SEGUNDA FEIRA DA 29ª SEMANA DO TC 19/10/2015
1ª Leitura Romanos 4, 2025
Salmo Lucas 1,68 “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque
visitou e resgatou o seu povo”
Evangelho Lucas 12, 13-21
O
VERDADEIRO TESOURO
Certamente
que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado, são outras, bem
diferentes do homem que protagoniza o evangelho de hoje. Enquanto os primeiros
se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas, o segundo está com uma
dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu muito mais do que o
esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e fazer outros maiores
para armazenar a produção excedente? Que dúvida cruel, não?
Segundo
a lógica capitalista que prioriza o lucro e o patrimônio, nem é preciso pensar
duas vezes, pois se o lucro será ainda maior, seria uma burrice não investir.
Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de raciocínio de um sábio chamado
Coélet, é uma grande perda de tempo correr atrás da felicidade, pensando que
ela está nas riquezas que este mundo pode oferecer, pois tudo é vaidade,
conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz nenhum discurso inflamado contra o
capitalismo, ou contra os grandes latifundiários ou grupos econômicos que
monopolizam a economia, ele apenas constata o terrível engano que cometem os
que depositam toda sua segurança e felicidade apenas nos bens deste mundo.
De
fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera do coração de um
homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro instante de sua vida,
descobre de maneira surpreendente que passou toda sua existência acumulando
riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias sem valor, perto do
tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E
o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum centavo irá com ele e
outros que talvez nem trabalharam, irão usufruir do seu capital.
Ele
bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro, partilhando seus bens e
sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os empregados uma forma de
participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria, poderia quem sabe, ter
investido forte no social, não apenas de uma maneira mesquinha, visando isenção
tributária, mas com o objetivo verdadeiro de melhorar as condições de vida de
tantas pessoas.
Poderia
ainda ter gerado novos empregos, elaborar uma política salarial digna e séria,
onde os empregados tivessem a oportunidade de crescer e dar mais conforto á
família, e não apenas oferecer alguns míseros percentuais para repor a
inflação. Isso também vale para os governantes, que muitas vezes colocam a
saúde e o social em segundo plano, deixando morrer à míngua e sem assistência
os infelizes que não podem contar com um plano de saúde que atenda suas
necessidades. Quantas bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus
envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em primeiro lugar e não os
seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros!
Mas
não! Nada disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira
possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular,
ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que
incluíssem a família, a mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a
idéia de ajudar seus empregados.
O
fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar mandando-o para
as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos, na última hora
vai “cair à ficha” descobrirá amargurado que viveu sempre de maneira egoísta, o
remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor por estar longe de
Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o inferno! Esse homem
durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho de Deus, vocacionado
ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os que não têm. Uma
partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei, mas ditada por um
coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se recusa a
interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.
Na
verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo atrás do brilho falso
e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus dinheiro e fazendo das
grandes magazines e shoppings, as imponentes catedrais de adoração ao poderoso
deus do consumo, permanecendo no “Homem velho” não se dando conta que a
ressurreição de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida do homem, que
precisa sim dos bens deste mundo para viver, mas que em seu coração só busca as
coisas do alto onde está a verdadeira glória e o mais valioso de todos os
tesouros da terra. Enquanto lhe restar um dia de vida, este homem mesquinho,
avarento e egoísta poderá mudar o seu destino, abrindo-se á graça de Deus para
esta lhe inunde a alma e o coração. Depois será tarde...(Diácono José da Cruz –
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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