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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Tu és sacerdote eternamente-Claretianos

Domingo, 25 de Outubro de 2015

Tema: Trigésimo Domingo do Tempo Comum

Jeremias 31,7-9: Guiarei entre consolos os cegos e os coxos
Salmo 125: O Senhor esteve conosco e por isso estamos alegres
Hebreus 5,1-6: Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec
Marcos 10,46-52: Mestre, que eu veja!
46Chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu.47Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, filho de Davi, em compaixão de mim!"48Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: "Filho de Davi, tem compaixão de mim!"49Jesus parou e disse: "Chamai-o" Chamaram o cego, dizendo-lhe: "Coragem! Levanta-te, ele te chama."50Lançando fora a capa, o cego ergueu-se dum salto e foi ter com ele.51Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: "Que queres que te faça? Rabôni, respondeu-lhe o cego, que eu veja!52Jesus disse-lhe: Vai, a tua fé te salvou." No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.

Comentário

O libro de Jeremias mostra um aspecto da manifestação de Deus que não estamos acostumados ver: a ternura. Deus nos ama sem se importar se vamos pela vida como cegos ou coxos, isto é, se a duras penas podemos caminhar ou se apenas vamos o pressentimos por onde vamos. Deus nos ama, quer estejamos em um estado de vulnerabilidade ou debilidade absoluta, com o pode estar uma mulher grávida ou uma mãe que acaba de dar à luz sua filha. Deus nos ama inclusive se fugimos dele e nos refugiamos no último confim da terra. E a razão desse amor não é outra coisa que a de sentir que somos filhos seus, a de ter-nos engendrado pro seu amor, a de fazer-nos participantes de seu reino. Uma das insistências de Jesus era a de viver a experiência amorosa de Deus como a essência sobre a qual se funda e funde nossa vida, e não porque isso estivesse em sintonia com a sensibilidade religiosa de seu tempo.
O salmo combina com a primeira leitura e nos mostra como a magnificência de Deus consiste no resgate e redenção de seu povo. A experiência do exílio já não é a de viver em uma país estrangeiro, mas a de sentir que nenhum lugar do mundo é estranho ao projeto transformador de Deus.
A segunda leitura, da carta aos Hebreus, afirma e confirma essa dimensão do poder de Deus manifestado como compaixão e misericórdia. Jesus consagra nossa vida a Deus por meio de sua vida e sua palavra. Ele redime nossas faltas e nos encaminha por uma experiência na qual convertemos em fortaleza nossas sempre presentes debilidades humanas. Ele nos oferece um caminho de redenção que supera o puro preceito religioso, a simples justificativa sentimental ou o vazio racionalismo abstrato. Deus é o que chama e nós somos quem podemos responder-lhe. Já não queremos um guru ou um especialista em religião, mas um irmão ou uma irmã que caminho conosco e nos ajude a realizar essa vocação pela qual nos tornamos cristãos.
O evangelho de Marcos narra a cura do cego Bartimeu, o último “milagre” de Jesus narrado por Marcos. Tradicionalmente essa passagem foi incluída no gênero do “milagre”, porém, se examinada bem de perto, carece de alguns elementos típicos desse gênero, como por exemplo a gesto de cura ou a palavra que salva. Estamos, antes, ante um relato baseado talvez em um fato histórico, mas que quer acentuar a importância da fé como fundamento do discipulado.
O relato, na sua sobriedade, está “carregado de detalhes”, que, sem dúvida, foram colocados no relato com uma segunda intenção, a de facilitar uma interpretação e aplicação concreta. Marcos indica o lugar onde o episódio acontece: na saída de Jericó, a cidade das palmeiras, em meio ao deserto de Judá, a porta de entrada da terra prometida (cf Dt 32,49; 34,1), passagem obrigatória para os peregrinos que vinham da Galileia pelo caminho do Jordão, a Jerusalém, cidade da qual dista mais de 30 quilômetros. A Jericó do tempo de Jesus estava situada ao sudoeste da mencionada no Antigo Testamento. Havia surgido em torno da luxuosa residência de inverno, construída por Herodes.
Há, além disso, uma alusão explícita, ainda que um tanto genérica, ao nome grego: Bar-timeu, o “filho de Timeu”. Mateus e Lucas não mencionam esse detalhe. Junto com o de Jairo, é o único nome próprio que aparece em Marcos, antes de iniciar o relato da paixão. Alguns pensadores afirmam que isto é devido ao fato de que provavelmente este homem tenha pertencido à comunidade cristã palestinense.
O protagonista é um homem cego, duplamente pobre, portanto. Levítico 19,14, Dt 27,18; Is 59,9, são textos que nos ajudam a compreender a situação dos cegos em Israel. A liturgia estabeleceu um nexo entre este evangelho e a primeira leitura de Jeremias porque
Em ambos os casos se fala de um acontecimento alegre para os cegos.
O diálogo começa com um pedido de Bartimeu, com ressonâncias veterotestamentário (cf Os 6,6) e que a liturgia eucarística incorporou no ato penitencial: “Tem compaixão de mim”. O pedido vai precedido por um título messiânico de filho de Davi. Esta é a única vez que aparece este título no evangelho. Posteriormente o cego o chamará “rabbuni” (termo que costumamos traduzir por “mestre” e que no original de Marcos não está traduzido).
O povo pede para que se cale e não incomode o mestre. Esta ordem não tem nada a ver com o segredo messiânico, típico de Marcos, já que aqui quem manda calar não é Jesus, mas o povo. Quando o cego fica sabendo que Jesus o chama, “soltou o manto” e, de um salto, se aproximou de Jesus. Este detalhe aparece também em 2Reis 7,15. É uma maneira de indicar o interesse que o acontecimento produz
O diálogo posterior é narrado de uma maneira esquemática: pergunta (que queres que eu faça por ti?), pedido (Mestre, que eu veja) e a resposta (anda, tua fé te curou). Como já foi indicado, faltam o gesto e as palavras de cura. O acento recai na força da fé. Esta é a que permite passar da treva à luz, da beira do caminho ao interior do caminho, da passividade de quem mendiga à atividade de quem segue a Jesus até o final.

Hoje se fala muito das terapias curadoras através da medicina natural, das técnicas psicológicas, das tradições budistas, dos fluxos de energia... e dos problemas psicossomáticos, curados de um modo também psicossomático. Os milagres se apresentam e aparecem muito mais explicáveis, muito mais do dia a dia. A vida está cheia de “milagres” para quem sabe leva-la, por quem a vive com coragem e fé. A inteligência emocional, a inteligência ecológica, a inteligência espiritual, o holismo, a sinergia… nos transladam a um “realismo mágico”, nada inacessível. A fé move montanhas já o disse Jesus. Os milagres de nossa fé não têm por que ser milagres-milagres, estritamente sobrenaturais.... Ao menos, muitos dos milagres de Jesus de Nazaré parecem não ter sido, e os nossos de hoje é ainda mais difícil que o sejam. Talvez necessitemos simplesmente “educar os olhos” com essa inteligência emocional, ecológica, espiritual (não em uma visão linear que nos educaram no velho paradigma), e voltar a lançar mão da fé, da coragem de existir.

Oração

Ó Deus, Pai de bondade, que nos criaste para caminhar, para sair ao encontro dos demais e de ti e que abres para ele diante de nós o caminho que devemos percorrer. Nós te pedimos que ilumines nossos olhos para que possamos caminhar sem tropeço e ajudar a caminhar em direção aos demais. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém


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