BEM-AVENTURANÇAS: O PONTO
ALTO E O CORAÇÃO DO EVANGELHO – Maria de Lourdes Cury Macedo.
Domingo, 1 de novembro de 2015
Evangelho de Mt 5, 1-12
Jesus fez um discurso
conhecido como o Sermão da Montanha, as Bem-aventuranças se encontram dentro
deste discurso feito por Jesus.
O Sermão da Montanha é um
resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse
Reino produz. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de
Jesus. Elas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus.
Jesus vivia de acordo com o que Ele anunciava. A Sua
mensagem de esperança, de justiça, de igualdade, e, principalmente de amor foi
atraindo multidões. A mensagem de Jesus não tinha fronteiras, Ele falava às
pessoas vindas de todas as regiões, porque sua Boa-Notícia é para todos os
povos.
Jesus anuncia o Reino e vem provar, por palavras e ações,
que o Reino de Deus tinha chegado e estava se realizando na Sua Pessoa.
Neste texto vemos como Jesus mexe profundamente com a
maneira de ver, de agir e de viver de todos nós. Aquilo que Deus ama é o que os homens desprezam. O que constrói o Reino é o que os homens
colocam de lado.
Jesus ensina que onde estão os verdadeiros valores, está a
verdadeira felicidade. Esses valores que Jesus mostra, não são os mesmos
valores da sociedade. Por isso, Jesus é um sinal de contradição. Ele diz e vive
os valores que a sociedade despreza. A sociedade está cada vez mais preocupada
com lucros e não pensa, nem procura ajudar aqueles que nada têm.
Jesus condena os egoístas,
os exploradores, os fingidos e os violentos.
Jesus elogia, valoriza e diz
que são bem-aventurados, isto é, são felizes:
os pobres, aqueles que agora têm fome, aqueles que agora choram, aqueles que
sofrem por causa das coisas de Deus. . . e diz que estas pessoas pertencem ao
Reino de Deus.
Com estas palavras Jesus quer mostrar que a felicidade não está na riqueza, nos lucros
e em outros bens que são passageiros, que não fazem as pessoas felizes,
fraternas e justas.
Jesus fala, no Sermão da Montanha, das alegrias que teremos
no céu. Ele nos fala dos valores do Reino que garantem nossa felicidade eterna.
A sociedade no tempo de Jesus explorava o povo. Existia: o Templo
e a Lei. Os fariseus faziam a cabeça do povo. A Aliança com Deus era vivida
assim: presença no Templo, observância da lei, oração, jejum, esmola, pureza
nos ritos, mas era uma pureza externa, física. Doentes e defeituosos não podiam
frequentá-los, eram discriminados, excluídos.
Certo dia, vendo a multidão pobre, explorada, oprimida,
sofredora, Jesus sobe a montanha, que simbolicamente é o lugar de Deus para
fazer um discurso ao povo que o seguia. Jesus ao subir a montanha nos recorda o
Monte Sinai, onde Deus deu à Moisés os 10 mandamentos e onde foi selada a Aliança com o povo hebreu que saiu da escravidão egípcia.
Subindo ao monte, Jesus nos parece um novo Moisés, promulgador da nova lei, no
novo Sinai. É a nova constituição do povo de Deus dada por Jesus. No entanto, Jesus deixa bem claro que não
veio modificar a lei, isto é, os 10
mandamentos, mas sim aperfeiçoar a lei.
O Sermão da Montanha é um sermão revolucionário. Jesus “vira a mesa”. É uma inversão dos
valores tradicionais. Os hebreus cultivavam a convicção de que prosperidade
material, o sucesso, eram sinais de bênçãos de Deus; a pobreza, a doença, a
esterilidade eram sinais de maldição.
Jesus constata a realidade do povo que o segue: pobres,
aflitos, mansos, famintos, Ele percebe os esforços que fazem para mudar a
situação, conhece as dificuldades e as perseguições que enfrentam para criar a
nova sociedade, e os proclama felizes, porque a eles são confiados o Projeto de
Deus.
As Bem-aventuranças são
propostas de felicidade, e Jesus chama de bem-aventurados os pobres e humildes.
Agora os bem-aventurados não são mais os ricos deste mundo, os saciados, os
favorecidos, mas os que têm fome e choram, os pobres e perseguidos.
O que nos diz as Bem-aventuranças hoje?
A sociedade que vivemos é baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. Nesta
sociedade as palavras: honestidade, moral, verdade, respeito, justiça e amor,
perderam o seu sentido original. O Ter, tem mais valor, que o Ser.
Tudo isso nos traz angústia, porque estamos lutando contra a
maré. À vista disso, somos tentados a desanimar e, às vezes, até deixar tudo.
Mas, vale a pena continuar. A sociedade é um grande desafio para nós, cristãos
amantes da justiça e do amor.
Qual a atitude de Jesus
diante disso? O que Jesus valoriza? As palavras que Ele proferiu no Sermão da
Montanha há mais de 2.000 anos vêm de encontro a essa angústia e são válidas
hoje e sempre, porque são palavras de vida eterna. Devemos retomar, ler e
meditar as Bem-aventuranças para não deixar morrer em nós o desejo de
evangelizar e transformar a sociedade...
Jesus
disse:
Felizes...Os pobres em
espírito: Também chamados de coração
pobre. São pessoas, que reconhecem o seu nada e aprendem que tudo o que têm,
vem direta ou indiretamente, de Deus. Abertas para Deus, acolhem, não julgam,
perdoam, partilham seus bens, o serviço, a vida, são solidários. Ser pobre em
espírito é despojar-se das atitudes próprias de coração rico como a arrogância,
a ambição, a auto-suficiência, o domínio, a discriminação, o orgulho.
Felizes... Os que choram: São pessoas que têm capacidade de se
arrepender e aquelas que são solidárias com o sofrimento do outro, isto é,
sempre fazem algo pelo outro.
Felizes... Os mansos:
(virtude apostólica) São pessoas compreensivas, ponderadas, prudentes,
pacientes e gentis com o próximo. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração” diz Jesus. (Mt 11,29) Possuir a terra é possuir o coração do irmão
para levá-lo até Cristo.
Felizes... Os que têm fome e
sede de justiça: São pessoas que desejam realmente fazer a vontade de Deus,
construindo uma sociedade justa, sem corrupção. São os que mais se identificam
com Jesus, que proclamou, até à morte, a justiça do Reino e não se acomodam e
nem concordam com a injustiça das pessoas, e da sociedade, das estruturas. “Meu
alimento é fazer a vontade de meu Pai!” (Jo 4,34)
Felizes... Os misericordiosos:
São pessoas que têm a coragem de perdoar e pedir perdão. Vivem o amor. São
solidários, sabem partilhar, repartir, viver em comum união com o próximo e não
quer tudo para si, não são egoístas.
Felizes... Os puros de
coração: São pessoas bondosas, leais, de coração honesto e sincero. Que têm uma
conduta reta e única, que é transparente, coerente, que tem moral, sinceridade,
firmeza, ausência de hipocrisia. Vive em perfeita harmonia com o Reino. Têm
mãos inocentes, sem crimes, sem mal. “Se o seu olho é puro, tudo em você é luz!”(Mt.
6,22).
Felizes... Os pacíficos: São
pessoas que promovem a paz, se esforçam para viver a paz. Viver em paz não é
cruzar os braços, mas é lutar. É transformar. A paz exige luta e perseverança.
Querem construir um mundo onde haja paz para todos. Constroem o Reino de Paz
entre as pessoas que vivem numa sociedade violenta e destruidora dos valores e
da natureza. São os pacificadores ativos que Jesus quer no mundo.
Felizes... Os que sofrem
perseguições: São pessoas que se desinstalam, que saem de si para lutar por um
mundo melhor, um mundo novo. Querem implantar a justiça do Reino e por isso são
perseguidos, caluniados e muitos são martirizados.
As Bem-aventuranças são o ponto alto e o coração do
Evangelho. Resumem todo o programa do Reino. Elas são o ideal cristão que todos
devem buscar. Viver as Bem-aventuranças é seguir o que Jesus ensinou e nos
mandou viver. As bem-aventuranças é o caminho da santidade.
Elas são a Boa-Nova,
que os cristãos devem difundir pelas suas boas ações. Elas são também o anúncio
da felicidade e condição para possuir o Reino dos Céus.
Um grande abraço em Cristo!
Maria de
Lourdes
Maria de Lourdes; bela reflexão, Que Deus te abençoe.
ResponderExcluirSó uma iluminada como vc chega ao ponto de nos fazer compreender muito o que nosso Pai quer que vivamos no nosso cotidiano. Muito Obrogado pela sábia reflexão!
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