19/10/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXIX Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Romanos 4, 20-25
Irmãos: diante da promessa de Deus, Abraão não
duvidou por falta de fé. Pelo contrário, tornou-se mais forte na fé e deu
glória a Deus, 21plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o
que tinha prometido. 22Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi
atribuído à conta de justiça. 23Não é só por causa dele que está escrito
foi-lhe atribuído, 24mas também por causa de nós, a quem a fé será tida em
conta, nós que acreditamos naquele que ressuscitou dos mortos Jesus, Senhor
nosso, 25entregue por causa das nossas faltas e ressuscitado para nossa
justificação.
Paulo concentra-se, agora, na fé de Abraão e
na sua relação com a promessa de Deus. Nos versículos 20 a 22, sublinha a
caminhada decidida e corajosa do Patriarca para a salvação por meio da fé. Nos
versículos seguintes (23 a 25), dirige-se aos cristãos de Roma, e a todos nós,
filhos de Abraão na fé, para acentuar que somos chamados a acreditar em Deus,
capaz de ressuscitar os mortos. Abraão «não duvidou» diante da promessa de
Deus, «pelo contrário, tornou-se mais forte na fé» (v. 20). O Patriarca sabe
que não tem qualquer mérito diante de Deus, que tudo Lhe deve, e que Ele não
falta às suas promessas. Por isso, confia n´Ele e se confia a Ele, tornando-se
um claro exemplo e estímulo para nós, como pessoas e como comunidades. Como
Abraão, estamos envolvidos pelo projecto salvador de Deus, e pelo mistério
pascal de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, «Senhor nosso, entregue por causa
das nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação» (v. 24s.). Esta
dinâmica salvífica não é apenas objecto de fé, mas, em primeiro lugar, fonte de
graça e de salvação. A nossa fé, que é um reconhecimento da nossa indigência, e
uma aceitação da salvação oferecida pela força de Deus, refere-se essencialmente
ao grande acontecimento que é a ressurreição de Cristo, primícias e garantia da
ressurreição dos crentes.
Evangelho: Lucas 12, 13-21
Naquele tempo, alguém do meio multidão disse a
Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.» 14Ele respondeu-lhe:
«Homem, quem me nomeou juiz ou encarregado das vossas partilhas?» 15E
prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque, mesmo que um homem
viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.» 16Disse-lhes, então,
esta parábola: «Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande
colheita. 17E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: ‘Que hei-de fazer, uma vez
que não tenho onde guardar a minha colheita?’ 18Depois continuou: ‘Já sei o que
vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o
meu trigo e todos os meus bens. 19Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens
em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.’ 20Deus, porém,
disse-lhe: ‘Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que
acumulaste para quem será?’ 21Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é
rico em relação a Deus.»
Ao contar o episódio do pedido que alguém faz
a Jesus para que resolva uma questão familiar, Lucas introduz a parábola do
homem rico cujo campo produzira com abundância. Esse homem decide demolir os
celeiros, construir outros e, depois de recolher todos os bens, pensa viver
muitos anos sossegado a usufruir deles sozinho. Mas Deus não aceita a sua
insensatez, fazendo-lhe ver que é Ele o senhor da vida e que, de um momento
para o outro (sempre muito em breve!), o rico avarento será chamado a dar
contas dela.
O texto termina com uma afirmação sapiencial muito forte: «Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus» (v. 21). Quem pensa acumular bens para enriquecer unicamente em vista de si mesmo é insensato; diante de Deus só se enriquece vivendo o preceito do amor. Só quem dá se torna verdadeiramente rico, recebendo o amor de Deus e a vida eterna.
O texto termina com uma afirmação sapiencial muito forte: «Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus» (v. 21). Quem pensa acumular bens para enriquecer unicamente em vista de si mesmo é insensato; diante de Deus só se enriquece vivendo o preceito do amor. Só quem dá se torna verdadeiramente rico, recebendo o amor de Deus e a vida eterna.
Meditatio
Na primeira leitura, Paulo retoma a figura de
Abraão, que «não duvidou por falta de fé, mas se tornou mais forte na fé e deu
glória a Deus» (v. 20), apesar da realização da promessa divina estar bastante
longe da evidência, e da falta de garantias visíveis quanto à herança futura.
Também o cristão é chamado à fé. Mas, ao contrário de Abraão, já viu realizadas
em Cristo as promessas de Deus. Por isso, pode afirmar como Paulo: «sei em quem
acreditei!» Em Cristo, encontramos a fonte da vida, da alegria, da paz. Participando
no mistério da sua oferta, tornamo-nos cada vez mais capazes de amar, de nos
entregar, de darmos glória a Deus.
A atitude do homem rico, de que nos fala o evangelho, contrasta com a de Abraão, de Paulo e, ao fim e ao cabo, de todo o verdadeiro crente. Esse homem fundamentou a sua vida, não na fé e na confiança em Deus, mas nos bens terrenos: «Direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.» (v. 19). Abraão fundamentou a sua vida numa realidade que parecia inconsistente: uma palavra pronunciada por Alguém que não via e cuja veracidade, portanto, não podia avaliar. Mas era palavra de Deus, e foi na relação com Deus que Abraão encontrou a máxima segurança. Sendo também ele rico, e podendo viver tranquilo e seguro por muitos anos, na sua terra, preferiu obedecer a Deus e cumprir a sua vontade, certo de que a verdadeira segurança só se encontra no cumprimento da vontade de Deus.
Na parábola evangélica, Jesus mostra que é Abraão, e todos os que adoptam uma atitude semelhante, que têm razão, e não o rico egoísta: «Deus, porém, disse-lhe: ‘Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?» (v. 20). O verdadeiro tesouro do homem está na sua relação com Deus e na escuta confiante e obediente da sua palavra.
Se já Abarão soube olhar para além do momento presente, quanto mais nós cristãos e religiosos, invadidos pelo Espírito do Ressuscitado! «Recebemos o dom da fé que dá fundamento à nossa esperança; uma fé que orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo; no meio dos desafios do mundo, devemos consolidá-la, vivendo-a na caridade» (Cst 9). «Unidos a Cristo no seu amor e oblação ao Pai (cf. Cst 16-25), somos convidados a «uma abordagem comum do mistério de Cristo» (Cst 16), como fundamento da nossa experiência de fé, da nossa vocação e vida dehoniana, com uma atenção particular ao «Lado aberto do Crucificado, contemplando o Coração de Cristo, símbolo privilegiado do seu amor» (Cst 21).
A atitude do homem rico, de que nos fala o evangelho, contrasta com a de Abraão, de Paulo e, ao fim e ao cabo, de todo o verdadeiro crente. Esse homem fundamentou a sua vida, não na fé e na confiança em Deus, mas nos bens terrenos: «Direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.» (v. 19). Abraão fundamentou a sua vida numa realidade que parecia inconsistente: uma palavra pronunciada por Alguém que não via e cuja veracidade, portanto, não podia avaliar. Mas era palavra de Deus, e foi na relação com Deus que Abraão encontrou a máxima segurança. Sendo também ele rico, e podendo viver tranquilo e seguro por muitos anos, na sua terra, preferiu obedecer a Deus e cumprir a sua vontade, certo de que a verdadeira segurança só se encontra no cumprimento da vontade de Deus.
Na parábola evangélica, Jesus mostra que é Abraão, e todos os que adoptam uma atitude semelhante, que têm razão, e não o rico egoísta: «Deus, porém, disse-lhe: ‘Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?» (v. 20). O verdadeiro tesouro do homem está na sua relação com Deus e na escuta confiante e obediente da sua palavra.
Se já Abarão soube olhar para além do momento presente, quanto mais nós cristãos e religiosos, invadidos pelo Espírito do Ressuscitado! «Recebemos o dom da fé que dá fundamento à nossa esperança; uma fé que orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo; no meio dos desafios do mundo, devemos consolidá-la, vivendo-a na caridade» (Cst 9). «Unidos a Cristo no seu amor e oblação ao Pai (cf. Cst 16-25), somos convidados a «uma abordagem comum do mistério de Cristo» (Cst 16), como fundamento da nossa experiência de fé, da nossa vocação e vida dehoniana, com uma atenção particular ao «Lado aberto do Crucificado, contemplando o Coração de Cristo, símbolo privilegiado do seu amor» (Cst 21).
Oratio
Senhor, Tu és o sólido fundamento da minha
existência. Contigo, nada temo. Contigo, penso na morte com serenidade e paz,
certo de que, ao passar por ela, encontrarei o único e sumo Bem, que és Tu.
Que a minha vida seja testemunho para aqueles irmãos que andam a caça dos tesouros deste mundo, sacrificando, muitas vezes, a saúde, a consciência, a fé, a família, os outros, para os alcançarem. Não permitas que se deixe embriagar por uma certa mentalidade dominante, alimentada pelos mass media, pois, quem acumula tesouros não enriquece diante de Ti! Ilumina-nos a todos, para compreendermos que é procurando que encontramos, que é dando que recebemos, que é na solidariedade com os pobres que ganhamos cem vezes mais nesta terra e a vida eterna. Amen.
Que a minha vida seja testemunho para aqueles irmãos que andam a caça dos tesouros deste mundo, sacrificando, muitas vezes, a saúde, a consciência, a fé, a família, os outros, para os alcançarem. Não permitas que se deixe embriagar por uma certa mentalidade dominante, alimentada pelos mass media, pois, quem acumula tesouros não enriquece diante de Ti! Ilumina-nos a todos, para compreendermos que é procurando que encontramos, que é dando que recebemos, que é na solidariedade com os pobres que ganhamos cem vezes mais nesta terra e a vida eterna. Amen.
Contemplatio
Junto do pobre bairro judeu, a cidade de
Heliópolis e sobretudo as de Memphis e de Tebas, eram cidades voluptuosas, com
grandes fortunas adquiridas, com uma vida de luxo e de prazer. A Sagrada
Família deplorava este abuso dos dons divinos e previa os castigos que a
Providência infligiria ao Egipto, como ao mundo grego e romano. As palavras
severas que devia escrever S. Tiago na sua epístola, encontravam-se já sem
dúvida nos lábios de José e de Maria: «Ricos, chorai e lamentai-vos com o
pensamento das infelicidades que vos ameaçam e dos tesouros de cólera que
amontoais. Vivendo no luxo e nas delícias, engordai-vos como vítimas que se
preparam para o sacrifício» (Tg 5). Será assim que Nosso Senhor mais tarde
há-de chorar sobre Jerusalém. Oh! Não usemos dos bens da terra senão com
sabedoria, segundo a nossa vocação. Bem-aventurados aqueles que têm espírito de
pobreza! (Leão Dehon, OSP 3, p. 136s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«O que preparaste, para quem será?» (Lc 12, 20).
«O que preparaste, para quem será?» (Lc 12, 20).
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