30/10/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXX Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Romanos 9, 1-5
Irmãos: é verdade o que vou dizer em Cristo;
não minto, pois é a minha consciência que, pelo Espírito Santo, disto me dá
testemunho: 2tenho uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração.
3Desejaria ser amaldiçoado, ser eu próprio separado de Cristo, pelo bem dos
meus irmãos, os da minha raça, segundo a carne. 4Eles são os israelitas, a quem
pertence a adopção filial, a glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas.
5A eles pertencem os patriarcas e é deles que descende Cristo, segundo a carne.
Deus que está acima de todas as coisas, bendito seja Ele pelos séculos! Ámen.
Os capítulos 9 a 11 da carta aos Romanos são
considerados por alguns exegetas um parêntesis entre a parte dogmática da carta
(capítulos 1 a 8) e a parte parenética (capítulos 12 a 16). Mas talvez seja
preferível vê-los como uma variação sobre o tema de Israel, já introduzido no
começo da carta. De facto, Paulo começa o capítulo 9 com um desabafo
significativo: «tenho uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração»
(v. 2). O significado destas palavras parece mais claro se lermos Fl 3, 4-6:
«Se qualquer outro julga poder confiar nesses méritos, eu posso muito mais:
circuncidado ao oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, um
hebreu descendente de hebreus; no que toca à Lei, fui fariseu; no que toca ao
zelo, perseguidor da Igreja; no que toca à justiça - a que se procura na lei -
irrepreensível». O Apóstolo não esquece as suas origens, a sua tradição
religiosa. O seu desejo paradoxal ajuda-nos a compreender a sua personalidade e
a sua espiritualidade: «Desejaria ser amaldiçoado, ser eu próprio separado de
Cristo, pelo bem dos meus irmãos, os da minha raça, segundo a carne» (v. 3).
Estas palavras revelam o amor de Paulo pelo seu povo. Por causa dele, desejaria
ser completamente destruído (cf. Dt 7, 26) ser anátema, isto é, maldito. O
nosso texto termina com o máximo elogio que se pode fazer do povo hebreu: «é
deles que descende Cristo, segundo a carne» (v. 5).
Evangelho: Lucas 14, 1-6
Naquele tempo: 1Tendo entrado, a um sábado, em
casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição, todos o observavam.
2Achava-se ali, diante dele, um hidrópico. 3Jesus, dirigindo a palavra aos
doutores da Lei e fariseus, disse-lhes: «É permitido ou não curar ao sábado?»
4Mas eles ficaram calados. Tomando-o, então, pela mão, curou-o e mandou-o
embora. 5Depois, disse-lhes: «Qual de vós, se o seu filho ou o seu boi cair a
um poço, 6não o irá logo retirar em dia de sábado?» E a isto não puderam
replicar.
Jesus aproveita a refeição em casa de um chefe
dos fariseus para reafirmar a subordinação da lei do sábado à lei do amor (cf.
Lc 6, 1-11; 13, 10-17) e evidenciar a redução hipócrita que dela fazem os
doutores da lei e os fariseus. Lucas sublinha como a atenção de todos está
centrada em Jesus: «todos o observavam» (v. 1b). É, mais uma vez Jesus que,
como no caso da cura da mulher curvada, toma a iniciativa. E levanta, Ele
mesmo, a controvérsia sobre a observância do preceito sabático, perguntando: «É
permitido ou não curar ao sábado?» (v. 3).
Realizada a cura, Jesus interpela, mais uma vez os seus interlocutores com uma questão retórica que tem subentendida a não observância escrupulosa da lei pelos seus adversários, quando nisso há interesse pessoal (v. 5). O silêncio (vv. 4ª.6), com que reagem às perguntas de Jesus, torna clara a incapacidade de impugnar os argumentos do Mestre e as insuficientes razões com que eles defendem a sua interpretação da Lei.
Realizada a cura, Jesus interpela, mais uma vez os seus interlocutores com uma questão retórica que tem subentendida a não observância escrupulosa da lei pelos seus adversários, quando nisso há interesse pessoal (v. 5). O silêncio (vv. 4ª.6), com que reagem às perguntas de Jesus, torna clara a incapacidade de impugnar os argumentos do Mestre e as insuficientes razões com que eles defendem a sua interpretação da Lei.
Meditatio
O amor de Deus, de que Paulo tanto fala na
carta aos Romanos, não exclui ninguém. É um amor oferecido a todos. A caridade
do Apóstolo também se dirige a todos, incluindo os seus irmãos de raça, que
tanto o fizeram sofrer. Os seus compatriotas fizeram-lhe oposição violenta,
perseguiram-no, como vemos no livro dos Actos dos Apóstolos e nas próprias
cartas de Paulo. Mas o Apóstolo não alimenta sentimentos de rancor ou de ódio
contra eles. Apenas deseja conduzi-los à salvação: «tenho uma grande tristeza e
uma dor contínua no meu coração», escreve, porque não crêem em Cristo, estão
separados dele. E chega ao extremo: «Desejaria ser amaldiçoado, ser eu próprio
separado de Cristo, pelo bem dos meus irmãos» (v. 3). Se estas palavras não
estivessem escritas no Novo Testamento, o sentimento que manifestam seria
semelhante a um grave pecado. Paulo não diz “desejo”, mas “desejaria”.
Desejaria ser amaldiçoado, separado de Cristo, ser anátema, se tal servisse
para facilitar a salvação dos seus irmãos. Na verdade, um desejo tão profundo
não separa de Cristo, mas une ainda mais a Ele, e aumenta a semelhança com Ele,
que aceitou sentir-se abandonado pelo Pai para salvar os seus irmãos pecadores.
No evangelho, Jesus expõe-se à crítica e à condenação para fazer o bem a um homem que sofre. A sua caridade não Lhe permite esperar pelo primeiro dia da semana. Actua, não como se tivesse caído um burro num poço, mas como se tivesse caído um filho. Este e outros actos de bondade e de misericórdia, realizados em favor dos que sofriam, serão a causa da sua condenação.
Encontramos, assim, nas leituras de hoje, dois exemplos de caridade muito profunda: o de Paulo, em favor do seu povo, e o de Cristo em favor de todos nós, que inspira o Apóstolo. A caridade de Cristo não tem limites. A caridade de Paulo, derramada pelo Espírito no seu coração, é idêntica à de Cristo.
Aprendamos a abrir o nosso coração ao amor de Deus, mas também ao amor do próximo. Peçamos ao Senhor que infunda em nós um contínuo sofrimento por causa da sorte de tantos homens, próximos ou longínquos de nós, que não crêem n´Ele, que não percorrem o caminho da salvação. Estamos no mês de Outubro, mês missionário!
No evangelho, Jesus expõe-se à crítica e à condenação para fazer o bem a um homem que sofre. A sua caridade não Lhe permite esperar pelo primeiro dia da semana. Actua, não como se tivesse caído um burro num poço, mas como se tivesse caído um filho. Este e outros actos de bondade e de misericórdia, realizados em favor dos que sofriam, serão a causa da sua condenação.
Encontramos, assim, nas leituras de hoje, dois exemplos de caridade muito profunda: o de Paulo, em favor do seu povo, e o de Cristo em favor de todos nós, que inspira o Apóstolo. A caridade de Cristo não tem limites. A caridade de Paulo, derramada pelo Espírito no seu coração, é idêntica à de Cristo.
Aprendamos a abrir o nosso coração ao amor de Deus, mas também ao amor do próximo. Peçamos ao Senhor que infunda em nós um contínuo sofrimento por causa da sorte de tantos homens, próximos ou longínquos de nós, que não crêem n´Ele, que não percorrem o caminho da salvação. Estamos no mês de Outubro, mês missionário!
Oratio
Senhor Jesus, que a dor de Paulo seja também a
minha. Não só em relação ao povo judeu, mas também em relação a todos aqueles
que não Te acolhem, ou ainda Te desconhecem. Ensina-me também a ver nos
cristãos separados o meu próximo mais próximo. Que todos sejamos um em Ti! Tu,
que por todos morreste e ressuscitaste, ensina-nos a afastar preconceitos e a
amar a todos como Tu amaste. Que todos escutemos as mensagens de salvação, de
fraternidade e de paz, que ecoam por todo o mundo. Amen.
Contemplatio
O Sagrado Coração é todo amor. Ele é somente
amor e misericórdia, dizia Margarida Maria. Revelou-se para nos testemunhar o
seu amor e para ganhar o nosso. «Nosso Senhor não tinha desejo mais vivo, diz o
decreto de beatificação de Margarida Maria, do que acender de todas as maneiras
nas almas dos homens, a chama desta caridade, pela a qual o seu Coração é
devorado: Vim lançar fogo à terra, tinha dito no Evangelho, e qual é a minha
vontade senão que ele se acenda? – Ora para tornar este fogo da caridade mais
activo quis que fosse estabelecido e que se propagasse na Igreja o culto e a
adoração do seu Coração santíssimo...». Manifestou o seu coração para reinar
sobre os corações dos homens ganhando-os ao seu amor. Desde a sua primeira
aparição a Margarida Maria, deu-lhe a conhecer que «o grande desejo que tem de
ser perfeitamente amado pelos homens tinha-o levado a formar o desígnio de lhes
manifestar o seu Coração». «O meu divino Coração está tão apaixonado de amor
pelos homens, diz, e por ti em particular, que não podendo mais conter em si
mesmo as chamas da sua ardente caridade, é preciso que as expande por meio de
ti». «Noutra vez, escreve a Bem-aventurada, estando diante do Santíssimo
Sacramento, num dia da sua oitava, o meu Deus, descobrindo-me o seu divino
Coração, disse-me: ‘Eis o Coração que tanto amou os homens que nada poupou, até
se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor’». Uma vez o divino
Salvador disse-lhe para olhar para a abertura do seu sagrado lado que era um
abismo sem fundo cavado por uma flecha sem medida, a do amor. Oh! Sim! Podemos
mergulhar neste abismo, e não encontraremos o fundo. Os santos sondaram-no de
todas as partes nas suas meditações. Consideraram o amor de Jesus na
Incarnação, na vida escondida, na Paixão, na Eucaristia, não encontraram limites.
(Leão Dehon, OSP 3, p. 53s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive a palavra:
«Bendito seja Deus pelos séculos!» (Rm 9, 5).
«Bendito seja Deus pelos séculos!» (Rm 9, 5).
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