27/10/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XXX Semana
- Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Romanos 8, 18-25
Irmãos: estou convencido de que os sofrimentos
do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós.
19Pois até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação
dos filhos de Deus. 20De facto, a criação foi sujeita à destruição - não
voluntariamente, mas por disposição daquele que a sujeitou - na esperança 21de
que também ela será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a
liberdade na glória dos filhos de Deus. 22Bem sabemos como toda a criação geme
e sofre as dores de parto até ao presente. 23Não só ela. Também nós, que
possuímos as primícias do Espírito, nós próprios gememos no nosso íntimo,
aguardando a adopção filial, a libertação do nosso corpo. 24De facto, foi na
esperança que fomos salvos. Ora uma esperança naquilo que se vê não é
esperança. Quem é que vai esperar aquilo que já está a ver? 25Mas, se é o que
não vemos que esperamos, então é com paciência que o temos de aguardar.
Justificados pela graça de Deus, por meio da
fé, no poder do Espírito Santo, tornámo-nos filhos de Deus, co-herdeiros com
Cristo. Esta é a nossa realidade actual. As consequências dessa realidade são o
que Paulo chama «a glória que há revelar-se em nós» (v. 18). A vida cristã
decorre entre um “já” e um “ainda não”. Este “já”, por vezes, é marcado por
diversas provações «os sofrimentos do tempo presente», dúvidas, angústias,
doenças… Mas, desde já, entrevemos um futuro de luz e de paz!
A própria criação partilha e vive esta tensão da humanidade e de cada um de nós: «até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (v. 19).
«Foi na esperança que fomos salvos», conclui o Apóstolo (v. 24). A nossa salvação “já” está adquirida, tal como a nossa filiação divina. Mas “ainda” devemos esperar, com paciência, a sua plena e definitiva realização.
A própria criação partilha e vive esta tensão da humanidade e de cada um de nós: «até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (v. 19).
«Foi na esperança que fomos salvos», conclui o Apóstolo (v. 24). A nossa salvação “já” está adquirida, tal como a nossa filiação divina. Mas “ainda” devemos esperar, com paciência, a sua plena e definitiva realização.
Evangelho: Lucas 13, 18-21
Naquele tempo, disse Jesus: «A que é
semelhante o Reino de Deus e a que posso compará-lo? 19É semelhante a um grão
de mostarda que um homem tomou e deitou no seu quintal. Cresceu, tornou-se uma
árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos.» 20Disse ainda: «A
que posso comparar o Reino de Deus? 21É semelhante ao fermento que certa mulher
tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar levedada toda a massa.»
Depois de se ter manifestado como senhor do
tempo, ao curar a mulher curvada em dia de sábado, Jesus manifesta-se como o
«hoje» da salvação que se realiza no amor. O reino de Deus está no meio de nós.
As duas parábolas do texto evangélico que escutamos hoje revelam-nos duas
características desse reino: a sua grande expansão e a sua força
transformadora.
Entre as várias narrativas parabólicas que Lucas coloca ao narrar a caminhada de Jesus para Jerusalém, apenas estas duas se referem ao reino de Deus. Esse reino tem uma grande expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos. Os modestos começos do ministério de Jesus têm um grande desenvolvimento: a sua palavra que ecoa no mundo inteiro e da qual todos recebem vida, é comparável à árvore cósmica de Daniel (4, 7ª-9), cuja imagem é evocada no crescimento do arbusto de mostarda (vv. 18s.).
Outra característica do reino de Deus é a sua força intrínseca, que realiza um crescimento qualitativo no mundo. Como um pouco de fermento escondido na massa inerte de farinha provoca o seu crescimento, assim o reino de Deus, pela evangelização animada pelo poder do Espírito Santo, transforma todo o mundo, sem qualquer discriminação.
Entre as várias narrativas parabólicas que Lucas coloca ao narrar a caminhada de Jesus para Jerusalém, apenas estas duas se referem ao reino de Deus. Esse reino tem uma grande expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos. Os modestos começos do ministério de Jesus têm um grande desenvolvimento: a sua palavra que ecoa no mundo inteiro e da qual todos recebem vida, é comparável à árvore cósmica de Daniel (4, 7ª-9), cuja imagem é evocada no crescimento do arbusto de mostarda (vv. 18s.).
Outra característica do reino de Deus é a sua força intrínseca, que realiza um crescimento qualitativo no mundo. Como um pouco de fermento escondido na massa inerte de farinha provoca o seu crescimento, assim o reino de Deus, pela evangelização animada pelo poder do Espírito Santo, transforma todo o mundo, sem qualquer discriminação.
Meditatio
Paulo abre uma maravilhosa perspectiva de
futuro à vida cristã: «estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente
não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós» (v. 18). É o dom
da esperança que nos ampara, no meio dos sofrimentos e lutas do caminho da
vida. «Foi na esperança que fomos salvos», diz o Apóstolo (v. 24). Fomos salvos
por Cristo morto e ressuscitado. Mas as consequências da salvação ainda não se
manifestaram plenamente em nós. A própria criação «se encontra em expectativa
ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (v. 19). A vida cristã decorre
entre um “já” e um “ainda não”. Entretanto, a acção redentora de Deus continua
a realizar-se no mundo, quase sempre de modo discreto, pelo que temos
dificuldade em a observar. O modo como o Reino cresce no mundo é descrito por
Jesus no evangelho com duas parábolas, uma para o homem e outra para a mulher.
Lucas gosta de anotar estas delicadezas do Senhor para com as mulheres. Isso
quer dizer que o Senhor convida todos, homens e mulheres, à paciência e à
esperança. O Reino de Deus parece coisa pouca, quase nada, mas encerra uma
força poderosa. O grão de mostarda mal se vê, mas encerra uma força vital que o
faz crescer até se tornar um grande arbusto, onde os pássaros podem poisar. O
fermento escondido pela mulher na farinha parece coisa pouca. Mas fá-la fermentar
e dá-lhe a capacidade de se tornar pão. O mesmo acontece na nossa vida: devemos
acolher o Reino, a Palavra, que é, como palavra, pouca coisa, ar em movimento,
mas que é capaz de transformar a nossa vida, desde que tenhamos paciência e
confiança. Paciência porque a transformação não acontece de um momento para o
outro; confiança porque sabemos que irá acontecer, graças ao poder de Deus em
nós. O Reino de Deus foi inaugurado pela presença, pela palavra e pelos actos
de Jesus. Mas só se realizará plenamente quando o Filho do homem entregar tudo
e todos a Deus, seu Pai. O “Reino de Deus” é uma realidade escatológica, de que
Jesus é uma antecipação e uma realização pessoal. Tudo o resto é apenas índice
e figura do Reino. Como afirma o Vaticano II, a Igreja é apenas «gérmen e
início do Reino de Deus» (LG 5). Aderindo totalmente e com alegria à Pessoa de
Jesus, contemplando o Lado aberto do Crucificado e o mistério do Coração de
Cristo, testemunhamos o primado do Seu Reino cf. Cst 13).
Oratio
Senhor Jesus, Tu és o verdadeiro fermento, que
quer levedar cada um dos homens, e a humanidade inteira, transformando-os em
Reino de Deus. Para isso vieste ao mundo, viveste a nossa vida e morreste por
nós. Para isso, quiseste ficar connosco na Eucaristia, até ao fim dos tempos.
Obrigado, Senhor Jesus! Que nos deixemos transformar por Ti, e nos tornemos
Contigo semente e fermento do Reino.
Não é fácil semear, como não é fácil amassar e fazer crescer a massa. Dá-me coragem para não desertar, dá-me força para perseverar, dá-me zelo para fazer florir o teu amor nos corações que ainda permanecem ázimos. Dá-me esperança para entrever, com os meus irmãos e irmãs, a tua glória. Amen.
Não é fácil semear, como não é fácil amassar e fazer crescer a massa. Dá-me coragem para não desertar, dá-me força para perseverar, dá-me zelo para fazer florir o teu amor nos corações que ainda permanecem ázimos. Dá-me esperança para entrever, com os meus irmãos e irmãs, a tua glória. Amen.
Contemplatio
É verdade que a presença sacramental de Jesus
em nós cessa com a dissolução das santas espécies; mas o Salvador permanece em
nós pela sua acção, pela sua influência vital, segundo a sua palavra tão
formal: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu
nele». Permanece em nós para nos transformar n’ Ele. Não se deve confundir a
vida e o alimento. A vida é um estado, o alimento é alguma coisa de passageiro.
O pão que comemos transforma-se na substância do nosso corpo. Traz-lhe uma nova
dose de vida e de forças. O mesmo na comunhão: Jesus o pão celeste, o Pão vivificante
deixe em breve de estar presente de uma presença terrestre e exterior; mas
permanece em nós e nós permanecemos n’ Ele de uma maneira toda celeste e muito
real; é o que se chama a presença espiritual de Jesus nos seus fiéis. Dura
tanto que pela sua fé e na união do Espírito Santo, permanecemos em Cristo. Há
esta diferença entre o alimento corporal e o alimento espiritual que, no
primeiro, é o pão que é transformado em nós; ao passo que, no segundo, somos
nós que temos a felicidade de sermos transformados em Jesus, tanto quanto o
permitam as nossas disposições e a nossa fraqueza. «Como o fermento, misturado
na massa, a levanta e a transforma, diz S. Cirilo de Alexandria, assim Jesus,
sob o véu da sua pequena hóstia, atrai a si o homem todo inteiro, para o encher
com a sua graça; e assim Cristo permanece em nós e nós n’ Ele» (Lv. 4). (Leão
Dehon, OSP 4, p. 247s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive a palavra:
«O Reino de Deus é semelhante ao fermento» (cf. Lc 13, 21).
«O Reino de Deus é semelhante ao fermento» (cf. Lc 13, 21).
Nenhum comentário:
Postar um comentário