18- DOMINGO
- Evangelho - Mc 10,35-45
O
Filho do Homem veio para dar a sua vida como resgate para muitos.
Este
Evangelho tem três partes: 1) O desejo de poder por parte de Tiago e João. 2) A
resposta de Jesus aos dois, referindo-se à sua paixão através das imagens do
cálice e do batismo. 3) A instrução de Jesus a todos sobre a autoridade como
serviço.
Tiago
e João queriam tomar a dianteira sobre os outros Apóstolos, o que suscitou a
indignação dos dez, devido à desleal competição. O pano de fundo é a esperança
em um messianismo político, que era comum a todos os judeus.
Jesus
se preocupa em doutrinar estes futuros guias do seu povo sobre a maneira como
deverão desempenhar as suas funções e sobre o sentido correto do poder e da
autoridade para todos.
Isto
é uma inversão do conceito de autoridade que o povo tinha, e continua tendo
hoje: ser autoridade é estar por cima.
É
interessante a progressão nos dois sentidos contrários: quanto mais poder, mais
abaixo dos outros: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser
o primeiro, seja o escravo de todos”. No pensamento do mundo, ser escravo está
abaixo de ser servo, assim como ser o primeiro está acima de ser grande. Para
Jesus é o contrário: aquilo que é inferior segundo o mundo é superior, e é o
melhor, segundo ele, e o que deve ser desejado por todos nós. O domínio, o
autoritarismo e a ambição de poder não têm lugar na Comunidade cristã.
E
Jesus lembra que os chefes das nações são preocupados em manter o seu poder
estando por cima, dominando e até massacrando os outros. Até hoje, poucas
pessoas entenderam e vivem esta mensagem de Jesus! É comum em nossas
Comunidades a sede de poder como estar por cima.
“O
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como
resgate para muitos”. Jesus não só ensina este paradoxal jeito de viver em
sociedade, mas dá o exemplo com a sua própria pessoa. Isto mesmo sabendo que
ele era o Senhor, e que o Pai tinha posto tudo nas suas mãos.
Na
última ceia, Jesus exemplificou esta nova maneira de exercer a autoridade
através do gesto de lavar os pés dos discípulos. E, para não haver dúvidas,
disse: “Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis
bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis
lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que façais assim como eu
fiz” (Jo 13,12-15). Isso é um apelo contundente a todos nós.
Imitando
Jesus, esse tipo de amor levará ao ponto de dar a vida, se necessário for. Que
nós, em nossas Comunidades cristãs, aprendamos essa lição do nosso Mestre.
As
culturas pré-cristãs inclusive sacralizavam o poder, colocando a autoridade
quase no lugar de Deus. Veja até que ponto chega o pecado humano! Mesmo entre
nós, muitos identificam o triunfo da Igreja com o Reino de Deus.
A
Comunidade cristã está a serviço do Reino de Deus no mundo. Ela não visa a
própria glória e triunfo, mas o crescimento da fé, da justiça, do amor e da
paz.
Certa
vez, um professor de faculdade deu aos alunos de um curso noturno uma tarefa
original: pediu que eles sorrissem para três pessoas, documentando as reações
delas, e apresentassem na próxima aula.
Uma
mulher casada, logo que chegou a sua casa, sorriu para o marido enquanto
tomavam um chá. Ele também fez a mesma coisa.
No
outro dia cedo, enquanto ela esperava o ônibus, viu que as pessoas se
afastavam. Olhando de lado ela viu dois homens maltrapilhos com forte cheiro de
quem não toma banho. As pessoas haviam se afastado deles. Em vez de se afastar,
ela se aproximou dos dois e um deles, de olhos azuis, olhou para ela com os
olhos cheios de luz, da Luz de Deus. Ela sorriu para eles afetuosamente e
disse: “Bom dia!” Percebeu que um deles, que ficava atrás do colega, tinha as
mãos trêmulas e sofria problemas mentais. A jovem mulher segurou suas lágrimas.
À
tarde, ao voltar do serviço, ela contou para os dois filhos a experiência e
sorriu para eles, que também sorriram para a sua mãe.
À
noite, ao voltar para a faculdade, ela entregou o relato ao professor, o qual
também sorriu e a parabenizou.
“Quem
quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o
escravo de todos”. Podemos servir as pessoas de muitas formas, a começar com o
sorriso.
Maria
Santíssima é chamada a mulher servidora. Ela sempre procurou servir e não
dominar ninguém. Seguindo o exemplo do Filho, ela nos mostrou que o amor é mais
forte que o domínio. Serva do Senhor, rogai por nós.
O
Filho do Homem veio para dar a sua vida como resgate para muitos.
Padre
Queiroz
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