19- Segunda
- Evangelho - Lc 12,13-21
E
para quem ficará o que acumulaste?
Este
Evangelho começa com o pedido de um homem a Jesus para que dissesse ao seu
irmão que repartisse com ele a herança. Jesus não atende o pedido e explica que
essa não é função dele. Em seguida, conta a parábola do homem rico que teve uma
grande colheita.
“Tomai
cuidado contra todo tipo de ganância.” Ganância é sinônimo de ambição. É o
desejo exagerado de possuir bens materiais. Ela cega a pessoa; quanto mais tem,
mais quer. A sede de possuir bens é insaciável. A ganância endurece o coração,
tornando a pessoa insensível diante do sofrimento alheio. Ela tira o sentimento
de compaixão. Ela divide a família. Veja o homem que pediu a Jesus que mandasse
seu irmão dividir com ele a herança. Sinal que os dois não chegaram a um
acordo.
“A
vida de um homem não consiste na abundância de bens.” A riqueza traz uma
felicidade ilusória. A felicidade não depende do acúmulo de bens materiais, mas
depende, em primeiro lugar, de Deus. É ele que nos dá a paz, a saúde do corpo,
da alma e do espírito. É Deus que nos dá o amor fraterno que une a família, os
amigos, os namorados e casais... A nossa felicidade depende, portanto, da graça
de Deus.
O
pior problema do ganancioso é que, do domínio dos bens materiais, ela leva ao
domínio das pessoas quebrando a fraternidade. E vai aos poucos colocando tudo a
seu serviço, inclusive Deus. O ganancioso ou gananciosa quer colocar Deus como
seu empregado.
Já
o pobre é diferente; ele não se basta a si mesmo e está acostumado a depender
dos outros em muitas coisas. Por isso não tem nada a exigir. O pobre não domina
as pessoas.
Na
parábola do rico que teve a grande colheita, Jesus o chama de louco, e explica:
“Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu
acumulaste?” De fato, o ganancioso é louco. E quantos caem nessa loucura! Por
causa dos bens materiais, ele perde os amigos, sacrifica a saúde, a família e
principalmente a vida eterna. Sendo que não precisava nada disso, porque Deus
cuida dos seus filhos e filhas mais que das flores do campo e das aves do céu,
às quais não falta nada.
Quanta
injustiça se comete, quanta dor, quanta lágrima, quanto sangue é derramado por
causa da ganância!
S.
Jerônimo dizia: “Todo rico é injusto ou herdeiro de um injusto. Porque ninguém
ajuntaria fortuna, se outros não tivessem sido espoliados”.
E
Sto. Ambrósio dizia: “Ao ajudares os pobres, não dás do que é teu, mas do que é
deles”. De fato, Deus criou o mundo, com todos os bens que nele existem, para
todos os seus filhos e filhas. Quando um tem de sobra, o que lhe está sobrando
pertence a quem não tem o necessário para viver.
E
Jesus termina o Evangelho de hoje pedindo para sermos ricos diante de Deus,
isto é, sermos ricos dos valores que Deus aprecia: o amor, a sabedoria, a
justiça, a verdade, a fé...
Ser
rico diante de Deus é fazer como aquele homem da parábola do tesouro. Ele vendeu
tudo o que possuía para adquirir o tesouro. Depois que adquiriu o tesouro, ele
recuperou tudo o que antes possuía, e muito mais. Na verdade, os filhos de Deus
são herdeiros do mundo, pois o mundo é de Deus. Tornar-se rico diante de Deus é
o melhor investimento que uma pessoa pode fazer.
Certa
vez, um jovem casal estava hospedado em um hotel numa cidade turística, fazendo
sua lua de mel. Numa noite, eles resolveram jantar em um restaurante. Era
simples mas parecia muito acolhedor. Gostaram da comida e do ambiente.
Quando
terminaram a refeição, dirigiram-se ao caixa para o pagamento. A senhora
responsável, de alguma forma percebeu que eram recém casados e perguntou-lhes
se aceitariam um presente. Eles responderam que sim e ela abaixou no balcão,
pegou uma pequena casa de porcelana. Ao lhes entregar o presente, ela disse:
“Façam de sua casa um lar sempre aquecido pelo amor”.
Quantos
casais brigam por questões financeiras! O amor está acima de todos os bens
materiais. Mesmo que seja para morar debaixo de uma ponte, o casal não deve
desunir-se por causa de dinheiro.
A
maior riqueza de Maria Santíssima era o seu Filho Jesus. Que o amor a ele seja
para nós também a maior riqueza.
E
para quem ficará o que acumulaste?
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