24 Agosto
2018
Tempo Comum – Anos Pares
XX Semana – Sexta-feira
XX Semana – Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Ezequiel, 37, 1-14
1A mão do Senhor desceu sobre mim; então,
conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de
ossos. 2Fez-me passar junto deles, à sua volta, e eis que eles eram muitos
sobre o solo do vale; e estavam completamente ressequidos. 3O Senhor disse-me:
«Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?» Eu respondi: «Senhor Deus,
só Tu o sabes.» 4Ele disse-me: «Profetiza sobre estes ossos e diz-lhes: Ossos
ressequidos, ouvi a palavra do Senhor. 5Assim fala o Senhor Deus a estes ossos:
Eis que vou introduzir em vós o sopro da vida para que revivais. 6Dar-vos-ei
nervos, farei crescer a carne que revestirei de pele e depois dar-vos-ei o
sopro da vida, para que revivais. Sabereis assim, que Eu sou o Senhor.»
7Profetizei, segundo a ordem recebida. E aconteceu que, enquanto eu
profetizava, ouviu-se um ruído, depois um tumulto ensurdecedor; entretanto, os
ossos iam-se juntando uns aos outros. 8Olhei e eis que se formavam nervos, a
carne crescia, e a pele cobria-os por cima; mas neles não havia espírito.
9Então, Ele disse-me: «Profetiza! Profetiza, filho de homem, e diz ao espírito:
Assim fala o Senhor Deus: ‘Espírito, vem dos quatro ventos, sopra sobre estes
mortos, para que eles recuperem a vida’.» 10Profetizei como me era ordenado e,
imediatamente, o espírito penetrou neles. Retomando a vida, endireitaram-se
sobre os pés; era um exército muito numeroso. 11Ele disse-me: «Filho de homem,
esses ossos são toda a casa de Israel. Eles dizem: ‘Os nossos ossos estão
completamente ressequidos, a nossa esperança desvaneceu-se; ficámos reduzidos a
isto.’ 12Profetiza, por conseguinte, e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Eis
que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas, meu povo, e vos
reconduzirei à terra de Israel. 13Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor
Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo.
14Introduzirei em vós o meu espírito e vivereis; estabelecer-vos-ei na vossa
terra. Então, reconhecereis que Eu, o Senhor, falei e agi» – oráculo do Senhor.
A impressionante visão dos ossos ressequidos e
reanimados torna-se uma parábola para responder às queixas de Israel. O texto é
composto por duas partes: a visão (vv. 1-10) e a sua explicação (vv. 11-14). A
visão acontece em Babilónia, talvez na planície onde viviam os israelitas
exilados, e onde Ezequiel já tinha visto a «glória de Deus». O profeta vê um
espectáculo desolador: um montão de ossos ressequidos e calcinados, ossos de
muitos dias, morte por toda a parte. O Senhor faz a Ezequiel uma pergunta
aparentemente absurda: «poderão estes ossos voltar à vida?». O profeta
responde: «Senhor Deus, só Tu o sabes» (v. 3). Então, o Senhor manda Ezequiel
profetizar sobre os ossos. Aqueles resíduos humanos têm de “ouvir”, mais uma
vez, a palavra divina e “saber” que Ele é o Senhor (v. 4). O profeta usa uma
linguagem concreta e cheia de dinamismo: ruah-vento-espírito, sopro animador
nas quatro direcções, vida por toda a parte: «o espírito penetrou neles.
Retomando a vida, endireitaram-se sobre os pés» (v. 10). A palavra de Deus
torna-se realidade. Estamos no eixo central da visão, da parábola e da teologia
desta passagem do livro de Ezequiel.
Depois, vem a explicação, dada pelo Senhor: os ossos são os exilados, privados de vida e de esperança (vv. 11s.). Deus garante-lhes que irá realizar o prodígio da sua restauração. À imagem dos ossos revitalizados, Deus acrescenta outras para reforçar a ideia do seu poder (v. 13). Para o poder divino não há situações desesperadas, irreversíveis.
Depois, vem a explicação, dada pelo Senhor: os ossos são os exilados, privados de vida e de esperança (vv. 11s.). Deus garante-lhes que irá realizar o prodígio da sua restauração. À imagem dos ossos revitalizados, Deus acrescenta outras para reforçar a ideia do seu poder (v. 13). Para o poder divino não há situações desesperadas, irreversíveis.
Evangelho: Mateus, 22, 34-40
34Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer
que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo. 35E um deles,
que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar: 36«Mestre, qual é o maior
mandamento da Lei?» 37Jesus disse-lhe:Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o
teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. 38Este é o maior e o
primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo. 40Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»
Depois da questão sobre o tributo a César (22,
15-22), da questão sobre a ressurreição dos mortos (22, 23-33), postas pelos
saduceus, ricos e poderosos, entram em cena os fariseus, doutos e observantes.
Estes perguntam qual é o maior mandamento da Lei. Perdidos na floresta das
leis, aparentemente, queriam saber qual o princípio supremo que tudo justifica
e unifica. Mas eram movidos por uma intenção que não era recta: interrogaram
Jesus «para o embaraçar» (v. 35). Tinham resumido as muitas leis da Tora em 613
preceitos, 365 proibições e 248 mandamentos positivos. Mas, ainda assim, fazia
sentido procurar saber «qual é o maior mandamento da Lei» (v. 36). Na sua
resposta, Jesus não se coloca na lógica da hierarquia dos mandamentos. Prefere
ir à essência da Lei, orientando para o princípio que a inspira e para a
disposição interior com que deve ser observada: o amor, na sua dupla vertente,
isto é, para com Deus e para com o próximo (vv. 37ss.). Jesus refere-se a Dt 6,
5, onde são sublinhadas a totalidade, a intensidade e a autenticidade do amor a
Deus: «com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente» (v.
37). Ao lado do amor a Deus, e ao mesmo nível, Jesus coloca o amor ao próximo.
Não se podem separar as duas dimensões do mandamento que sintetiza «toda a Lei
e os Profetas» (v. 40).
Meditatio
Ezequiel apresenta-nos o quadro horripilante
de uma planície coberta de ossos ressequidos e calcinados. Deus manda-lhe
profetizar sobre esses ossos, para lhes anunciar uma surpreendente
transformação. À palavra do profeta, esses ossos entram em movimento,
organizando-se em esqueletos e cobrindo-se de nervos, de carne e de pele. Mas
ainda são apenas cadáveres, porque não respiram. Então é ordenado a Ezequiel
que volte a profetizar, para invocar o Espírito: «Profetiza! Profetiza, filho
de homem, e diz ao espírito: Assim fala o Senhor Deus: ‘Espírito, vem dos
quatro ventos, sopra sobre estes mortos, para que eles recuperem a vida’» (v.
9). O Espírito de Deus, veio, penetrou nos corpos e reanimou-os: «Retomando a
vida, endireitaram-se sobre os pés; era um exército muito numeroso» (v. 10).
Deus começou por perguntar ao profeta: «Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?»(v. 3). A resposta mais espontânea seria: «Não. Não é possível». Mas Ezequiel, que conhecia o poder de Deus, e que só Ele toma a decisão definitiva, respondeu: «Senhor Deus, só Tu o sabes» (v. 3). Deus é capaz de dar nova vida a um povo desfalecido e sem esperança, ainda que as circunstâncias não o deixem prever: «Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair dela
s, meu povo, e vos reconduzirei à terra de Israel. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo» (v. 12-13). A ressurreição de que fala este texto á apenas metafórica. Apesar de ser um prodígio do poder de Deus, não é ainda a ressurreição dos mortos, que decorrerá da Ressurreição de Cristo. Mas aponta para ela, uma vez que um oráculo profético não se esgota nas interpretações imediatas.
A resposta de Jesus sobre o maior dos mandamentos não soou a muito nova e original, aos ouvidos do doutor da lei, que interrogou Jesus «para o embaraçar» (v. 35). Mas será que o doutor entendeu a resposta? As noções, que não são vitalmente assumidas, podem comparar-se aos ossos ressequidos da visão de Ezequiel: são tantas que enchem um vale. Mas são áridas, calcinadas, amontoadas desordenadamente, sem carne nem nervos, sem espírito de vida.
A profecia de Ezequiel realiza-se perfeitamente com a vinda de Cristo. É Ele que revitaliza a humanidade ressequida e calcinada pelo pecado e pelas suas consequências. É Ele o homem de coração novo. Para nos dar a vida nova, Cristo pregou na Sua cruz o nosso homem velho: «Sabemos bem que o nosso homem velho foi crucificado com Ele, para que… não fôssemos escravos do pecado» (Rm 6, 6) e, em Cristo ressuscitado, fôssemos revestidos do homem novo, «criado segundo Deus na santidade verdadeira» (Ef 4, 24). O homem novo foi dotado do Espírito: «O amor de Deus foi derramado nos nossos corações, por meio do Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). Assim pode viver a vida nova, em Cristo, o Homem novo.
Deus começou por perguntar ao profeta: «Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?»(v. 3). A resposta mais espontânea seria: «Não. Não é possível». Mas Ezequiel, que conhecia o poder de Deus, e que só Ele toma a decisão definitiva, respondeu: «Senhor Deus, só Tu o sabes» (v. 3). Deus é capaz de dar nova vida a um povo desfalecido e sem esperança, ainda que as circunstâncias não o deixem prever: «Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair dela
s, meu povo, e vos reconduzirei à terra de Israel. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo» (v. 12-13). A ressurreição de que fala este texto á apenas metafórica. Apesar de ser um prodígio do poder de Deus, não é ainda a ressurreição dos mortos, que decorrerá da Ressurreição de Cristo. Mas aponta para ela, uma vez que um oráculo profético não se esgota nas interpretações imediatas.
A resposta de Jesus sobre o maior dos mandamentos não soou a muito nova e original, aos ouvidos do doutor da lei, que interrogou Jesus «para o embaraçar» (v. 35). Mas será que o doutor entendeu a resposta? As noções, que não são vitalmente assumidas, podem comparar-se aos ossos ressequidos da visão de Ezequiel: são tantas que enchem um vale. Mas são áridas, calcinadas, amontoadas desordenadamente, sem carne nem nervos, sem espírito de vida.
A profecia de Ezequiel realiza-se perfeitamente com a vinda de Cristo. É Ele que revitaliza a humanidade ressequida e calcinada pelo pecado e pelas suas consequências. É Ele o homem de coração novo. Para nos dar a vida nova, Cristo pregou na Sua cruz o nosso homem velho: «Sabemos bem que o nosso homem velho foi crucificado com Ele, para que… não fôssemos escravos do pecado» (Rm 6, 6) e, em Cristo ressuscitado, fôssemos revestidos do homem novo, «criado segundo Deus na santidade verdadeira» (Ef 4, 24). O homem novo foi dotado do Espírito: «O amor de Deus foi derramado nos nossos corações, por meio do Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). Assim pode viver a vida nova, em Cristo, o Homem novo.
Oratio
Senhor, derrama sobre nós o teu Espírito, para
que não permaneçamos ossos ressequidos, corpos sem vida na sociedade, na
comunidade, na família. A superficialidade, a banalidade, o frenesim, que
tantas vezes nos caracterizam, apenas escondem o vazio que nos preenche. Manda
o teu Espírito, para que não desfaleçamos no tédio, na frieza, nas relações
estéreis, entre as ruínas de ideologias desmoronadas, e entre os farrapos dos
nossos sonhos desfeitos. Viestes para nos dar a vida, e dá-la em abundância. De
Ti a esperamos! Amen.
Contemplatio
Jesus é a vida da nossa alma. – No cristão há
duas vidas: a vida natural e puramente humana, vinda de uma fonte natural e
humana e cujas operações e destinos são apenas naturais e humanos. Faz de nós
filhos dos homens. Chama-se também a vida terrestre ou o velho homem. Mas há
também a vida sobrenatural e divina, vinda de Deus pelo Espírito Santo,
merecida e dada às nossas almas pelo sangue do Coração de Jesus; as suas
operações e os seus destinos são sobrenaturais e divinos. Faz de nós filhos de
Deus. Chama-se também a vida espiritual, a vida celeste, a vida nova, o homem
novo (Jo 1, 12). Esta vida é derramada nas nossas almas pelo Espírito Santo que
a vem formar em nós no baptismo, e que permanece em nós para a guardar e para a
desenvolver até à formação do homem perfeito. É pela sua misericórdia, diz S.
Paulo, que Deus nos faz renascer pelo baptismo, renovando-nos no Espírito
Santo. Este Espírito, derramou-o sobre nós com abundância, por Jesus Cristo
Nosso Senhor, a fim de que, justificados pela sua graça, sejamos, segundo a
nossa esperança, herdeiros da vida eterna (Tit 3,5). (Pe. Dehon, OSP 4, p.
182).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Eu sou a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25).
«Eu sou a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25).
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, obrigado Fernando !!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da cidade de Cruz das Almas - Ba todos os dias faço a leitura do dia e complemento com os comentários dessa equipe para complementar meus ensinamento e por em prática muito obrigado, que o Senhor Deus continue derramando benção a todos na Paz de Cristo.
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