29 de Outubro de 2015-Evangelho - Lc 13,31-35
Hoje encontramos a resposta de várias perguntas que ficaram abertas no domingo anterior. Será mesmo que Jesus veio para instaurar o ano da remissão das dívidas (cf. Lc 4,19)? O Senhor teria desejado realizar materialmente essa utopia? Parece que Lucas, o único evangelista que aborda este tema, quer dizer algo mais. Na sua descrição, ele reúne diversos elementos. A citação de Is 61,1-3, na boca de Jesus (cf. Lc 4,16-19), tem por quadro uma combinação de Mc 1,21 (ensino na sinagoga) e 6,1-6 (rejeição em Nazaré). Percebemos uma correspondência de teor teológico entre o versículo 19, “um ano agradável da parte do Senhor”, e o versículo 24 “nenhum profeta é agradável em sua terra”. A citação do “ano da graça” não é relacionada, por Lucas, com uma mera reforma social, mas com a pessoa de Jesus mesmo. Cristo anuncia o “ano agradável da parte do Senhor”, a encarnação dos dons de Deus para Seu povo, especialmente para os pobres e humildes (cf. Dt 15).
Mas o povo de Nazaré não recebe com agrado o
profeta que anuncia isso… Nazaré aplaude a mensagem do ano de remissão, mas
rejeita aquilo que o profeta em pessoa representa: a salvação universal. A
restauração dos empobrecidos é a porta de entrada da salvação universal, pois o
que é para todos tem de começar com os últimos, os excluídos.
A rejeição acontece mansamente e devemos admirar
novamente a arte narrativa de Lucas. Primeiro, o povo admira Jesus e as
palavras d’Ele. Mas sua admiração é a negação daquilo que o Messias quer.
Desconhecendo o “Filho de Deus”, tropeçam na sua origem por demais comum: “Não
é este o filho de José?” Jesus toma a dianteira prevendo que eles apenas
quererão ver Suas façanhas, como as feitas em Cafarnaum. Por isso, o Senhor
lança um desafio: Ele não é um médico para uso caseiro. Como nenhum profeta é
agradável à sua própria gente, a missão de Cristo ultrapassa os morros de
Nazaré. E insiste: Elias, expulso de Israel, ajudou a viúva de Sarepta, na
Finícia, e Eliseu curou o sírio Naamã… Os nazarenses, ciosos, não aguentam
essas palavras e querem jogá-Lo no precipício (uma variante do apedrejamento).
Mas Jesus, com a autoridade do Espírito, que repousa sobre Ele, passa no meio
deles e vai adiante…
Nazaré perdeu sua oportunidade, prefigurando
assim a sorte da “pátria” do judaísmo: “Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te foram enviados, quantas vezes quis eu reunir teus filhos…”
(Lc13,34-35) – “ Ah, se nesse dia conhecesses a mensagem da paz… Não conheceste
o dia em que foste visitado!”
Trata-se da visita de Deus a Seu povo e a Seu
santuário, que não foi “agradável”, “bem recebida”. Que a Palavra de Deus,
neste quarto domingo do tempo comum – tempo de amadurecimento na fé – nos leve
a acolher o Cristo na Sua totalidade. O grande sinal da presença do Altíssimo
em nós é a vivência do amor concreto por cada um de nós, pois nada possui valor
em nós se aí não existir a caridade. Caridade esta que não é sentimento – passa
pelos sentimentos – mas acima de tudo é decisão.
Padre Marcos Pacheco
Comunidade Canção Nova
Esse Padre (Marcos Pacheco) era bom demais! Pena que a "Santa Igreja Católica" o excomungou em 2018! Vejam: http://www.mitranh.org.br/noticias/46/decreto-de-declaracao-de-pena-canonica Espero que ele se torne um pastor presbiteriano.
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