29º DOMINGO DO TC 18/10/2012
1ª Leitura Isaias 53, 10-11
Salmo 32 (33) “Seja nos
manifestada, Senhor, a vossa misericórdia, como a esperamos de vós”
2ª Leitura Hebreus 4, 14 - 16
Evangelho Marcos 10, 35-45
ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM...
O dirigente de uma comunidade de
denominação cristã, deve ter sempre a prudência e sabedoria de Deus, para não
acabar incorrendo no mesmo erro dos apóstolos. A exortação rigorosa de Jesus
neste evangelho de São Marcos precisa soar constantemente aos nossos ouvidos:
“Entre vós não deve ser assim...”
Infelizmente, muitas comunidades
cristãs vão se tornando a cada dia que passa uma cópia autêntica das
instituições do mundo, onde o modo de viver das lideranças e ministros, destoam
do evangelho, porque se busca poder, prestígio, fama, sucesso e outras
honrarias.
Há certas distinções e
privilégios no seio da comunidade, que são uma verdadeira afronta ao evangelho
de Cristo. Em certas liturgias pomposas, o carisma que deveria traduzir-se em
serviço a favor dos irmãos e irmãs, acaba se tornando motivo de ostentação e
até estrelismo em alguns casos, pois desde os ministros até a equipe de
leitores, instrumentistas e cantores, ás vezes louva-se não a Deus, mas si
mesmo.
Não podemos como Igreja
anunciadora do evangelho, nos omitir e temos sim, de reconhecer, com o coração
dilacerado de dor, que esta é uma realidade dos nossos tempos, porque já não
basta termos perdido a capacidade de nos indignar diante da falsidade de muitos
políticos e homens públicos, ainda acabamos consentindo entre nós este grave
pecado.
Os apóstolos Tiago e João, que
posteriormente viriam a se tornar santos mártires, derramando o sangue por
causa do evangelho de Cristo, naquele primeiro momento não tinham ainda
entendido a proposta de Jesus com o seu reino novo.
Pois de maneira até ousada e
petulante, quiseram exigir dele os cargos mais importantes, sentando-se um à
sua direita e outro à sua esquerda, quando viesse o seu reino de glória. “Vocês
não sabem o que estão pedindo” –censurou-lhes o Senhor.
O cálice que Jesus Iria tomar
era amargo como fel e o Batismo que iria receber seria nas águas turbulentas da
rejeição e da humilhação. Tiago e João aceitaram tomar desse cálice e receber
esse batismo, mas realmente, naquele momento, continuavam sem fazer a menor
ideia do que aquilo iria significar em suas vidas.
Imaginavam um messias poderoso e
vencedor, imbatível e implacável contra os homens maus, mas as profecias de
Isaias já falavam de um homem esmagado pela dor e sofrimento; pensavam em ser
os primeiros, os mais importantes do grupo, para terem dos demais o prestígio e
o reconhecimento; mas Jesus ensina que devem se fazer escravos para servir a
todos.
Esperavam um messias dominador
que tomaria para si todos os reinados e impérios do mundo, e Jesus lhes
profetiza que o Filho do Homem entregará sua vida para resgatar a muitos, sua
preciosa vida, sua dignidade messiânica, suas prerrogativas de Filho do
Altíssimo, tudo em seu corpo seria esmagado na cruz do calvário, para trazer a
salvação àqueles que ele amou até o fim.
Jesus profetiza que os dois
discípulos um dia irão experimentar a amargura do cálice das tribulações,
rejeição, incompreensão e até a morte, passarão assim pelo Batismo de sangue,
derramado por causa do seu evangelho, mas mesmo que façam tudo isso, que
trilhem o mesmo caminho que ele irá trilhar, o lugar á direita ou a esquerda
depende unicamente do Pai. Esse lugar ao seu lado, no reino de Deus, já está
reservado aos homens que realmente acreditarem e mudarem a mentalidade e o
coração, por causa do Reino. Antes de ser uma conquista, esse lugar é dom de
Deus.
A reação dos demais, que ficaram
indignados com Tiago e João, mostra como todos ainda estavam longe de
entenderem a missão, a pessoa e os ensinamentos de Jesus, que com todo carinho,
amor e paciência, como um professor dedicado, percebendo que a classe ainda não
tinha aprendido a lição, vai repeti-la com muita calma, sem exasperar-se.
Eles sonhavam com prestígio e
poder no meio do grupo, Jesus fala em serviço. Quem quiser ser grande entre
vós, e ser o primeiro, seja o escravo de todos, porque o Filho do Homem não
veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos.
Assim, Jesus desmonta diante deles qualquer esquema de poder, não fala em
vitória, mas em fracasso e derrota, não fala em tomar e conquistar o mundo, mas
em dar a vida.
Comunidade cristã é por
excelência lugar de serviço, de dar a vida pelos irmãos, de entregar-se a
serviço do evangelho de Cristo, com toda coragem e desprendimento. Esse modo de
se viver na comunidade, sempre representa a perda de algo. Quantos desistem no
meio do caminho e cheios de mágoa desabafam: “Perdi meu tempo”.
Dar a vida é dar o nosso tempo
que é tão precioso, porém não o façamos almejando ganhar algo, mas sim para
imitar o Nosso Mestre e Senhor, Jesus de Nazaré, aquele que não é um Deus
distante, mas que sabe compadecer-se de nossas dores e fraquezas, como afirma o
apóstolo Paulo na segunda leitura dessa liturgia, porque ele foi provado em
tudo como nós, à exceção do pecado.(Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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