistura uma catequese “jahwista”, do séc. X a.C. com uma catequese “sacerdotal”, do séc. VI a.C). A catequese apresentada pretende sempre avisar o Povo contra a tentação de procurar refúgio e segurança fora de Jahwéh… Aqui, Israel fala em regressar ao Egipto, onde eram escravos, mas tinham pão e carne em abundância: o Egipto representa a tentação que o Povo sentiu, em tantas situações da sua história, de voltar atrás, de abandonar os valores e a vida de Deus, de se instalar comodamente em esquemas à margem de Deus. O catequista jahwista garante ao seu Povo que Deus o acompanha sempre ao longo da sua caminhada e que só ele oferece a Israel vida em abundância.
O episódio que hoje nos é proposto – o episódio das codornizes e do maná – é situado no deserto de Sin, “que está entre Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês após a saída da terra do Egipto” (Ex 16,1). O deserto de Sin estende-se de Kadesh-Barnea para ocidente.
A história das codornizes tem por base um fenómeno que se observa, por vezes, na Península do Sinai: a migração em massa de codornizes que, depois de atravessar o mar, chegam ao Sinai muito cansadas da viagem, pousam junto das tendas dos beduínos e deixam-se apanhar com facilidade. A história do maná deve ter por base uma pequena árvore (“tamarix mannifera”) existente em certas zonas do Sinai que, após ser picada por um insecto, segrega uma substância resinosa e espessa que logo se coagula; os beduínos recolhem, ainda hoje, essa substância (que chamam “man”), derretem-na ao calor do sol e passam-na sobre o pão.
Vai ser com estes elementos – elementos que o Povo conheceu e que o impressionaram, ao longo da marcha pelo deserto – que os catequistas bíblicos vão “amassar” a catequese que nos transmitem no texto que nos é proposto.
MENSAGEM
1. O episódio começa com a murmuração do Povo
“contra Moisés e contra Aarão” (vers. 2). Por estranho que pareça, Israel sente
saudades do tempo em que passou no Egipto pois, apesar da escravidão, estava
sentado “ao pé de panelas de carne” e comia “pão com fartura” (vers. 3). Ao
longo da caminhada, vêm ao de cima as limitações e as deficiências de um grupo
humano ainda com mentalidade de escravo, demasiado “verde” e sem maturidade,
agarrado à mesquinhez, ao egoísmo, ao comodismo, que prefere a escravidão à
liberdade. Por outro lado, é um Povo que ainda não aprendeu a confiar no seu
Deus, a segui-lo de olhos fechados, a responder sem hesitações às suas
propostas, a segui-l’O incondicionalmente no caminho da fé.
2. A resposta de Deus é “fazer chover pão do céu” (vers. 4) e dar ao Povo carne em abundância (vers. 12). O objectivo de Deus é, não só satisfazer as necessidades materiais do Povo, mas também revelar-Se como o Deus da bondade e do amor, que cuida do seu Povo, que está sempre ao seu lado ao longo da caminhada, que milagrosamente entrega de bandeja a Israel a possibilidade de satisfazer as suas necessidades mais básicas e de vencer as forças da morte que se ocultam nas areias do deserto. Dessa forma, o Povo pode fazer uma experiência de encontro e de comunhão com Deus, que se traduzirá em confiança, em amor, em entrega. O cuidado, a solicitude e o amor de Deus experimentados nesta “crise”, não só ajudarão o Povo a sobreviver, mas irão permitir-lhe, também, superar mentalidades estreitas e egoístas, fazendo-o ver mais além, alargar os horizontes, tornar-se mais adulto, mais consciente, mais responsável e mais santo. Israel aprende, assim, a confiar em Deus, a entregar-se nas suas mãos, a não duvidar do seu amor e fidelidade… Israel aprende, neste percurso, que Jahwéh é a rocha segura em quem se pode confiar nas crises e dramas da vida.
3. O facto de se dizer que Deus apenas dava ao Povo a quantidade de maná necessária “para cada dia” (vers. vers. 4) é uma bonita lição sobre desprendimento e confiança em Deus. Ensina o Povo a não acumular bens, a não viver para o “ter”, a libertar o coração da ganância e do desejo de possuir sempre mais, a não viver angustiado com o futuro e com o dia de amanhã; ensina, também, a confiar em Deus, a entregar-se serenamente nas suas mãos, a vê-l’O como verdadeira fonte de vida.
2. A resposta de Deus é “fazer chover pão do céu” (vers. 4) e dar ao Povo carne em abundância (vers. 12). O objectivo de Deus é, não só satisfazer as necessidades materiais do Povo, mas também revelar-Se como o Deus da bondade e do amor, que cuida do seu Povo, que está sempre ao seu lado ao longo da caminhada, que milagrosamente entrega de bandeja a Israel a possibilidade de satisfazer as suas necessidades mais básicas e de vencer as forças da morte que se ocultam nas areias do deserto. Dessa forma, o Povo pode fazer uma experiência de encontro e de comunhão com Deus, que se traduzirá em confiança, em amor, em entrega. O cuidado, a solicitude e o amor de Deus experimentados nesta “crise”, não só ajudarão o Povo a sobreviver, mas irão permitir-lhe, também, superar mentalidades estreitas e egoístas, fazendo-o ver mais além, alargar os horizontes, tornar-se mais adulto, mais consciente, mais responsável e mais santo. Israel aprende, assim, a confiar em Deus, a entregar-se nas suas mãos, a não duvidar do seu amor e fidelidade… Israel aprende, neste percurso, que Jahwéh é a rocha segura em quem se pode confiar nas crises e dramas da vida.
3. O facto de se dizer que Deus apenas dava ao Povo a quantidade de maná necessária “para cada dia” (vers. vers. 4) é uma bonita lição sobre desprendimento e confiança em Deus. Ensina o Povo a não acumular bens, a não viver para o “ter”, a libertar o coração da ganância e do desejo de possuir sempre mais, a não viver angustiado com o futuro e com o dia de amanhã; ensina, também, a confiar em Deus, a entregar-se serenamente nas suas mãos, a vê-l’O como verdadeira fonte de vida.
ACTUALIZAÇÃO
• Mais uma vez, a Palavra de Deus que nos é
proposta dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com
solicitude e amor, o alimento que dá vida. A acção de Deus não vai, apenas, no
sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e
principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades
estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros
valores. Para Deus, “alimentar” o Povo é ajudá-lo a descobrir os caminhos que
conduzem à felicidade e à vida verdadeira. O Deus em quem nós acreditamos é o
mesmo Deus que, no deserto, ofereceu a Israel a possibilidade de libertar-se de
uma mentalidade de escravo e de descobrir o caminho para a vida nova da
liberdade e da felicidade… Ele vai connosco ao longo da nossa caminhada pelo
deserto da vida, vê as nossas necessidades, conhece os nossos limites, percebe
a nossa tendência para o egoísmo e o comodismo e, em cada dia, aponta-nos
caminhos novos, convida-nos a ir mais além, mostra-nos como podemos chegar à
terra da liberdade e da vida verdadeira. Este texto fala-nos da solicitude e do
amor com que Deus acompanha a nossa caminhada de todos os dias; convida-nos,
também, a escutar esse Deus, a aceitar as propostas de vida que Ele faz e a
confiar incondicionalmente n’Ele.
• As “saudades” que os israelitas sentem do
Egipto, onde estavam “sentados junto de panelas de carne” e tinham “pão com
fartura”, revelam a realidade de um Povo acomodado à escravidão, instalado
tranquilamente numa vida sem perspectivas e sem saída, incapaz de arriscar, de
enfrentar a novidade, de querer mais, de aceitar a liberdade que se constrói na
luta e no risco. Esta mentalidade de escravidão continua, bem viva, no nosso
mundo… É a mentalidade daqueles que vivem obcecados pelo “ter” e que são
capazes de renunciar à sua dignidade para acumular bens materiais; é a mentalidade
daqueles que trocam valores importantes pelos “cinco minutos de fama” e de
exposição mediática; é a mentalidade daqueles que têm como único objectivo na
vida a satisfação das suas necessidades mais básicas; é a mentalidade daqueles
que se instalam comodamente nos seus esquemas cómodos, nos seus preconceitos e
se recusam a ir mais além, a deixarem-se interpelar pela novidade e pelos
desafios de Deus; é a mentalidade daqueles que vivem voltados para o passado,
que idealizam o passado, recusando-se a enfrentar os desafios da história e a
descobrir o que há de positivo e de desafiante nos novos tempos; é a
mentalidade daqueles que se resignam à mediocridade e que não fazem nenhum
esforço para que a sua vida faça sentido… A Palavra de Deus que nos é proposta
diz-nos: o nosso Deus não Se conforma com a resignação, o comodismo, a
instalação, a mediocridade que fazem de nós escravos e que nos impedem de
chegar à vida verdadeira, plenamente vivida e assumida; Ele vem ao nosso
encontro, desafia-nos a ir mais além, aponta-nos caminhos, convida-nos a
crescer e a dar passos firmes e seguros em direcção à liberdade e à vida nova…
E, durante o caminho, nunca estaremos sozinhos, pois Ele vai ao nosso lado.
• A ideia de que Deus dá ao seu Povo, dia a
dia, o pão necessário para a subsistência (proibindo “juntar” mais do que o
necessário para cada dia) pretende ajudar o Povo a libertar-se da tentação do
“ter”, da ganância, da ambição desmedida. É um convite, também a nós, a não nos
deixarmos dominar pelo desejo descontrolado de posse dos bens, a libertarmos o
nosso coração da ganância que nos torna escravos das coisas materiais, a não
vivermos obcecados e angustiados com o futuro, a não colocarmos na conta
bancária a nossa segurança e a nossa esperança. Só Deus é a nossa segurança, só
n’Ele devemos confiar, pois só Ele (e não os bens materiais) nos liberta e nos
leva ao encontro da vida definitiva.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 77 (78)
Refrão: O Senhor deu-lhes o pão do céu.
Nós ouvimos e aprendemos,
os nossos pais nos contaram
os louvores do Senhor e o seu poder
e as maravilhas que Ele realizou.
os nossos pais nos contaram
os louvores do Senhor e o seu poder
e as maravilhas que Ele realizou.
Deus ordens às nuvens do alto
e abriu as portas do céu;
para alimento fez chover o maná,
deu-lhes o pão do céu.
e abriu as portas do céu;
para alimento fez chover o maná,
deu-lhes o pão do céu.
O homem comeu o pão dos fortes!
Mandou-lhes comida com abundância
e introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou.
Mandou-lhes comida com abundância
e introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou.
LEITURA II – Ef 4,17.20-24
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos
Efésios
Irmãos:
Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor:
Não torneis a proceder como os pagãos,
que vivem na futilidade dos seus pensamentos.
Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo,
se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos,
conforme a verdade que está em Jesus.
É necessário abandonar a vida de outrora
e pôr de parte o homem velho,
corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência
e revesti-vos do homem novo, criado á imagem de Deus
na justiça e santidade verdadeiras.
Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor:
Não torneis a proceder como os pagãos,
que vivem na futilidade dos seus pensamentos.
Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo,
se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos,
conforme a verdade que está em Jesus.
É necessário abandonar a vida de outrora
e pôr de parte o homem velho,
corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência
e revesti-vos do homem novo, criado á imagem de Deus
na justiça e santidade verdadeiras.
AMBIENTE
Continuamos a ler a Carta aos Efésios, essa
“carta circular” que Paulo escreve enquanto está na prisão (em Roma, durante os
anos 61-63?) e que envia a várias comunidades cristãs da parte ocidental da
Ásia Menor. É uma carta (já o dissemos atrás) onde Paulo apresenta, de forma
extremamente serena e reflectida, uma teologia amadurecida, completa, bem
elaborada, sobre as exigências da vida nova em Cristo.
A secção da Carta aos Efésios que vai de 4,1 a 6,20 (já o dissemos também no passado domingo) é um texto parenético, que tem por objectivo principal exortar os cristãos a viverem de forma coerente com o seu Baptismo e com o seu compromisso com Cristo. Depois de convidar os crentes a viverem na unidade do amor (cf. Ef 4,1-6) e de lhes apresentar uma reflexão sobre a comunidade, Corpo de Cristo formado por muitos membros (cf. Ef 4,7-13), Paulo exorta os cristãos a viverem de acordo com a sua condição de Homens Novos em Cristo (cf. 4,14-5,14). O texto que nos é hoje proposto como segunda leitura é parte dessa exortação.
A secção da Carta aos Efésios que vai de 4,1 a 6,20 (já o dissemos também no passado domingo) é um texto parenético, que tem por objectivo principal exortar os cristãos a viverem de forma coerente com o seu Baptismo e com o seu compromisso com Cristo. Depois de convidar os crentes a viverem na unidade do amor (cf. Ef 4,1-6) e de lhes apresentar uma reflexão sobre a comunidade, Corpo de Cristo formado por muitos membros (cf. Ef 4,7-13), Paulo exorta os cristãos a viverem de acordo com a sua condição de Homens Novos em Cristo (cf. 4,14-5,14). O texto que nos é hoje proposto como segunda leitura é parte dessa exortação.
MENSAGEM
O nosso texto é, fundamentalmente, um convite
– feito com a veemência que Paulo usava sempre nas suas exortações – a deixar a
vida antiga e os esquemas do passado, para abraçar definitivamente a vida nova
que Cristo veio propor.
Paulo usa duas expressões opostas para definir a realidade do homem antes do encontro com Cristo e depois do encontro com Cristo. O homem que ainda não aderiu a Cristo é, para Paulo, o homem velho, cuja vida é marcada pela mediocridade, pela futilidade (vers. 17), pela corrupção, pela escravidão aos “desejos enganadores” (vers. 22). O homem que já encontrou Cristo e que aderiu à sua proposta é o homem novo, que vive na verdade (vers. 21), na justiça e na santidade verdadeiras (vers. 24).
O Baptismo – o momento da adesão a Cristo – é o momento decisivo da transformação do homem velho em homem novo. O próprio rito do Baptismo (o imergir na água significa o morrer para a vida antiga de pecado; o emergir da água significa o nascimento de um outro homem, purificado do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência, do pecado) sugere a transformação e a ressurreição do homem para uma vida nova – a vida em Cristo. A partir daí, o homem devia adoptar uma nova maneira de pensar e de agir, consequência do seu compromisso com Cristo e com a proposta de vida que Cristo veio apresentar.
Contudo, mesmo depois de ter optado por Cristo, o homem continua marcado pela sua condição de debilidade e de fragilidade… Essa condição faz com que, por vezes, sinta a tentação de regressar ao homem velho do egoísmo, do orgulho, do pecado… O crente, animado pelo Espírito é, portanto, chamado a renovar cada dia a sua adesão a Cristo e a construir a sua existência de forma coerente com os compromissos que assumiu no dia do seu Baptismo. O homem novo não é uma realidade adquirida de uma vez por todas, no dia em que se optou por Cristo; mas é uma realidade continuamente a fazer-se, que exige um trabalho contínuo e uma constante renovação.
Paulo usa duas expressões opostas para definir a realidade do homem antes do encontro com Cristo e depois do encontro com Cristo. O homem que ainda não aderiu a Cristo é, para Paulo, o homem velho, cuja vida é marcada pela mediocridade, pela futilidade (vers. 17), pela corrupção, pela escravidão aos “desejos enganadores” (vers. 22). O homem que já encontrou Cristo e que aderiu à sua proposta é o homem novo, que vive na verdade (vers. 21), na justiça e na santidade verdadeiras (vers. 24).
O Baptismo – o momento da adesão a Cristo – é o momento decisivo da transformação do homem velho em homem novo. O próprio rito do Baptismo (o imergir na água significa o morrer para a vida antiga de pecado; o emergir da água significa o nascimento de um outro homem, purificado do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência, do pecado) sugere a transformação e a ressurreição do homem para uma vida nova – a vida em Cristo. A partir daí, o homem devia adoptar uma nova maneira de pensar e de agir, consequência do seu compromisso com Cristo e com a proposta de vida que Cristo veio apresentar.
Contudo, mesmo depois de ter optado por Cristo, o homem continua marcado pela sua condição de debilidade e de fragilidade… Essa condição faz com que, por vezes, sinta a tentação de regressar ao homem velho do egoísmo, do orgulho, do pecado… O crente, animado pelo Espírito é, portanto, chamado a renovar cada dia a sua adesão a Cristo e a construir a sua existência de forma coerente com os compromissos que assumiu no dia do seu Baptismo. O homem novo não é uma realidade adquirida de uma vez por todas, no dia em que se optou por Cristo; mas é uma realidade continuamente a fazer-se, que exige um trabalho contínuo e uma constante renovação.
ACTUALIZAÇÃO
• O cristão é, antes de mais, alguém que
encontrou Cristo, que escutou o seu chamamento, que aderiu à sua proposta. A
consequência dessa adesão é passar a viver de uma forma diferente, de acordo
com valores diferentes, e com uma outra mentalidade. O encontro com Cristo deve
significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente
diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face
ao mundo. Antes de mais devemos tomar consciência de que também nós encontrámos
Cristo, fomos chamados por Ele, aderimos à sua proposta e assumimos com Ele um compromisso.
O momento do nosso Baptismo não foi um momento de folclore religioso ou uma
ocasião para cumprir um rito cultural qualquer; mas foi um verdadeiro momento
de encontro com Cristo, de compromisso com Ele e o início de uma caminhada que
Deus nos chama a percorrer, com coerência, pela vida fora, até chegarmos ao
homem novo.
• Paulo convida insistentemente os crentes a
deixar a vida do homem velho… O homem velho é o homem dominado pelo egoísmo,
pelo orgulho, que vive de coração fechado a Deus e aos irmãos, que vive
instalado em esquemas de opressão e de injustiça, que gasta a vida a correr
atrás dos deuses errados (o dinheiro, o poder, o êxito, a moda…), que se deixa
dominar pela cobiça, pela corrupção, pela concupiscência, pela ira, pela
maldade e se recusa a escutar a proposta libertadora que Deus lhe apresenta.
Provavelmente, não nos revemos na totalidade deste quadro; mas não teremos
momentos em que construímos a nossa vida à margem das propostas de Deus e em
que negligenciamos os valores de Deus para abraçar outros valores que nos
escravizam?
• Paulo apela a que os crentes vivam a vida do
homem novo. O homem novo é o homem continuamente atento às propostas de Deus,
que aceita integrar a família de Deus, que não se conforma com a maldade, a
injustiça, a exploração, a opressão, que procura viver na verdade, no amor, na
justiça, na partilha, no serviço, que pratica obras de bondade, de
misericórdia, de humildade, que dia a dia dá testemunho, com alegria e
simplicidade, dos valores de Deus. É este o meu “projecto” de vida? Os meus
gestos e atitudes de cada dia manifestam a realidade de um homem novo, que vive
em comunhão com Deus e no amor aos irmãos?
• Todos nós, no dia do nosso Baptismo, optámos
pelo homem novo… É preciso, no entanto, termos consciência que a construção do
homem novo nunca é um processo acabado… A monotonia, o cansaço, os problemas da
vida, as influências do mundo, a nossa preguiça e o nosso comodismo levam-nos,
muitas vezes, a instalarmo-nos na mediocridade, nas “meias tintas”, na não exigência,
na acomodação; então, o homem velho espreita-nos a cada esquina e toma conta de
nós… Precisamos de ter consciência de que em cada minuto que passa tudo começa
outra vez; precisamos de renovar continuamente as nossas opções e o nosso
compromisso, numa atenção constante ao chamamento de Deus. O cristão não cruza
os braços considerando que já atingiu um nível satisfatório de perfeição; mas
está sempre numa atitude de vigilância e de conversão, para poder responder
adequadamente, em cada instante, aos desafios sempre novos de Deus.
ALELUIA – Mt 4,4b
Aleluia. Aleluia.
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
EVANGELHO – Jo 6,24-35
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
EVANGELHO – Jo 6,24-35
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São João
Naquele tempo,
quando a multidão viu
que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago,
subiram todos para as barcas
e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus.
Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe:
«Mestre, quando chegaste aqui?»
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
vós procurais-Me, não porque vistes milagres,
mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Trabalhai, não tanto pela comida que se perde,
mas pelo alimento que dura até à vida eterna
e que o Filho do homem vos dará.
A Ele é que o Pai, o próprio Deus,
marcou com o seu selo».
Disseram-Lhe então:
«Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?»
Respondeu-lhes Jesus:
«A obra de Deus
consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou».
Disseram-Lhe eles:
«Que milagres fazes Tu,
para que nós vejamos e acreditemos em Ti?
Que obra realizas?
No deserto os nossos pais comeram o maná,
conforme está escrito:
‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’».
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu;
meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu.
O pão de Deus é o que desce do Céu
para dar a vida ao mundo».
Disseram-Lhe eles:
«Senhor, dá-nos sempre desse pão».
Jesus respondeu-lhes:
«Eu sou o pão da vida:
quem vem a Mim nunca mais terá fome,
quem acredita em Mim nunca mais terá sede».
quando a multidão viu
que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago,
subiram todos para as barcas
e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus.
Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe:
«Mestre, quando chegaste aqui?»
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
vós procurais-Me, não porque vistes milagres,
mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Trabalhai, não tanto pela comida que se perde,
mas pelo alimento que dura até à vida eterna
e que o Filho do homem vos dará.
A Ele é que o Pai, o próprio Deus,
marcou com o seu selo».
Disseram-Lhe então:
«Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?»
Respondeu-lhes Jesus:
«A obra de Deus
consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou».
Disseram-Lhe eles:
«Que milagres fazes Tu,
para que nós vejamos e acreditemos em Ti?
Que obra realizas?
No deserto os nossos pais comeram o maná,
conforme está escrito:
‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’».
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu;
meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu.
O pão de Deus é o que desce do Céu
para dar a vida ao mundo».
Disseram-Lhe eles:
«Senhor, dá-nos sempre desse pão».
Jesus respondeu-lhes:
«Eu sou o pão da vida:
quem vem a Mim nunca mais terá fome,
quem acredita em Mim nunca mais terá sede».
AMBIENTE
No passado domingo, João contou-nos como Jesus
alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes, na “outra” margem do Lago de
Tiberíades (cf. Jo 6,1-15). Ao “cair da tarde” desse dia, Jesus e os discípulos
voltaram a Cafarnaum (cf. Jo 6,16-21).
O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no “dia seguinte” ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Nessa manhã, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados e que ainda estava do “outro lado” do lago apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro.
A multidão encontra Jesus na sinagoga de Cafarnaum – uma cidade situada na margem ocidental do Lago e à volta da qual se desenrola uma parte significativa da actividade de Jesus na Galileia. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (cf. Jo 6,22-59) que explica o sentido do gesto precedente (a multiplicação dos pães e dos peixes).
O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no “dia seguinte” ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Nessa manhã, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados e que ainda estava do “outro lado” do lago apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro.
A multidão encontra Jesus na sinagoga de Cafarnaum – uma cidade situada na margem ocidental do Lago e à volta da qual se desenrola uma parte significativa da actividade de Jesus na Galileia. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (cf. Jo 6,22-59) que explica o sentido do gesto precedente (a multiplicação dos pães e dos peixes).
MENSAGEM
A cena inicial (vers. 24) parece sugerir, à
primeira vista, que a pregação de Jesus alcançou um êxito total: a multidão
está entusiasmada, procura Jesus com afã e segue-O para todo o lado.
Aparentemente, a missão de Jesus não podia correr melhor.
Contudo, Jesus percebe facilmente que a multidão está equivocada e que O procura pelas razões erradas. Na verdade, a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, por parte de Jesus, uma lição sobre amor, partilha e serviço; mas a multidão não foi sensível ao significado profundo do gesto, ficou-se pelas aparências e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão em abundância. Assim, o facto de a multidão procurar Jesus e Se dirigir ao seu encontro não significa que tenha aderido à sua proposta; significa, apenas, que viu em Jesus um modo fácil e barato de resolver os seus problemas materiais.
Na verdade, o gesto de repartir pela multidão os pães e os peixes gerou um perigoso equívoco. Jesus está consciente de que é preciso desfazer, quanto antes, esse mal-entendido. Por isso, nem sequer responde à pergunta inicial que Lhe põem (“Mestre, quando chegaste aqui?” – vers. 25); mas, mal se encontra diante da multidão, procura esclarecer coisas bem mais importantes do que a hora da sua chegada a Cafarnaum… As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas procuram a resolução dos seus problemas materiais (vers. 26). Trata-se de uma procura interesseira e egoísta, que é absolutamente contrária à mensagem que Jesus procurou passar-lhes. Depois de identificar o problema, Jesus deixa-lhes um aviso: é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome de vida que todo o homem tem. A multidão, ao preocupar-se apenas com a procura do alimento material, está a esquecer o essencial – o alimento que dá vida definitiva. Esse alimento que dá a vida eterna é o próprio Jesus que o traz (vers. 27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? – pergunta-se a multidão (vers. 28). A resposta de Jesus é clara: é preciso aderir a Jesus e ao seu projecto (vers. 28). Na cena da multiplicação dos pães, a multidão não aderiu ao projecto de Jesus (que falava de amor, de partilha, de serviço); apenas correu atrás do profeta milagreiro que distribuía pão e peixes gratuitamente e em abundância… Mas, para receber o alimento que dá vida eterna e definitiva, é preciso, que a multidão acolha as propostas de Jesus e aceite viver no amor que se faz dom, na partilha daquilo que se tem com os irmãos, no serviço simples e humilde aos outros homens. É acolhendo e interiorizando esse “pão” que se adquire a vida que não acaba.
Os interlocutores de Jesus não estão, no entanto, convencidos de que esse “pão” garanta a vida definitiva. Custa-lhes a aceitar que a vida eterna resulte do amor, do serviço, da partilha. O que é que garante, perguntam eles, que esse seja um caminho verdadeiro para a vida definitiva (vers. 30)? Qual a prova de que a realização plena do homem passe pelo dom da própria vida aos demais? Porque é que Jesus não realiza um gesto espectacular – como Moisés, que fez chover do céu o maná, não apenas para cinco mil pessoas, mas para todo o Povo e de forma continuada – para provar que a proposta que Ele faz é verdadeiramente uma proposta geradora de vida (vers. 31)?
Jesus responde pondo a questão da seguinte forma: o maná foi um dom de Deus para saciar a fome material do seu Povo; mas o maná não é esse “pão” que sacia a fome de vida eterna do homem. Só Deus dá aos homens, de forma contínua, a vida eterna; e esse dom do Pai não veio ao encontro dos homens através de Moisés, mas através de Jesus (vers. 32-33). Portanto, o importante não é testemunhar gestos espectaculares, que deslumbram e impressionam mas não mudam nada; mas é acolher a proposta que Jesus faz e vivê-la nos gestos simples de todos os dias.
A última frase do nosso texto identifica o próprio Jesus, já não com o “portador” do pão, mas como o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu Povo para lhe saciar a fome e a sede de vida (vers. 35). “Comê-lo” será escutar a sua Palavra, acolher a sua proposta, assimilar os seus valores, interiorizar o seu jeito de viver, fazer da vida (como Jesus fez) um dom total de amor aos irmãos. Seguindo Jesus, acolhendo a sua proposta no coração e deixando que ela se transforme em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, o homem encontrará essa “qualidade” de vida que o leva à sua realização plena, à vida eterna.
Contudo, Jesus percebe facilmente que a multidão está equivocada e que O procura pelas razões erradas. Na verdade, a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, por parte de Jesus, uma lição sobre amor, partilha e serviço; mas a multidão não foi sensível ao significado profundo do gesto, ficou-se pelas aparências e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão em abundância. Assim, o facto de a multidão procurar Jesus e Se dirigir ao seu encontro não significa que tenha aderido à sua proposta; significa, apenas, que viu em Jesus um modo fácil e barato de resolver os seus problemas materiais.
Na verdade, o gesto de repartir pela multidão os pães e os peixes gerou um perigoso equívoco. Jesus está consciente de que é preciso desfazer, quanto antes, esse mal-entendido. Por isso, nem sequer responde à pergunta inicial que Lhe põem (“Mestre, quando chegaste aqui?” – vers. 25); mas, mal se encontra diante da multidão, procura esclarecer coisas bem mais importantes do que a hora da sua chegada a Cafarnaum… As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas procuram a resolução dos seus problemas materiais (vers. 26). Trata-se de uma procura interesseira e egoísta, que é absolutamente contrária à mensagem que Jesus procurou passar-lhes. Depois de identificar o problema, Jesus deixa-lhes um aviso: é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome de vida que todo o homem tem. A multidão, ao preocupar-se apenas com a procura do alimento material, está a esquecer o essencial – o alimento que dá vida definitiva. Esse alimento que dá a vida eterna é o próprio Jesus que o traz (vers. 27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? – pergunta-se a multidão (vers. 28). A resposta de Jesus é clara: é preciso aderir a Jesus e ao seu projecto (vers. 28). Na cena da multiplicação dos pães, a multidão não aderiu ao projecto de Jesus (que falava de amor, de partilha, de serviço); apenas correu atrás do profeta milagreiro que distribuía pão e peixes gratuitamente e em abundância… Mas, para receber o alimento que dá vida eterna e definitiva, é preciso, que a multidão acolha as propostas de Jesus e aceite viver no amor que se faz dom, na partilha daquilo que se tem com os irmãos, no serviço simples e humilde aos outros homens. É acolhendo e interiorizando esse “pão” que se adquire a vida que não acaba.
Os interlocutores de Jesus não estão, no entanto, convencidos de que esse “pão” garanta a vida definitiva. Custa-lhes a aceitar que a vida eterna resulte do amor, do serviço, da partilha. O que é que garante, perguntam eles, que esse seja um caminho verdadeiro para a vida definitiva (vers. 30)? Qual a prova de que a realização plena do homem passe pelo dom da própria vida aos demais? Porque é que Jesus não realiza um gesto espectacular – como Moisés, que fez chover do céu o maná, não apenas para cinco mil pessoas, mas para todo o Povo e de forma continuada – para provar que a proposta que Ele faz é verdadeiramente uma proposta geradora de vida (vers. 31)?
Jesus responde pondo a questão da seguinte forma: o maná foi um dom de Deus para saciar a fome material do seu Povo; mas o maná não é esse “pão” que sacia a fome de vida eterna do homem. Só Deus dá aos homens, de forma contínua, a vida eterna; e esse dom do Pai não veio ao encontro dos homens através de Moisés, mas através de Jesus (vers. 32-33). Portanto, o importante não é testemunhar gestos espectaculares, que deslumbram e impressionam mas não mudam nada; mas é acolher a proposta que Jesus faz e vivê-la nos gestos simples de todos os dias.
A última frase do nosso texto identifica o próprio Jesus, já não com o “portador” do pão, mas como o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu Povo para lhe saciar a fome e a sede de vida (vers. 35). “Comê-lo” será escutar a sua Palavra, acolher a sua proposta, assimilar os seus valores, interiorizar o seu jeito de viver, fazer da vida (como Jesus fez) um dom total de amor aos irmãos. Seguindo Jesus, acolhendo a sua proposta no coração e deixando que ela se transforme em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, o homem encontrará essa “qualidade” de vida que o leva à sua realização plena, à vida eterna.
ACTUALIZAÇÃO
• O caminho que percorremos nesta terra é
sempre um caminho marcado pela procura da nossa realização, da nossa
felicidade, da vida plena e verdadeira. Temos fome de vida, de amor, de
felicidade, de justiça, de paz, de esperança, de transcendência e procuramos,
de mil formas, saciar essa fome; mas continuamos sempre insatisfeitos,
tropeçando na nossa finitude, em respostas parciais, em tentativas falhadas de
realização, em esquemas equívocos, em falsas miragens de felicidade e de
realização, em valores efémeros, em propostas que parecem sedutoras mas que só
geram escravidão e dependência… Na verdade, o dinheiro, o poder, a realização
profissional, o êxito, o reconhecimento social, os prazeres, os amigos são
valores efémeros que não chegam para “encher” totalmente a nossa vida e para
lhe dar um sentido pleno. Como podemos “encher” a nossa vida e dar-lhe pleno
significado? Onde encontrar o “pão” que mata a nossa fome de vida?
• Jesus de Nazaré é o “pão de Deus que desce
do céu para dar a vida ao mundo”. É esta a questão central que o Evangelho
deste domingo nos propõe. É em Jesus e através de Jesus que Deus sacia a fome e
a sede dos homens e lhes oferece a vida em plenitude. Isto leva-nos às
seguintes questões: que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? Ele é,
verdadeiramente, a coordenada fundamental à volta da qual construímos a nossa
existência? Para nós, Jesus é uma figura do passado (embora tenha sido um homem
excepcional) que a história absorveu e digeriu, ou é o Deus que continua vivo e
a caminhar ao nosso lado, oferecendo-nos vida em plenitude? Ele é “mais uma”
das nossas referências (ao lado de tantas outras) ou a nossa referência
fundamental? Ele é alguém a quem adoramos, com respeito e à distância, ou o
irmão que nos indica o caminho, que nos propõe valores, que condiciona a nossa
atitude face a Deus, face aos irmãos e face ao mundo?
• O que é preciso fazer para ter acesso a esse
“pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo”? De acordo com o
Evangelho deste domingo, a resposta é clara: é preciso aderir (“acreditar”) a
Jesus, o “pão” que o Pai enviou ao mundo para saciar a fome dos homens. Aderir
a Jesus é escutar o seu chamamento, acolher a sua Palavra, assumir e
interiorizar os seus valores, segui-l’O no caminho do amor, da partilha, do
serviço, da entrega da vida a Deus e aos irmãos. Trata-se de uma adesão que
deve ser consequente e traduzir-se em obras concretas. Não chegam declarações
de boas intenções, ou actos institucionais que nos fazem constar dos livros de
registo da nossa paróquia; aderir a Jesus é assumir o seu estilo de vida e fazer
da própria vida um dom de amor, até à morte.
• No Evangelho deste domingo, Jesus mostra-Se
profundamente incomodado quando constata que a multidão o procura pelas razões
erradas e, sem preâmbulos, apressa-Se em desfazer os equívocos. Ele não quer,
de forma nenhuma, que as pessoas O sigam por engano, ou iludidas. Há, aqui, um
convite implícito a repensarmos as razões porque nos envolvemos com Cristo… É
um equívoco procurar o Baptismo porque é uma tradição da nossa cultura; é um
equívoco celebrar o matrimónio na Igreja porque, assim, a cerimónia é mais
espectacular e proporciona fotografias mais bonitas; é um equívoco assumir
tarefas na comunidade cristã para nos auto-promovermos ou para resolvermos os
nossos problemas materiais; é um equívoco receber o sacramento da Ordem porque
o sacerdócio nos proporciona uma vida cómoda e tranquila; é um equívoco
praticarmos certos actos de piedade para que Jesus nos recompense, nos livre de
desgraças, nos pague resolvendo algumas das nossas necessidades materiais… A nossa
adesão a Jesus deve partir de uma profunda convicção de que só Ele é o “pão”
que nos dá vida.
• A recusa de Jesus em realizar gestos
espectaculares (como fazer o maná cair do céu), mostra que, normalmente, Deus
não vem ao encontro do homem para lhe oferecer a sua vida em gestos
portentosos, que deixam toda a gente espantada e que testemunham, de forma
inequívoca, a sua presença no mundo; mas Deus actua na vida do homem de forma
discreta, embora duradoura e permanente. Deus vem, todos os dias, ao encontro do
homem e, sem forçar nem se impor, convida-o a escutar a Palavra de Jesus,
propõe-lhe a adesão a Jesus e ao seu projecto, ensina-lhe os caminhos do amor,
da partilha, do serviço. Convém que nos familiarizemos com os métodos de Deus,
para o conseguirmos perceber e encontrar, no caminho da nossa vida.
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.pt
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.pt
Eu, Jair Ferreira da cidade de Cruz das Almas - Ba todos os dias faço a leitura do dia e complemento com os comentários dessa equipe para complementar meus ensinamento e por em prática muito obrigado, que o Senhor Deus continue derramando benção a todos na Paz de Cristo.
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